Capítulo 11🏯China🏯

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Da janela do carro, tive minha primeira impressão da China. As ruas de Pequim são muito limpas. As construções antigas se harmonizam com os modernos arranha-céus. A população se movimenta apressada, entrando e saindo do metrô. Alguns entram em prédios super modernos, outros atravessam as ruas com seus guarda-chuvas transparentes, pois cai uma chuva fininha.

Quando chegamos na casa da família Yang, o Senhor Su, digita uma senha, em um painel, próximo ao portão, que libera a nossa entrada. O carro segue deslizando por um caminho de pedras, ladeado por arbustos. A casa de arquitetura chinesa, tem dois andares, com telhados encurvados, varanda espaçosa de madeira, prevalecendo as cores terracota, preto e vermelho. Há um bem tratado jardim, na frente da casa, com uma fonte de pedras e cadeiras espalhadas estrategicamente.

Toda a família aguarda em frente à casa, a minha chegada. O carro circula o jardim e para na entrada principal. Assim que desço, um homem chinês, muito bem vestido, me recebe.

" Senhorita Lin, seja bem-vinda! Me chamo Qiang Yang. Essas são minha esposa Sying e minha filha Meili. É um prazer recebê-la em nossa humilde casa."

Repeto seu cumprimento e digo:

"É um grande prazer conhecê-los também. Agradeço muito sua disposição em me receber em sua casa."

Observo que todos andam descalços pela casa, então trato de retirar meu par de tênis antes de entrar. Enquanto o senhor Su leva minha bagagem para o quarto, o senhor Qiang faz questão de mostrar-me todas as dependências da casa.

Fizemos uma refeição leve no jantar e agradeci aos céus, por não me servirem nada muito exótico logo de cara. Eu realmente pretendo me esforçar para me adequar ao estilo da família, mas não acredito que meu estômago se habituará a algumas iguarias chinesas.

A senhora Sying serviu arroz, frutas, legumes e dois tipos de carnes bem conhecidos, peixe e frango.
Após o jantar, subi para conhecer meu quarto. A filha do casal, Meili, me acompanhou. Gostei da garota de imediato. Aparenta ter a mesma idade que eu. É curiosa e observadora, sem ser invasiva e mostrou-se prestativa a todo o tempo. Isso deixou-me mais à vontade. Fiquei admirada também com seu inglês fluente.

"Você trouxe poucas roupas!"

Ela comentou enquanto me observava guardar minhas roupas no armário.

"Sim, sou bem básica. Uso mais jeans, camiseta e tênis. "

Ah, te admiro! Não consigo ser assim. Amo bolsas, sapatos e vestidos. Quando viajo levo quase meu quarto comigo!"

Ela dá um sorrisinho sem mostrar os dentes.

Abro minha bolsa tiracolo e despejo tudo na cama para guardar. Tiro meu celular do bolso traseiro da calça, junto com o papel dobrado, que Vó Lan me deu com os possíveis endereços de parentes. Quando escancaro a caderneta para depositar o papel dentro, vejo uma escrita diferente da minha em uma das páginas. Lá estava escrito:

"VOLTE PARA SEU PAÍS OU SE ARREPENDERÁ!"

Imediatamente me lembro do incidente no aeroporto. Com certeza foi aquele rapaz encapuzado, que deixou esse aviso em minha caderneta.
Um arrepio sobe por minha espinha. Devo ter ficado pálida, porque Meili franze o cenho e pergunta:

"Algo errado?"

"Não, não. Só me deu um cansaço... Deve ser da viagem."

"Ah, claro! Você deve descansar! Se precisar de algo, meu quarto fica logo ao lado."

"Ok! Obrigada!"

E Meili vai saindo, se despedindo.

Desabo na cama.

Mas o que será que esse aviso significa? Será que foi mesmo aquele homem, que escreveu essa mensagem ameaçadora? E se foi, porque se deu o trabalho de fazer isso?
Mal cheguei no país!

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