53 Minha Merdinha

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Nick

Me afastei de Isabella, e lancei um olhar a Helena, ela assentiu, como se entendesse, e saí andando o mais rápido que dava dali, peguei um Uber em frente a escola e voltei para casa.

Entrei como um alucinado, e fui direto ao quarto da Dália, precisava tirar aquela dúvida ou morreria  Bati na porta quase sem ar. Mas quem abriu foi ela, a tal Filó, com aquele olhar de ódio puro e líquido para mim.

Fechei os olhos, quase em desespero, e engoli em seco  — Será que eu poderia falar com a senhora?

Pegando a bengala, ela fechou a porta, após passar por ela, a falta de palavras, estava me deixando ainda mais nervoso, mas a acompanhei até a cozinha. Vi ela calmamente, pegar a chaleira e colocar água para ferver.

Será que ela pensava em jogar aquilo na minha cara? Até onde eu sabia... Não, ninguém era como a Dulce... Mas o olhar dela para mim, estava igualzinho.

— Eu...

Ela ergueu a mão para que eu me calasse. E Suspirei.

— Garoto... Você tem ideia do que fez com a minha vida? Por sua causa, eu nem conseguia sair na rua de tanto medo. Me questionei de o porque eu ter passado por aquilo. Me culpei por estar lá naquela hora. Seu rosto mascarado acompanhava minhas lembranças durante todo esse tempo. Toda vez que me deitava para dormir, era aquela cena que voltava.  E agora, descubro que era você, o responsável por isso tudo...

Baixei a cabeça, entendendo bem o que ela estava falando — Eu não vim pedir que me perdoe, eu sei que a senhora não precisa fazer isso. Eu aceito o que a senhora decidir, mas eu... Se eu puder te fazer um pedido... É que se for me entregar, que seja só eu. Afinal, fui eu quem quebrou a sua perna... E... Se serve de alguma coisa, eu me arrependo. Eu precisava sair vivo daquilo... A minha irmã...

Ela me deu as costas para pegar uma caixinha de chá. E achei que ela estivesse me ignorando completamente.

— Está falando comigo, porque está com medo... Com medo, como eu estive quando você, apontou uma arma para mim.

Assenti. — Tem razão. Eu nem sei porque...

— Eu acompanhei os jornais da TV, soube que você quase morreu para salvar sua mãe. E Dália me contou o que sua tia fazia com você. Eu não vou te perdoar, porque ainda não sou capaz disso, mas... Saiba que eu sinto muito pela sua vida, por tudo o que sofreu. Eu cuido da minha neta, porque minha nora é maluca, não fazia as atrocidades que sua tia fazia, mas minha neta sofria demais...

— Eu sinto... — comecei, mas ela me interrompeu.

— Eu fui até a delegacia hoje, para me informar do caso. O único suspeito, sem comprovação do crime foi morto na carceragem durante a investigação, eles não fazem ideia de quem fez isso. — arregalei os olhos — Eu entreguei você Nickolas. Me desculpe, mas... Acho que quem faz o errado, merece pagar.

Sorri baixando a cabeça e deixando minhas lágrimas rolarem.

Assenti para mim mesmo enquanto ela me olhava. — Tudo bem... Tudo bem... De verdade, eu já esperava. Eu só queria dizer que eu sinto muito. E que eu entendo que por mais errado que pareça, a gente tem que fazer o certo. Eu aceito que eu tenha que pagar pelo que fiz com a senhora. E está tudo bem, acabei de fazer o certo também, e está doendo... Doendo muito.

Pela primeira vez, ela me olhou com pesar — Eu tenho certeza que vai te servir de lição, menino.

Assenti novamente limpando meu rosto  — Eu estou feliz. Apesar de tudo, minha irmã está melhorando, Isabella está feliz, já escolheu seu caminho, e minha mãe... Bom, ela vai ficar louca tentando me tirar da cadeia, mas pelo menos ela vai conseguir descansar, sabendo que vou estar sempre a seu alcance agora.

Atroz Where stories live. Discover now