O desejo de Akhenamkhanen

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- Sim. O Per'a'ah Akhenamkhanen ordenou que fosse realizado o início do khaj-Nisut (Aparência do rei) e a escolha da sua futura esposa até o final da cerimônia de coroação. Afinal, o Nswt deseja segurar um neto em seus braços antes que ele morra. Após a cerimônia de coroação para que possa se tornar o novo Per'a'ah, teremos a cerimônia de casamento, uma vez que o seu honorável genitor se encontrará incapaz de se levantar da cama sem receber ajuda ao considerar o seu estado atual, segundo os curandeiros reais. Será um casamento e coroação.

Atemu suspira, sendo que seu pai havia comentado sobre isso há alguns dias atrás e não era nenhum segredo que ele desejava segurar um neto em seus braços antes de ser levado pelos Deuses.

O Iry-pat (príncipe herdeiro) fecha os seus olhos e fica pensativo, se recordando do amor que o seu pai sentia por ele e do sacrifício que fez aquele dia ao se prostrar como um escravo, implorando aos Deuses e aos ancestrais que poupassem o filho dele enquanto suplantava em silêncio e em completa humildade a fúria divina que havia sido descarregado em volta deles, embora fosse direcionado ao seu genitor, com ele testemunhando pessoalmente o quanto o seu pai o amava e que por ele, era capaz de encarar a fúria divina.

Afinal, aquele gesto, mesmo que tivesse sido por algumas horas e por apenas um dia, foi o suficiente para que o príncipe percebesse o quanto o seu pai o amava ao se sacrificar e se humilhar apenas para salvar o seu filho, não medindo esforços para protegê-lo, inclusive dos próprios Deuses.

Ao pensar no seu genitor enfermo, sendo ciente que era ocasionado pelo pedido dele aos Deuses e ancestrais para que arcasse com as consequências de um crime imperdoável praticado por ele para que pudessem poupar o seu amado filho do estigma da culpa, Atemu percebeu que não mediria esforços para retribuir ao sacrifício do seu genitor e que faria tudo ao seu alcance para fazê-lo feliz pelo tempo de vida que lhe restava e que não era muito, segundo os curandeiros reais, com eles comentando que o Faraó lutava arduamente para ficar vivo, com o príncipe acreditando que essa batalha ferrenha era para que pudesse assegurar a continuação da sua linhagem sanguínea através de um neto.

Ao tomar a sua decisão, ele abre os seus orbes carmesins e olha com determinação em direção ao horizonte porque havia decidido dar um neto para o seu genitor, não se importando de desposar alguma prima para torná-la uma esposa menor, visando fazer o seu amado pai ver o seu neto, mesmo a distância, antes que fosse tarde demais.

Enquanto tomava a sua decisão, o príncipe ignorava a sensação de culpa ao se casar com outra conforme se recordava do seu sonho porque se sentia unido a aquele garoto, sendo que não possuía essa sensação de culpa ao se deitar com as escravas sexuais do seu próprio harém, pois, era apenas sexo ao contrário de casamento.

Afinal, quando se casasse, uniria a sua vida com outra pessoa, não se limitando a ser apenas algo carnal e sem qualquer importância a não ser a gratificação sexual como eram as relações sexuais com escravas sexuais e qualquer amante que desejava ter um momento de prazer com o príncipe.

O casamento era algo completamente diferente, mesmo que ele nunca amasse a sua futura esposa que seria uma esposa menor sem qualquer tipo de influência porque sentia que o seu coração pertencia ao jovem misterioso que habitava os seus sonhos e que se fosse para ter uma ḥmt nswt wrt (Grande esposa real) com influência e poder, seria o misterioso rapaz caso os seus sentimentos fossem correspondidos.

Ao pensar nisso, decidiu que deveria escolher uma de suas primas que apreciasse o título de esposa menor e a riqueza, com ambos devendo ser o suficiente porque sentia que não poderia amá-la.

Portanto, ele sentia que devia ter a decência de revelar que nunca a amaria ao mesmo tempo em que deveria perguntar se só a riqueza seria suficiente.

Dois corações e um destinoWhere stories live. Discover now