2 Colocando em prática

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Nick

Me joguei na cama perto das quatro da manhã, agradeci por ter conseguido chegar ao quarto sem fazer barulho. Acendi o abajur ao meu lado, e me aconcheguei no travesseiro abrindo a pasta. Pedenga podia ser um escroto de merda, mas fazia umas paradas bem organizadas. Não era a toa que era ele quem eu ameaçava para fazer meus trabalhos. O velhão mandava bem.
Passei os olhos pelas informações:

Helena Finkler
35 anos
1 filha
Advogada criminal
Viúva
Três propriedades em seu nome...

A ficha continuava, com o endereço da casa em um condomínio de luxo em São Paulo, a da praia, em Maranduba e o sítio em Ibiúna.

Em seguida, vinha a rotina, a filha adolescente ia para o colégio bacana logo de manhã, e ela seguia para, escritório, fórum, yoga, supermercado três vezes na semana, tudo com endereços e horários. E... Tive que olhar a ficha uma segunda vez para acreditar. Trabalho voluntário no LALEC aos sábados pela manhã. 

Caralho! Arregalei os olhos, e levantei a cabeça ouvindo barulhos do lado de fora do quarto.

Fechei a pasta, coloquei-a debaixo do travesseiro e apaguei a luz rapidamente para não ser pego.  Mas aquilo era uma boa notícia, ia ignorar a recomendação de Pedenga e ia agir ali. Para a minha sorte, já era quinta feira, então a coroa não me escaparia no fim de semana.

*****

Acordei perto do meio dia, a casa estava vazia. Caminhei pelo corredor agradecendo o silêncio e a merecida caminhada da minha cama até a cozinha pelado. Até meu pau merecia folga, imaginei na hora que, se desse tudo certo, ele não teria por muito tempo.

Abri a geladeira ainda bocejando, peguei a caixa de leite  para me servir com leite condensado. Dava energia e me deixava de ótimo humor beber algo doce pela manhã.

Assim que me satisfiz, abri a caixa sobre a geladeira para me certificar de que havia um bom estoque de todos os medicamentos dela. Como sempre, estava tudo certo, então voltei para o quarto, tomei um banho caprichado e me vesti. Tinha as últimas artimanhas para preparar antes do grand finale na manhã seguinte.

Fui até a barbearia e mandei dar um jeitinho na juba loira, cabelo curto, barba inexistente para dar mais cara de príncipe ao vagabundo. E cara! O resultado, enganaria até a mim. Um perfeito coitado. Um gatinho de colo de madame! É... Sem dúvidas iria funcionar.

Antes de sair, passei na casa do Jubi, precisaria dele para o plano funcionar, mas ele acabou me convencendo de que seria melhor usar um dos novinhos. Pensando pelo ângulo de que eu poderia precisar dele mais tarde, e também o fato de ele ser um cara parecido com uma parede, tipo... Ele olhava para baixo pra falar comigo. Se eu não fosse o macho alfa do bando, mataria ele só por isso. Mas ele não tinha culpa, tínhamos o mesmo tamanho quando nos conhecemos, quando parei de crescer, ele continuou, por mais uns quatro anos, eu diria. Enfim, concordei com a ideia, iria me servir de aproximação, e depois, o resto era comigo.

****

Sábado

Acordei cedo e aproveitei para sair antes que acordassem, dei uma rápida olhada em Mi,  coloquei minha pior roupa, fazendo mais alguns buracos na camisa da sexta série que tinha encontrado no guarda-roupa, e coloquei a bermuda (que um dia havia sido calça, que todo bom pobre tinha na gaveta) e saí colocando um boné na cabeça.

Combinei com Bisteca de me encontrar na rua paralela a entrada do LALEC, entreguei a ferramenta a ele e mostrei a foto da mulher.

— Espera a coroa entrar, vai lá e faz o serviço, não deixa ninguém te ver, mas faz do lado do motorista ou ela nem vai se tocar.

Atroz Where stories live. Discover now