Capítulo 19

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Christian Grey

Hoje voltei ao trabalho depois de ficar em casa me recuperando do incidente. Reuni todos na sala de reuniões, explicando o ocorrido daquele dia e acalmando qualquer susto que todos tiveram. Mas notei uma diferença na expressão de Andrea, minha secretária, parecia estar assustada e nervosa quando mencionei sobre o ocorrido, arregalando os olhos ao escutar que mandei investigar quem é o responsável pela tentativa de envenenamento contra mim.

Ros ficara o tempo todo comigo repassando toda a agenda da semana que vem e os relatórios da reunião de ontem, alguns documentos e uma pauta de duas reuniões demoradas que iremos ter. Tem dia que me sinto esgotado demais por levar uma empresa tão grande nas costas, sendo um homem muito jovem.

- Senhor Grey, a sua amiga Cindy está aqui – diz Andrea e a fuzilo com o olhar.

- Pode deixá-la entrar – digo e ela faz menção de fechar a porta, quando a chamo – Andrea, antes gostaria de falar com você.

Ela franze o cenho e se senta na cadeira de frente para mim. Encosto na minha mesa, encarando ela.

- O que o senhor gostaria de falar comigo? – pergunta ela.

- Quero saber o porquê do nervosismo grande na sala de reuniões, Andrea – digo seco – E não minta para mim ou disfarce, porque sei reparar bem em cada gesto das pessoas.

- Eu só fiquei apavorada com o que aconteceu com o senhor – diz ela e sorri forçado.

Sinto cheiro de uma grande mentira no ar. Me aproximo dela e jogo um olhar ríspido.

- Não adianta me fazer de idiota ou sequer tentar forçar um sorriso. Você é muito bem paga para fazer o que mando aqui dentro – digo em tom passivo – Mandei toda uma equipe investigar quem fez isso e se caso estiver envolvida nisso, espero que já tenha pedido sua demissão antes que chegue algum resultado em minha mesa. Eu fui claro, Andrea?

- Sim, senhor – diz ela pigarreando.

- Agora se retire da minha sala e peça para Cindy entrar – ordeno e ela sai em passos rápidos.

Eu não duvido que Suzannah tenha a ver com o ocorrido, pois aconteceu depois daquela discussão horrível que tivemos em meu escritório. Muita sujeira foi colocada para fora em formas de palavras e lembro que Ana estava comigo e Andrea tinha me trazido o copo de água.

- Vai queimar os neurônios de tanto pensar, Grey – disse Cindy, me tirando dos pensamentos.

- Que bom te ver, Cindy – digo e lhe dou um beijo na bochecha – A que devo a honra da sua visita?

- Bom, precisamos conversar um pouco. Sobre você e Ana – disse ela e a olhei com o cenho franzido – Ontem eu e a Kate notamos que ela estava muito diferente, parecia que havia chorado antes de chegar em casa. Está tudo bem, Christian?

- Não há nada de errado, Cindy. Ana nunca foi de chorar quando está comigo – digo e começo a me preocupar. O que Ana tem?

Cindy ri baixinho da minha confusão e aperta meu ombro.

- Me fale como se sente perto de Ana – pede ela e respiro fundo.

- Eu me sinto um homem puro, Cindy – começo a falar – Quando estou com ela, não tenho pesadelos ou sequer penso em todo sofrimento que tive na vida. Ana me faz ter vontade de mudar. Querer ter alguém em quem confiar. Sei que sou um lixo de homem.

- Você não é um lixo, Christian – diz Cindy – Apenas um homem que sofreu muito quando criança e com a primeira paixão. Simples. E com a Ana você não tem necessidade de lutar contra o passado frio e sim de querer ser algo melhor.

- É. Ela é uma mulher e tanto – digo e sorrio.

- Você se deu conta de que ama ela, Christian? – pergunta Cindy e meu coração para. O ar foge dos meus pulmões – Vocês dois não conseguem prestar a atenção em volta quando estão curtindo a presença um do outro.

- Impossível, Cindy. Seria errado – digo assustado.

- Não é e nunca vai ser – diz ela – É do que vocês precisam: curar as feridas. Basta ficarem juntos. Você ama ela, Christian.

Ontem, depois do jantar, Ana parecia me pedir algo mais em seus olhos e pude ser capaz de fazer amor com ela. Ah! Anastasia. Cindy está certa: eu a amo e meu coração pede que não fuja desse sentimento. É tão bom!

- Cindy, você consegue desvendar algo tão profundo – digo e ela sorri convencida – Obrigada pela paciência que tem comigo.

- Vem cá, Grey – ela diz e me dá um abraço confortante, acariciando minhas costas.

Nem sei o que faria se Cindy não tivesse em minha vida. Só ela soube me entender quando contei a ela tudo sobre mim, meu passado e a parte do quarto de jogos. No começo foi assustador para ela, mas depois soube me compreender e até deu alguns conselhos.

Tão estranho saber que amo alguém e ela ser uma mulher especial.



Ana Steele

Kate passou a manhã toda conversando comigo. Acordei quando não senti mais o peso de Christian sobre mim, isso era em torno de umas 5 da manhã, e não consegui pegar no sono mais. Fiquei deitada na cama, embaixo da coberta, pensando em todo esse sentimento recém descoberto. As lágrimas teimavam em sair, aliviando o meu coração de todo esse peso frustrante.

Trabalhei meio período na SIP e voltei para casa logo após o almoço. Kate não estava quando cheguei, então preparei um sanduíche leve para mim e um copo de suco de laranja. Fiquei vendo um pouco de TV, esperando ao menos uma mensagem de Christian hoje, que voltou ao trabalho depois de uma breve descanso em casa.

A campainha do apartamento toca e vou atender.

- Olá – cumprimenta Grace e me surpreendo que esteja aqui – É Ana seu nome, não é?

- O que a senhora está fazendo aqui? – pergunto passiva e não demonstro emoção ao vê-la.

- Ainda está com raiva. Eu compreendo – diz ela – Eu posso entrar?

- Sim – respondo e dou espaço para que entre – Quer beber alguma coisa?

- Não, obrigada. Só quero conversar – disse ela e se sentou no sofá.

Faço companhia a ela e procuro ser bem cética. Vejo que está mesmo arrependida pelo o que aconteceu.

- Tudo bem, Grace. Vamos direto ao ponto, por favor – digo e ela sorri compreensiva.

- Quero lhe pedir perdão pelo tapa que te dei no hospital, Ana. Sendo que devo lhe agradecer por ter socorrido meu filho – diz ela e respira fundo – Eu perdi a noção do que estava fazendo e acabei te culpando do que, na realidade, nem é capaz de fazer.

- Grace, você cometeu uma injustiça muito grande comigo e ainda me sinto magoada pelo tapa que me deu. Aquilo feriu mais do que qualquer palavra – digo – Fiquei apavorada, como todos, quando vi Christian passar mal daquele jeito na minha frente.

- Você ama meu filho, Ana – diz ela emocionada e desabo em um profundo choro.

- Eu o amo, Grace. De todo coração. Amo de verdade – confesso e ela me abraça. Um abraço maternal e de pedido de desculpa.

- Obrigada, meu bem – agradeceu ela e beijou minha testa – Me perdoe, Ana. Eu fui uma mulher injusta.

- Você é mãe. Se fosse meu filho, eu também não seguraria meu nervosismo – digo e lhe dou um sorriso confortante.

Passamos horas conversando e trocando confidências, como amigas de infância. Grace é uma mulher aberta, jovial e esplendorosa. A mulher que quero ser no futuro. 



[Nota Final Autora: Olá amores do Grey... espero que tenham gostado da leitura. 

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Deve ter sido o acasoWhere stories live. Discover now