43 Isso não muda nada!

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Nick

"Eu odeio você Nickolas" "Eu odeio você Nickolas!" "Eu odeio você...

Fechei os olhos sentindo meu corpo inteiro quase flutuar. Estava perdendo a consciência. Mas lutei com todas as forças para me manter acordado.

Fechei os olhos — Mas eu te amo Merdinha... Eu te amo tanto que desisti de tudo por você, eu sinto muito por não ter morrido... Mas se eu sobrevivi, é porque ainda tenho que te ajudar.

Ela riu ironicamente — Me ajudar? Que tipo de ajuda você pode me dar, Nickolas? Olha pra você, está quase morto!

— Eu... — puxei ar dolorosamente — Eu sei onde ela está. A gente pode usar o fato de que o Al não sabe que estamos em contato...

Jubi se aproximou, segurando a mão de Isabella e se sentando ao lado dela de frente para mim.

— Passa a fita irmão, a gente faz acontecer. — disse estendendo outra mão para mim.

— Foi mal cara... Desculpa eu ter mentido... Eu...

— Fica sussa irmãozinho, tá tudo certo, eu sei que fez tudo isso pra se livrar da velha de vez.

Isabella olhou dele para mim, soltando sua mão com raiva. — Então você nos usou para se livrar da sua tia? Foi isso?

Engoli em seco sentindo gosto de sangue na boca — Não... Ela iria me usar para acabar com a sua mãe de qualquer jeito... Eu... Eu nunca quis nada, Isabella... Eu só tinha ódio por ter passado a vida apanhando, por achar que minha mãe havia me jogado fora... Por ter vivido assim... Você não sabe como foi para mim crescer desse jeito... E aí, ela me dizia que eu era a chance da Mi. A pessoa que mais amo nessa droga de vida, a única que importava. — meus olhos se encheram de lágrimas e minha voz ficou embargada — E... Para isso... Para conseguir cuidar dela, eu tinha que me vingar da minha mãe, que para mim, sempre foi a pior pessoa... Você faria o que no meu lugar?

Ela se calou, na verdade, todos se calaram na sala.

Puxei mais ar para continuar — Mas meu plano começou a ruir... Assim que te vi entrando na cozinha, no dia em que cheguei, porque dentro de mim, eu já havia percebido que você seria meu castigo por eu ser um filho da puta. E você me castiga todos os segundos da minha vida, porque não tem um só momento, em que eu não esteja pensando em você, em que eu não queira você perto de mim. Por isso, eu queria estar morto... Por que é melhor do que ter seu ódio...

Ela se levantou, se afastando, mordendo o canto da boca, com as mãos apoiadas na cintura.

— Mesmo que você traga minha mãe de volta, nada vai mudar! Eu não quero você na minha vida, se minha mãe quiser, o problema é dela, mas pra mim, não dá. Eu não merecia ter sido usada como fui... Ainda mais por quem me fazia pensar tanto sobre meu valor. E eu tenho Nickolas! Eu tenho valor, e nunca, nenhum homem vai me fazer de trouxa outra vez. Nunca mais!

Assenti ficando em silêncio. E Jubi assumiu a situação.

— Tá, vamos deixar a DR pra depois? O que a gente vai fazer? Como vamos dar um jeito no Al?

— Espera aí... Eu não quero mais você envolvido com essas coisas! Antônio, eu sabia que você fazia merda, mas não que chegasse a tanto. — Silvão esbravejou.

Jubi se levantou encarando-o, e aquilo estava quase virando uma briga feia, só pelas caras deles.

— Eu não abandono meus amigos tio, Nick não me abandonaria também. Além do mais, tamo falando de salvar a tua patroa, não é uma parada qualquer.

— Acho melhor informarmos a polícia. — Isabella sugeriu de braços cruzados e logo depois me encarou.

Não disse nada, eu rodaria de qualquer forma, ajudando ou não.

Jubi ergueu os braços. — Calma ae... Vamo pensa direito nessa porra. Por que o filho da puta ainda não ligou, não falou nada, não deu sinal de vida?

Fechei os olhos — Tá ganhando tempo. — sussurrei — Aposto que ele tá pensando em pedir resgate, mas já passou o tempo disso, ele deve estar estudando um jeito de se certificar que Isabella não fale com a polícia.

— Eu vou ligar pra ele. — ela disparou.

— Não! Tá noiada, Preticinha? Ele não pode saber que o Nick tá ajudando!

— Ele vai ligar — falei por fim — a ganância dele é maior que a inteligência.

— E o que vamos fazer?

— Vamos dar o que ele quer, vamos fazer exatamente o que ele disser, mas do meu jeito.

— Tá bom. Se está tão confiante, vou deixar com você, se trouxer minha mãe de volta sã e salva, já vou estar satisfeita. — ela respirou fundo e olhou para Jubi e Silvão. — Levem o Nickolas para a casa dele nos fundos.

Ninguém mais ali sentiu, mas eu consegui pegar as notas de mágoa que ela usou para dar a ordem.

— Vai jogar ele para fora, nesse estado? — Dêssa rebateu.

Me intrometi, antes que ela respondesse — Tudo bem Dêssa. Ela está certa, já é muito que ela me deixe ficar aqui.

Dêssa balançou a cabeça negativamente e Isabella ergueu o queixo — É Dêssa  — disse em tom irônico — Ele mesmo me disse que o lugar dele sempre seria lá fora. Não estou sendo ruim com seu querido.

— Você não merece que ele sangre e arrisque a vida por você... Já pensou que ele não precisaria fazer nada disso?

— Dêssa... — tentei.

— Não Nick! Não vou deixar ela falar assim com você, ela sabe! No fundo, ela sabe que você podia ter metido o pé depois que ela te entregou o documento, qualquer advogado de porta de cadeia conseguiria resolver isso pra você. Ela sabe o por quê de você estar sangrando no sofá dela...

— Dêssa, para, por favor. Eu... Isabela tem todo o direito de me odiar. — olhei para ela — Depois que eu resolver isso pra você... eu sumo, só quero ajudar a Mi, não quero nada além disso.

Ela virou o rosto, e Jubi e Silvão me pegaram do sofá, o movimento quase me fez gemer de dor, mas me contive. Não queria mais atenção do que já estava tendo. E pelo menos, na casa separada, Mi não me veria daquele jeito...

Era o melhor para todo mundo... Era o meu lugar mesmo. 

Atroz Where stories live. Discover now