Rei dos Jogos

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Sete meses depois, há dezenas de quilômetros do Egito, uma vila em chamas ardia sem ninguém para cessar as labaredas vorazes e junto às chamas, havia somente os gritos de dor e de desespero, sendo que havia homens que eram mais bestas do que qualquer outra coisa e que atingiam com armas pontudas qualquer um que passasse perto deles, enquanto capturavam os que eram saudáveis.

Nas sombras da destruição onde era possível ver apenas os vultos, havia vários homens em torno de mulheres, cujos gritos ecoavam pelo ar em desespero, apenas para se silenciarem, após vários minutos.

Os mais jovens e crianças estavam aterrorizados e eram capturados com violência, sendo jogados em jaulas puxadas por animais.

Yuugi observava as chamas consumindo tudo o que tocava, enquanto ouvia os gritos de dor e de desespero, sendo que os seus olhos estavam focados na cabana que ardia intensamente, sendo possível ver os corpos caídos no entorno, com o jovem se fixando no de um homem com noventa por cento do corpo queimado.

Havia lágrimas nos olhos do jovem que usava uma coleira, cujos grilhões estavam acorrentados em um poste e aquele era o corpo sem vida do seu ex-dono e por mais áspero que ele tenha sido, o jovem de cabelos tricolores não podia odiá-lo ou desejar o seu mal. Simplesmente, ele não conseguia, pois a sua bondade e gentileza eram uma marca inerente nele.

Conforme observava o corpo morto do seu ex-dono, se permite recordar de quando ele havia descoberto o seu talento para jogos por acidente, quando o fez jogar um jogo, enquanto se embriagava no bar e havia feito isso, sem esperar qualquer vitória. Quando o viu ganhar todas as partidas, ficou empolgado e decidiu lucrar com as habilidades recém-descobertas do seu escravo.

Desde aquele dia, ele passou a participar de jogatinas clandestinas sobre ordens do seu mestre que lucrava cada vez mais, enquanto se recusava a vender o jovem que não havia notado os olhares de cobiça sobre ele por causa de seus olhos, cor de pele incomum e baixa estatura, que se destacava dentre a cor morena escura daquele povo. O ar exótico estimulava muitos a adquiri-lo, mas o seu proprietário falava que não era burro de vender aquele que lhe dava dinheiro.

Os castigos que sofreu no passado eram porque o seu mestre vivia bebendo e quando ficava bêbado, ficava violento, acabando por agredi-lo, mesmo que ele seguisse exemplarmente as ordens dadas.

Ademais, Yuugi nunca soube que apanhava, pois a albina sempre o protegeu, tomando a consciência dele para sofrer em seu lugar, para depois curar o corpo e somente quando estava curado, ele recuperava a consciência.

Alguns dias antes dela por o seu plano de libertar o seu amigo em prática, o dono do seu amigo descobriu que o seu escravo era excepcional no jogo, ganhando dinheiro para ele, passou a beber fora de casa para não descontar em Yuugi, pois precisava que ele jogasse bem para que pudesse lucrar e poupá-lo das surras ocasionadas pela sua bebedeira era algo que ele não se importava de evitar.

No submundo dos jogos clandestinos, eles se referiam a ele como Rei dos Jogos, pois dominava qualquer jogo, decifrando-o facilmente, aprendendo regras em uma velocidade inacreditável, com a sua postura mudando enquanto jogava, fazendo-o esquecer do que era.

Portanto, o fato dele ter proporcionado algo que fazia Yuugi muito feliz, a fez ponderar se compensava libertá-lo.

Afinal, nunca o vira tão feliz quanto ele era quando jogava e o dono dele proporcionava essa felicidade, enquanto que se ausentava de puni-lo, além de ofertar regalias quando ganhava muito dinheiro.

Em virtude disso tudo, o seu plano inicial de libertá-lo no período que o seu amigo apanhava por causa da bebedeira do mestre deles foi desfeito, pois os castigos cessaram e ele passou a jogar sempre que podia, fazendo o seu dono feliz e consequentemente, ganhando regalias.

Dois corações e um destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora