A máscara do Faraó

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Yuugi fica pensativo sobre contar ou não sobre Atemu, pois, ele havia falado uma coisa que o fez rever a sua ideia de contar para a sua amiga. Yukiko estava com muita raiva e não tinha absoluta certeza que ela iria repensar a sua atitude, sendo que não suportaria vê-la sofrer como foi no salão, quando a coleira ativou a sua punição, pois, sabia o quanto era dolorido. Era uma dor indescritível e ele não queria que ela passasse por isso, novamente, sabendo que o Faraó não teria escolha, além de aplicar a punição em público.

- A ameaça que eu fiz em relação a você, a fez me obedecer. Se a sua amiga descobrir que sou incapaz de fazer isso, que garantia você me dará que ela vai fazer, exatamente, o que eu ordenar na frente do povo? Você pode garantir que ela não me obrigará a usar o comando da coleira? Eu fiz uma ameaça falsa a você para conseguir a obediência dela, fazendo com que não precisasse apelar para a coleira. Foi a única solução que eu encontrei.

O jovem percebeu naquele instante que o monarca tomava muitas decisões que o machucavam ao vestir a máscara do Faraó, sendo a mesma máscara passada pelos seus ancestrais. Se Yukiko não obedecesse, ele ativaria a coleira por mais que sofresse no processo. A ameaça que Atemu tinha sobre Yuugi a faria obedecê-lo.

- Mas, se o senhor...

- Você, por favor. Já basta o tratamento formal que eu recebo em público.

- Sim. Se você me tornou servo pessoal e não escravo, ela não vai desconfiar?

- O Per'a'ah pode matar um servo, se desejar. Servo, escravo, plebeu ou nobre. Todos podem ser executados. Ademais, a minha máscara é bem opressora quando desejo e com a punição em público que eu demonstrei, eu reforcei essa visão.

- Punição?

- A pena que dei ao Mercador de escravos.

- Eu não sabia.

- Provavelmente, você estava "dentro de você", por assim dizer, por estar aterrorizado e deprimido. Por isso, você ficou surdo e cego a tudo a sua volta.

- Ele vai ser punido? Por quê? – o jovem perguntou com evidente surpresa em seu semblante, tentando compreender quais crimes o mercador havia cometido.

- Vejamos... Transformou pessoas em escravas sem ter um motivo condizente com as leis que permitem a escravidão e tocou em propriedade de terceiros, além de ter falado e olhado para o Deus vivo de todo o Kemet, sem ter qualquer autorização. O Hem-netjr Seto terá a oportunidade de puni-lo, também, mais do que já fez na cerimônia.

- Ele fez pela Kisara? – Yuugi percebeu que havia se esquecido da amiga – Então, a Kisara...

- Acredite, Seto despreza a violação tanto quanto eu. A sua amiga está segura. Ademais, dava para ver a forma especial que ele olhava para ela. Para o meu primo, Kisara é muito mais.

Ele nota que Yuugi não está muito confiante e apoia a mão no ombro dele, enquanto falava gentilmente, exibindo a sua autoconfiança inabalável no olhar:

- Eu disse a verdade. Eu conheço os ideais de Seto. Acredite, ele é um homem com princípios e nunca machucaria uma mulher inocente ou a violaria.

Yuugi consente, desejando ardentemente acreditar nas palavras do Faraó, enquanto corava com a proximidade, além de sentir um calafrio de prazer pelo toque de Atemu em seu ombro ao mesmo tempo em que podia ver a confiança inabalável nos olhos dele e confessava que tal confiança o fazia acreditar ardentemente em suas palavras, permitindo que surgisse um suspiro de alívio.

- Você ficará no quarto ao meu lado. Lá tem roupas e você pode tomar um banho, pois, eu ordenei que fosse preparado um banho para você. Amanhã, voltaremos a conversar como Atemu e Yuugi e não como Per'a'ah e servo. Eu gosto desses momentos que eu posso ser eu mesmo. O meu pai também apreciava esses momentos e atualmente, pode ser ele mesmo em período integral.

Dois corações e um destinoWhere stories live. Discover now