Visitando um templo

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Então, ele sai dos seus pensamentos quando o Faraó fala:

- Você irá naquela liteira ao lado da minha.

O jovem fica boquiaberto e demora em compreender as palavras até que exclama com visível surpresa em seu semblante, pois, era algo demasiadamente inesperado:

- Uma liteira para mim?!

- Sim. A minha é mais luxuosa por ser o Per'a'ah. A sua é um pouco mais simples e no mesmo padrão dos nobres de status mais elevados. É uma distância considerável até o ḥwt-nṯr (templo).

- Eu achei que ia caminhar junto dos outros.

- Não. Você usará uma liteira.

Ele consente e sobe, sendo que sentia pena das pessoas que os carregavam, assim como da comitiva que os seguiam e que era composto de servos, carregadores e soldados, com estes franqueando os palanquim.

O monarca fala ao ver o semblante de pesar do seu amado:

- É a tradição. Eu sou uma divindade dentre eles e por isso, é necessário todo esse luxo e pompa sempre que eu saio do palácio. Inclusive, todas as artes presentes em todo o lugar, assim como os afrescos e esculturas, são feitos em meu louvor.

Yuugi consente, sendo que compreendia cada vez mais a cultura distinta daquela sociedade considerando a cultura de onde ele veio.

Conforme se afastavam, dois gatos peludos o observavam a distância, enquanto seguiam discretamente a liteira do jovem. O casal havia ficado feliz ao encontrá-lo, para depois, decidirem que iriam se aproximar dele em um momento mais oportuno, pois, quando o encontraram, o adolescente estava junto do governante daquele império.

Por enquanto, eles decidiram vigiá-lo, sendo que a distância era suficiente para defendê-lo, caso fosse necessário algum curso de ação.

O adolescente decide usar o tempo na liteira para conversar mentalmente com a sua amiga:

"Yukiko?"

"Oh! Yuugi-kun! É bom ouvir a sua voz."

"Bom dia. Como passou a noite?"

"Bem. Eu fiquei feliz em voar. Agora, estou relaxando. É um local bem fresco. Você vai me visitar?"

"Vou pedir ajuda para encontrá-la. Eu queria perguntar algo."

"O que seria?"

O ex-sacerdote conta sobre a criação dos itens e sobre o fato de Akhenamkhanen não saber o processo de criação, sendo que em seguida, conta sobre o que ele fez para poupar o filho e conforme contava, podia sentir a fúria da albina ao saber como os objetos foram criados e depois, a indignação por um inocente assumir o pecado de outra pessoa. A sua raiva do Faraó não se propagava ao genitor dele.

"Que horrível... Eu não gosto de injustiça. Inclusive, eu sempre detestei a áurea daquele bastardo do Akhenaden. Fico feliz em saber que os meus pressentimentos estavam certos. Pelo que eu compreendi, o pai de Atemu está vivo?" – ela pergunta em tom de confirmação, com Yuugi sentido todo o desprazer da amiga a menção do Faraó.

"Sim."

"E a sua pergunta é algo referente ao que me contou, certo?" – a albina pergunta em tom de confirmação.

"Sim. Eu não acredito que os Deuses fariam algo assim. Não conheço muitos dos Deuses dessa cultura, mas, não acho, pelo que pouco que descobri sobre eles, que fariam tamanha crueldade com um inocente. Tipo, o Faraó é o filho deles e não acho que seriam tão implacáveis. Ele nunca soube o custo dos itens. Akhenaden não revelou. Além disso, tem esses curandeiros. Será que estão mesmo tratando dele? Quer dizer, não os conheço, mas..." – ele para de falar por se sentir mal em acusar alguém que nunca viu, pois, podiam ser acusações infundadas.

Dois corações e um destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora