O arrependimento de Shimon

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O soberano decide se dirigir o quanto antes para a vila onde Shimon residia depois de solicitar um cavalo.

Após montar o seu garanhão Khnurn que relinchava em sinal de aborrecimento, provavelmente pelo horário ímpio que foi retirado da sua baia, Atemu o acalma com toques gentis e murmúrios de desculpas que fez o imponente e majestoso garanhão ficar calmo novamente, se limitando a dar apenas um bufo de aborrecimento.

Então, ele sai a galope com o Ka de Mana ao seu lado.

Quando era de dia e por causa do status, além da aparência, ele se deslocava através do palanquim que era carregado por escravos.

Porém, como era de noite, não havia necessidade, além de não achar certo acordar os carregadores após ter sido carregado grande parte do dia para os seus compromissos diários. Eles mereciam uma noite decente de sono na visão dele.

Após atravessar o trecho de areia até a construção onde Shimon morava e que era uma mansão com vários quartos, área de lazer, biblioteca, salas, refeitório e cozinha, ele desmonta do seu garanhão e prontamente, um servo que trabalhava no turno da noite pega as rédeas depois que se prostrou ao monarca, encostando a fonte no chão enquanto outro abria as portas duplas, se prostrando em seguida ao soberano.

Algumas casas que compunham aquela vila dentro das paredes imponentes do complexo, exibe luzes de velas ao mesmo tempo em que servos e escribas, além de alguns funcionários sobre a jurisdição de Shimon, colocavam a cabeça para fora para observar a movimentação incomum, com muitos deles olhando com fascínio para o Ka ao lado do rei.

O Tjaty (Vizir) desce as escadas em vestes simples, provavelmente por estar na cama naquele horário, segurando uma vela que se encontrava repousando em cima de um apoio de cobre.

Após descer o último degrau, ele boceja, antes de se curvar levemente por causa da idade que o impedir de se curvar mais profundamente enquanto deixava a sua perna esquerda na frente do seu corpo.

- Atemu, que honra recebê-lo em minha morada. – como era um membro da família, além de ter sido confirmado o direito de chamar o governante pelo seu nome de nascença pelas mãos do mesmo, ele o chama pelo seu nome verdadeiro.

Então, o Conselheiro real faz um movimento discreto com as mãos e os servos que estavam no local, se prostram para o rei e depois, se curvam para Shimon, antes de se afastarem para voltarem as tarefas que estavam fazendo por serem do turno da noite.

Após eles saírem, o Vizir pergunta com evidente preocupação em seu rosto ao ver o semblante impassível do seu sobrinho neto ser tomado pela aflição após a saída dos servos do recinto:

- Atemu, aconteceu algo? Por que você está com o Ka da Mana? É o ka dela, né?

- Sim. Mana me emprestou, caso eu precisasse de alguma ajuda adicional apesar de eu ter o meu próprio Ka pessoal para isso. Eu acredito que é para ela saber o resultado da minha busca. Eu descobri através da Mana que Yuugi estava com você.

- Sim. Ele estava no final do corredor norte, perto da biblioteca pública. Normalmente, esse é um lugar movimentado. Eu fiquei com ele por alguns minutos após a fuga de Mana, antes de sair pelos corredores para procurar Mahaado.

- Ele não chegou ao meu quarto. – ele fala, ficando cabisbaixo e era visível a angústia em sua voz e semblante.

Como estava na presença de um familiar e sem ter nenhuma outra pessoa o observando, ele permite que as suas emoções se tornem visíveis.

Shimon vai até ele e o abraça, o confortando, uma vez que estavam sozinhos.

- Droga. Eu estava tão nervoso com Mana e desejando ardentemente achar Mahaado para que ele desse uma punição por ela fugir das aulas, que acabei me esquecendo de pedir para alguém escoltá-lo. Eu acreditei que ele acharia algum guarda para pedir orientação. Afinal, o chefe dos guardas do palácio, assim como os soldados membros do Medjay sabem da importância dele para você.

Dois corações e um destinoWhere stories live. Discover now