Capítulo 8

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Christian Grey

Cheguei ao restaurante pouco antes do esperado, mas decidi não mandar mensagem para Anastasia pedindo que viesse rápido e então fiquei esperando tomando uma boa dose de whisky. Não gostava muito de bebida destilada, porém tomava raramente para relaxar.

Fiquei olhando no relógio o tempo todo até que vi Anastasia adentrar no lugar acompanhada de uma moça, elas riam de alguma coisa. Quando chegaram mais perto, reconheci ser uma amiga que não via há meses: Cindy.

- Boa tarde, senhoritas – disse e Ana me cumprimentou com um selinho.

- Boa tarde – respondeu Anastasia.

- Quanto tempo, Cindy – disse e ela me jogou um olhar bravo, deu um tapa na minha nuca.

- Quanto tempo é o caralho, Grey – berrou ela – Você que fica preso nessa vida boa e nem liga mais para o Blade combinando nossas saideiras – repreendeu-me ela e ri esfregando minha nuca. Agora tinha Anastasia na jogada, pelo que percebo as duas se deram muito bem.

Conheci Cindy quando o noivo dela, Blade Kurt, trabalhou comigo em um planejamento de caridade. Até que não foi ruim contemplar uma amizade tão boa quanto a deles dois, Cindy principalmente está sendo mais uma irmã de coração quando precisava conversar e foi muito difícil contar a ela tudo que se passava comigo. No começo ela foi ríspida e não aceitou muito bem, mas depois se mostrou preocupada e colocou sua opinião quanto a vida que levava.

Contei sobre Suzannah, no tempo que eu achava me sentir feliz e logo veio o trágico dia que mudou muitas coisas. Cindy quase acabou com a raça de Suzannah quando viu a cena, mas entrei no meio para evitar o pior.

- E então como foi o dia de ambas? – perguntei calmo e Cindy riu batendo a mão na testa.

- Tirando a parte que o nojento do meu chefe tenta dar em cima de mim, foi bom – disse Anastasia e meu sangue começou a ferver de raiva. Esse Hyde pensa que pode com tudo!

- O meu foi chato demais. Com Blade viajando fico sozinha no apartamento depois que chego do trabalho – diz Cindy. Ela era uma pessoa bem reservada e não tinha muitas amigas – E o seu, traste sumido?

Ri do apelido bravo que Cindy colocou para mim.

- Como sempre, cheio de relatórios e pautas de reuniões – disse e as duas se olharam, revirando os olhos.

- Que vidinha mais sem graça, Grey – desafiou-me Anastasia e Cindy abafou um riso com a mão.

O garçom trouxe três taças e nos serviu o vinho que havia pedido assim que cheguei. Terminei o meu copo de whisky e coloquei na bandeja do rapaz, agradeci pelo serviço e foi embora.

- Quando ia me contar que conheceu essa vaca aqui? – perguntou Cindy apontando para Anastasia, que a fuzilou com o olhar.

- Bom, eu e Anastasia nos conhecemos no Lori's Bar. Estava acompanhada do meu irmão e da Kate, namorada dele – contei – Kate e Ana dividem um apartamento aqui em Seattle e as duas se formaram juntas na WSU.

- Ah! Que interessante – disse Cindy – Aposto que transaram horas mais tarde.

Anastasia engasgou com o vinho e perdeu o ar, bati em suas costas assoprando seu rosto. Cindy ria descontroladamente, até ficar com a face arroxeada.

- Anda nos espionando, vadia? – pergunta Anastasia enxugando as lágrimas com o lenço que emprestei.

- Eu não. Mas sei que esse ai – aponta pra mim – tem o pênis poderoso demais e cheio de fogo.

Pigarreei querendo mudar de assunto.

- Então, você é formada em que Cindy? – pergunta Ana e observo as duas conversarem.

- Em Letras. Sou professora de Inglês – respondeu Cindy e ela riu – Foi boa a transa?

- Deus. Cindy você deveria manter essa língua grudada dentro da boca – disse – Vou ligar para o Blade para te dar um jeito.

- Pode ligar o quanto quiser, mas não vou deixar de tirar uma com a sua cara jamais. Christian Grey – disse ela afiada e Anastasia ria descontroladamente.

Escolhemos os pratos no menu. Cindy preferia uma salada e Ana um filé à parmegiana, escolhi o de sempre: macarronada ao molho rose cremoso. Permanecemos quietos por um tempo, observei bem a expressão preocupada de Cindy e algo que estava incomodando ela.

- Fale o que está havendo Cindy – pedi calmamente. Ela hesitou por um momento, olhando Anastasia.

- Suzannah voltou para Seattle – disse ela e por um momento meu coração disparou, o meu corpo sentiu um calor fora do normal e meu ar parecia fugir dos pulmões.

Afrouxei a gravata, abrindo os botões da minha camisa e tudo a minha volta girava, perdia o foco. Como assim? Aquela mulher está de volta?

- Christian, fala comigo – ouvi Anastasia me chamar e olhei em pânico pra ela – Você está pálido. Meu Deus. Respire, Christian.

Anastasia pressionou meu peito e levantou meu queixo. O ar parecia estar comprimido, o suor escorria por minha testa.

- Christian, me perdoe – pediu Cindy e veio para meu lado. Ela abriu minha camisa, deixando todo meu peito a mostra – Ana faça uma massagem.

Arregalei os olhos assustado. Não. Não. Por favor, não me toque.

Ana massageou meu peito e meus olhos tremiam, quase fechando. Comecei a puxar o ar com dificuldade, quando o garçom traz um copo de água e deixa em cima da mesa. O toque de Ana relaxou meus músculos, causando um arrepio bom e aos poucos fui voltando.

- Quer que chame uma ambulância, senhorita? – perguntou o moço.

- Não será necessário. Obrigada – disse Cindy e ele voltou ao serviço.

Passei a tomar água e relaxei.

- O que está havendo, Christian? – perguntou Anastasia frustrada – Você quase desmaiou ao ouvir o nome dessa mulher.

- Anastasia, podemos conversar sobre isso no meu apartamento ou no seu. Não gosto de falar sobre isso aqui – disse e olhei para Cindy – E como você soube disso? Desde quando?

- Há algumas horas atrás. Estava andando quando vi ela falando algo com a Anastasia – contou Cindy – Escutei ela dizendo que estava observando Ana durante algumas semanas.

- Nunca suspeitei de ninguém me vigiando, muito menos que ela sabe o meu nome – disse Anastasia confusa.

Suzannah voltou há algumas semanas para cá, vigia Ana e está prestes a causar muita confusão na minha vida novamente. Impossível que toda a segurança que coloquei para ver se Anastasia corria perigo não viu nada de diferente.

Meu passado voltou para me condenar e Anastasia agora viveria com as consequências sendo inocente.

- Christian, é melhor que Ana saiba quem é ela – aconselhou Cindy – Eu continuarei defendendo vocês e ajudando no que for preciso.

- Obrigado Cindy – agradeci e olhei para Anastasia – Vamos conversar no seu apartamento, se Kate não se importar.

- Tudo bem – confirmou Ana e os nossos pratos foram servidos.

O almoço foi em silêncio depois dessa bomba. 

Deve ter sido o acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora