37 Tem que ser assim

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Nick 

Praticamente me arrastando, cheguei a casa dele, dispensei Porco e Bisteca, e investiguei por alguns minutos antes de chegar ao portão, para me certificar que o tio dele não estivesse ali.

Olhei para os lados, e segurando o abdômen dolorido, empurrei o portão e entrei no quintal, dando passos vacilantes até a porta da cozinha. Eu nunca havia entrado na casa dele. E por isso mesmo o pedido inusitado me levou até lá na mesma hora.

Me escorei no armário da cozinha, exausto pela dor. — Tô aqui, o que você quer?

— Chaga aí. — sua voz estava baixa e calma, o que presumi ser bom.

Continuei andando até a sala e parei no portal, sem acreditar.

— Que caralho é esse Jubi? O que ela tá fazendo aqui? — esbravejei cheio de raiva.

Ela se levantou me encarando, vi sua expressão de raiva mudar para preocupação de imediato, assim, que ela percebeu meu estado.

Puxei ar sentindo a raiva estufar minhas veias — Alguém pode me dizer que porra é essa? Ou vão ficar me olhando pra sempre sem falar nada? O que tá fazendo aqui Isabella?!

Seu peito oscilou — O que aconteceu com você? — ela quase sussurrou, já com a voz embargada.

Dei alguns passos para dentro da sala até me apoiar do sofá. — O que veio fazer aqui? — insisti. — Esse lugar, não é para você. Você tem que ir embora!

Jubi baixou a cabeça só de ver meu olhar, sabia que eu estava puto com ele, e se eu não estivesse tão estourado, ele estaria no chão.

— Nick... Eu pedi para o Sil me trazer, disse que queria falar com Antônio, me lembrei que ele parecia te conhecer, e... Foi a única forma que encontrei de tentar te achar. — ela chorou, mas estava com tanta raiva acumulada olhando meus machucados, que me senti mal por um momento — Por que foi embora? Eu... No momento que eu mais precisava de você... Que ainda preciso...

— Dália não te contou? — falei com ironia.

Ela avançou até mim, e via sua raiva pelos poros — Cala essa boca! Não acredito Nickolas! Minha mãe sumiu... E você sumiu... Bem depois de me dizer que não faria... Você não pensou em mim nem por um minuto, eu sou tão nada assim pra você? Por que me ligou? Eu sei que foi você!

Baixei a cabeça — Isabella... Você... caralho, você tá sendo tudo... Mas... Ela armou pra mim! Fez a porra do teste sem me contar. Eu disse que não queria saber, eu não queria!

— Que diferença faz agora, Nick? — ela chorou ainda mais,  e senti aquele aperto no peito. — Ninguém sabe dela, a polícia já diz que agora estão procurando um corpo... E eu... Nick... Você me deixou sozinha!

Venci nossa distância sem conseguir me conter e a abracei, mantendo sua cabeça em meu ombro. Sentindo a dor me corroer, não a física, mas aquela que me esmagava por dentro, a dor que me fez ligar para ela só para ouvir sua voz, para matar aquele vazio em mim — Eu sinto muito. Eu sinto por você... Não por ela. Eu...

Fiz sinal para Jubi sair da sala e ele assentiu indo para a cozinha.

Segurei o rosto de Isabella, e com as pontas dos dedos, ela tocou os machucados de meu rosto — O que aconteceu com você? O que...

— Não importa, eu tô bem... — tentei sorrir, e apesar da dor, era a primeira vez que eu sentia vontade de sorrir depois de ter saído da casa dela.

— Bem? Você tá todo arrebentado. Foi ela não foi? A  tia que me contou... Que caralho Nick... Isso é melhor do que ficar comigo? Prefere isso a ficar na casa que... No fim das contas, também é sua?

Atroz Where stories live. Discover now