Capítulo 60🀄Vale da Lua Azul🀄

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"Vá firme! Você é uma garota forte e de atitude. Já enfrentou coisa muito pior. Encare esses dois de cabeça erguida! Se precisar da gente, estaremos aqui."

"Ok." Eu disse apenas isso e apertei o botão do elevador para descer.

Fui motivada por minhas amigas, mas ainda não conseguia acreditar em uma suposta traição de Chen. Ainda mais mediante a tudo que estamos enfrentando.
Não sou ingênua, tenho certeza que Shui pegou muito pesado para conseguir algo de Chen. Sempre soube que ela tinha uma queda por ele, mas nos últimos meses pensei que estava se interessando por Hu. Pelo jeito estava enganada.

Saí do elevador e segurei a barra do vestido que Wen colocou em mim. Somente agora, vendo minha imagem refletida no espelho do saguão do hotel, que me dei conta da produção que aquelas duas fizeram em mim.
Em meu estado normal eu nunca usaria esse tipo de roupa, muito menos a maquiagem pesada que Meili fez.
Elas disseram que eu precisava estar bem produzida para me sentir mais segura, no entanto agora, eu me sentia era envergonhada com o tamanho da fenda da saia, o decote e a transparência do vestido preto de Meili.

Elas disseram que eu precisava estar bem produzida para me sentir mais segura, no entanto agora, eu me sentia era envergonhada com o tamanho da fenda da saia, o decote e a transparência do vestido preto de Meili

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Mas agora que eu já estava aqui, ia prosseguir com essa roupa mesmo, porque se eu voltasse para o quarto para me trocar, certamente não teria coragem para voltar.

Saí do saguão por uma porta lateral e segui pelo varandão do prédio que dá acesso aos jardins. Senti um arrepio nos braços, pois o vestido deixa toda minha pele à mostra e o clima de Montanha não combina com esse vestido de alças. Olhava para os lados procurando algum sinal de Chen ou dos dois. Minhas pernas estão trêmulas, meu coração disparado e meu estômago continua dando voltas.

De repente ouço vozes vindas do Jardim depois da ponte. Atravesso devagar para que não ouçam meus passos e me instalo por trás de uma coluna. O vestido negro ajuda a me camuflar à noite e lá estão os dois conversando animadamente em um dos banquinhos.

Não consigo ouvir sobre o que falam, mas percebe-se que Shui está muito animada. Chen está sério. Pelo que eu conheço dele, posso dizer até que está tenso, mas dadas as circunstâncias, eu não o reconheço mais, então pode ser somente impressão minha.

Shui sorria e gesticulava bastante ao falar. Se vê que está agitada e confiante. Chen sorriu de algo que ela falou. A mão dela pousou em seu braço esticado no banco. Então meu coração deu uma pausa e depois um pulo, quando Shui se aproximou mais e pousou um beijo nos lábios de Chen.

Não fiquei para ver o restante da cena. Se Chen retribuiu ou não, para mim não faz diferença, não consigo ver mais nada.

Voltei pelo caminho da ponte, soltei as sandálias dos meus pés e corri descalço pelo pátio do hotel. Agora as lágrimas que tanto segurei, caem livres por meu rosto.

Ao passar por um dos portais, dei de encontro com Enlai, que de primeira me olha de cima a baixo com admiração, mas quando vê meu rosto banhado em lágrimas, muda a expressão.

"Jéssica, o que ouve?"

"Nada! Só me deixe sair daqui! Se alguém perguntar por mim, diga que não me viu, por favor!"

"Tudo bem! Mas para onde você vai?"

"Não sei! Só quero ficar bem longe daqui!"

Me soltei de Enlai e continuei fugindo sem saber para onde estava indo. Desci a escadaria do pátio, entrei em outro jardim na lateral oposta à qual tinha vindo e de repente já não estava mais nas dependências do hotel.

A vegetação foi aumentando, o piso de pedras deu lugar ao solo úmido e a única iluminação que eu tinha era o reflexo da lua na densa floresta.

Parei de correr e comecei a caminhar, pois meus pulmões já ardiam do tanto que corri para me afastar daquele lugar. Queria expurgar a lembrança daquela cena de minha memória, mas não é possível.

Caminhei por um tempo, sem noção de onde estava indo, até que comecei a ouvir os sons da floresta. Os estalos das folhas denunciam passos, não sei se humanos ou de animais, mas sinto que se aproximam, então começo novamente a correr.

Enquanto fujo, me lembro dos meus sonhos. Estou vivenciando exatamente a cena repetida do meu sonho, só que dessa vez sem os faróis azuis que sempre me ajudavam a fugir do perigo.

Finalmente, consigo sair da mata fechada, chego em uma clareira. Ouço som de água e mais a frente me deparo com uma paisagem linda de um lago. Reconheço esse lugar por uma das fotos que vi no livro que comprei mais cedo. É o Vale da Lua Azul.

Sento-me em umas raízes e permito-me descansar e chorar

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Sento-me em umas raízes e permito-me descansar e chorar.
Fico por muito tempo assim, tendo a lua como única testemunha de minha melancolia, até que adormeço.

Não sei por quanto tempo dormi, só sei que quando acordo, não estou mais naquele lindo lugar. Talvez tenha sido um pesadelo, porque não me lembro de ter chegado nesse lugar sozinha. Também não se parece nem um pouco com as dependências do hotel.
Aqui tudo é escuro, úmido e fechado. Não tem janelas. Sinto uma dor em meus pulsos. Tento olhar, mas não consigo. Estão presos e meus tornozelos também. Acostumo minha visão com a penumbra do lugar e finalmente entendo o que aconteceu, quando vejo Hu parado em minha frente com um sorriso de Vitória.

 Acostumo minha visão com a penumbra do lugar e finalmente entendo o que aconteceu, quando vejo Hu parado em minha frente com um sorriso de Vitória

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