Capítulo 25

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Christian Grey

Não conseguia parar de rezar, ainda mais eu que jamais permiti ter fé em algum momento da vida, chorava desesperado por não saber de notícias de Ana e já se passaram horas desde que chegamos ao hospital. Liguei para todos da minha família, de Ana e Blade ficou sabendo por Cindy sobre o incidente no apartamento.

- Christian – gritou Carla, a mãe de Ana ao entrar na sala de espera e me levantei. Logo a senhora Steele se atarracou em meus braços e a confortei – A minha filha não pode morrer. Ela é a única coisa que tenho no mundo. Deus tem que permitir que ela saia viva, Christian.

- Se acalme, senhora Steele – digo tentando parecer melhor – Ana é uma mulher forte e vai conseguir viver. Nem que para isso deva morrer no lugar dela.

- Não. Por favor – diz a senhora Steele chorando – Ela te ama demais pra te deixar ir dessa maneira. Não quero ficar sem você, sem ela. Não quero. Não aceito

- Isso não vai acontecer, senhora Steele – digo e continua me abraçando por mais alguns segundos – Kate, pegue um copo d'água para a mãe de Ana, por favor – peço e a faço sentar na cadeira. Ray Steele, pai de Ana, abraça o corpo da mulher e os dois choram juntos rezando pela vida da filha deles, que por minha causa, corre risco grande em uma mesa de cirurgia.

Saio da sala de espera, tentando aliviar um pouco minha cabeça para momentos felizes que Ana e eu vivemos até chegar ali. Seu sorriso jovial e inocente, sua pele cheirosa, sua forma de amar, o carinho bondoso e a alma tão pura e tudo isso estava se ruindo pelo silêncio da notícia. Eu precisava vê-la, ao menos pela última vez se for o caso, tocá-la e deixar que sinta minha presença ao seu lado.

Quantas vezes eu me perdia do rumo que eu caminhava e achava que a vida não tinha objetivos para mim? Ana veio e me fez enxergar o que sou de verdade, o homem que estava perdido em mim e nunca foi revelado. Ela é o amor da qual preciso e a cura de todas as minhas feridas abertas.

Começo a chorar, pela primeira vez, com o medo escuro de saber que aos poucos vou perdendo-a para sempre. Ah! Ana, não vá por favor.

Sinto uma mão suave em meu ombro e minha mãe aparece em minha frente, ela me abraça e não resisto ao seu colo que há anos não tinha. Nunca havia estado tão perto dela, a mulher que me adotou e salvou de todo o mal que me fizeram.

- Mamãe... a Ana.... – desabo a chorar sem conseguir falar.

- Eu sei, meu amor – diz ela também chorando – Shiu! A mamãe está aqui com você – falou como quando eu era criança e me acordava dos pesadelos.

Grace acariciava meus cabelos e meu rosto, enquanto deixava eu chorar em seu colo. Meu peito doía, meus pulmões faltavam ar e eu implorava que não viessem pior notícia.

- Eu vou tentar ver se algum médico tem notícias da Ana, tá bom? – diz minha mãe e beija minha testa, saindo de perto de mim.

Sento ao lado do meu pai e Mia logo me abraça, passando calma e meu ombro recebe o acalento de Carrick. Tão bom receber força das pessoas que amamos nesse momento de tensão e tristeza.

Vejo Cindy e Blade chegarem de mãos dadas e se aproximam de mim. Levanto para cumprimentar meu amigo, e ele me passa energia positiva como se fossemos irmãos de outra mãe.

- Ana vai sair dessa, amigo. Tenha pensamentos positivos e logo logo iremos tomar uns drinks – diz Blade e consigo sorrir um pouco.

- Obrigado por estarem aqui – agradeço a eles e volto a sala de espera.

Todos abraçados e quietos, esperando que alguém pudesse nos avisar de alguma coisa e noto que fazia alguns minutos que minha mãe havia ido procurar novidades sobre a cirurgia de Ana.

- Senhor Steele, a minha mãe foi procurar saber de notícias de Ana – aviso ao pai de Ana.

- Obrigado, rapaz – agradece ele tentando soar calmo.

Minha mãe entra na sala junto com o médico e vejo o olhar triste dela.

- Familiares da senhorita Steele – diz o médico e todos se aproximam. Kate e Elliot pousam ao meu lado – A cirurgia terminou tem 5 minutos e venho informar a todos sobre o estado em que ela se encontra.

- Seja sincero e diz tudo, doutor – pede a mãe de Ana chorando muito.

- A cirurgia foi bastante tensa e delicada, a bala passou de raspão no coração e por pouco ela não se salva – informa o médico – Durante a cirurgia, a senhorita Steele teve duas paradas cardíacas e sangrou muito. Conseguimos salvá-la por um fio, fazendo transfusão sanguínea e parando a cirurgia. Mas sinto em dizer que...

- Fale. Por favor fale de uma vez – pede Ray entrando em desespero.

- A senhorita Steele entrou em coma – informa o médico – Está estável, mas corre risco de não acordar.

- Não. Não, meu Deus – grita Carla e cambaleia para os braços do marido.

Kate e Elliot me abraçam, me dando esperanças e força.

- Eu quero vê-la, doutor – imploro – Faço o que quiser, mas deixe-me vê-la.

- Senhor Grey, neste momento não recomendo que faça visitas – diz o médico – Aqui no hospital só permitimos visitas na UTI depois de 48 horas.

- Por favor, doutor. Meu irmão está desesperado e muito nervoso – diz Mia – Deixe-o que veja a namorada. Pelo menos por alguns minutos.

O médico se abala com o meu estado e sorri simpático, cedendo ao pedido da minha irmã.

- Está bem. Mas só posso liberar por 5 minutos – diz ele – Me acompanhe, por favor.

Sigo o doutor pelos corredores do hospital e vejo muitas pessoas em cadeiras de rodas, tomando soro e outra desesperadas pelo ente querido mal em cima de um leito. Um tremendo filme de horror. Aquele cheiro de éter, me causando mal-estar.

Passamos por outra porta que vai diretamente a UTI, vejo enfermeiros correndo com uma maca e pessoas entrando em seus quartos.

- É aqui, senhor Grey – diz o médico e ele libera a minha entrada. Recupero meu fôlego, fecho os olhos e entro porta a dentro do quarto.

O que vejo é uma maca no meio do quarto aonde repousa o corpo dormente de Ana e aparelhos ligados nela, denunciando seus batimentos cardíacos e um tubo em sua boca enviando oxigênio pelo seu corpo.

Ela está tão frágil, desprotegida e cheia de fios ligados para que sobreviva, o rosto pálido e a pele tão fria. Parecia um daqueles horríveis pesadelos, aonde vejo todo o chão desabar sob meus pés e todo o claro do dia desaparecer.

Pego sua mão pequena e beijo com carinho, sentindo a frieza que não é dela.

- Ah! Ana – permito chorar novamente – Baby, vai ficar tudo bem. Você salvou a minha vida, arriscando a sua no lugar e agora estamos aqui nesse quarto horroroso de hospital, você nessa cama imóvel e eu acordado sofrendo por ter quase te perdido para sempre.

Enxugo minhas lágrimas e acaricio seu rosto.

- Desde que você entrou na minha vida, soube me mostrar quem sou eu de verdade, me ajudou a enfrentar meus pesadelos e medos. Despertou o sentimento mais puro em mim: o amor – declaro a ela aos prantos – Não me arrependo de ter entrado no seu mundo maravilhoso e cheio de sonhos. Porque você é o que de melhor aconteceu em toda minha vida, Ana. Eu te amo

Beijo seu rosto e sinto que suas lágrimas correm. Choro ainda mais por ver que ela me ouve, sente minha falta e está lutando para que volte a nossa realidade.

- Não me deixe. Eu preciso de você, baby – confesso com a voz embargada. Deito meu rosto perto do seu e permito rolar as lágrimas necessárias, por ela e por nosso amor. 

Deve ter sido o acasoWhere stories live. Discover now