15 Reflexões

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Isa

— O que pensa que está fazendo? Não pode jogar essas idéias assim na cabeça dela! Nick tem ideia do que fez? — falei indignada, puxando-o pelo braço.

Seu olhar era aquele frio, o de que não se importava com nada— Dei uma escolha a ela, Isabella!  — retrucou ele — Uma escolha que ela merece ter, o corpo e o futuro são dela, e ninguém pode decidir sobre isso além dela mesma. É muito bonito da sua parte querer apoiar sua amiga, estar com ela nesse momento difícil, mas no futuro, a vida segue, e só ela vai ter que conviver com a presença de uma criança que ela não queria ter, e que não tem pai. Acha justo ela ser mula de carga por causa de um acidente? 

Suspirei engolindo as palavras de repente. Ele tinha razão, mas aquilo era sórdido, ele falava como se não tivesse sentimento algum. Eu estava tentando ver as coisas por seu ângulo, mas era tão distante da minha realidade que eu não conseguia...

— Eu entendi o seu ponto de vista Nick, mas acho que ela deveria pensar melhor sobre isso. É uma vida...

— Aí já não é comigo, eu consigo a parada, ela usa se quiser. Tá me vendo obrigar alguém a alguma coisa?

Olhei confusa para ele, aquele jeito de falar, como se fizesse aquilo sempre. Aquilo era mais um alerta de que ele não era bem o que dizia ser.

— Você é algum tipo de traficante?  — perguntei na lata.

Ele me encarou por alguns instantes, cerrando os olhos para a minha cara de angústia — Se eu fosse, não ligaria para alguém conseguir o bagulho, já andaria com nele. — respondeu sem titubear.

— Não faz sentido...

— O que não faz sentido Isabella? Tá achando o quê? Se eu fosse traficante, não estaria me fodendo limpando o chão que você pisa!

Ponto para ele outra vez, não fazia sentido, ainda mais por minha mãe ser advogada criminal. Ninguém seria burro de se meter com ela, se tivesse uma "vida dupla".

Suspirei cheia de remorso, mas minha consciência não me deixava em paz , era estranho eu não conhecê-lo, mas estar cada vez mais próxima dele daquele jeito — Me desculpe... — falei soltando os ombros. — É que tudo isso é...

Ele se aproximou, parecendo irritado — Você anda me pedindo isso demais. Tô de saco cheio Isabella.

Fiquei parada vendo ele se afastar pisando duro e voltando para perto dos meninos. Esperei ali na sala que Patty voltasse para esperarmos o tal cara que iria trazer o pedido.

Me sentei no sofá, observando-o de longe, aquele... Aquele... Eu nem sabia mais como chamá-lo, era óbvio que eu me sentia atraída por ele, não tinha como, ele era lindo, e tinha me defendido daquele jeito. Dando mesmo a entender que ele estava comigo. E eu queria tanto, que estivesse mesmo. Mas aquelas atitudes... Me levavam para além da beleza dele, me mostravam que eu não fazia ideia de quem ele era de verdade. Sobre ele ser favorável a abortos, eu entendia, por toda a história que ele havia me contado, mas o resto, tudo aquilo, a falta de sobrenome... Por quê? Eu sentia que havia muito mais coisas sobre ele a descobrir.

Patty se sentou ao meu lado, de rosto lavado, mas com as mãos tremendo.

— Onde você conheceu esse cara, amiga? — perguntou ela, colocando a cabeça em meu ombro.

— Longa historia, como você está? — devolvi o foco a ela, porque eu não sabia até que ponto poderia falar sobre Nick.

— Só vou ficar bem quando isso tudo acabar. Eu não acredito que vou mesmo fazer isso... Não acredito que vou ter que fazer isso... Ricardo é...

Atroz Where stories live. Discover now