46 Volta!

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Nick

Acertei tudo com Jubi, ele levaria o dinheiro na mesma hora em que iria para Ibiúna, se Al pensava em dar um perdido e sumir com Helena, eu estaria lá para não deixar isso acontecer.

Eram quase três da tarde, e Jubi já estava pronto, no carro preto que seu tio dirigia, levando a mala de dinheiro com ele.

Me apoiei no carro novo de Isabella, sentindo minha respiração falhar.

- Tem certeza que vai conseguir chegar lá? Eu posso ir dirigindo...

Puxei ar para me virar para ela - Você não vai Isabella, de jeito nenhum vou te colocar em risco assim, vai ficar aqui, e esperar sua mãe chegar.

Ela arregalou os olhos - Como assim, esperar ela chegar? Você vai trazer ela de volta. Não vai?

Me calei, não queria discutir, nem bem tinha forças pra isso... Talvez pela falta de apetite, ou sei lá, eu havia piorado outra vez. Agora além da falta de ar que havia voltado com força, ainda haviam os calafrios.

Ela agarrou meu rosto - Escuta aqui! Se você não voltar, eu te mato, entendeu? Se você inventar de morrer, Nickolas, eu juro que vou arrebentar o seu cadáver!

Meu peito doeu vendo seus olhos tão perto, mas sorri, porque aquele desespero mostrava que ela me queria de volta.

- Cuida da Mi pra mim? — pedi baixinho

Seus olhos se apertaram fazendo as lágrimas rolarem, e ela me abraçou - Eu ainda te odeio... — chorou em meu peito. — Mas... traz minha mãe de volta, e... Por favor, volta vivo, Nick...

Me apoiei em seu ombro e afaguei seu cabelo - Eu te amo Merdinha. Eu te amo com tudo de mim... Não esquece disso, tá?

— Por favor, Nick... Eu não quero perder mais ninguém...

Beijei sua testa, quase não aguentando erguer a cabeça até lá. — Eu sei, Merdinha... Eu sei. — Me soltei dela, e entrei no carro me ajeitando no banco dolorosamente.

Coloquei o cinto, olhei para a arma que Jubi havia deixado comigo por precaução, e parti.

*****
Helena

Saí da cozinha com um misto quente e me sentei no sofá, cruzando as pernas olhando para a vista da janela. Os campos vazios até perder de vista que eu tanto amava, agora me deprimiam.

- Bom ver que a sogrinha está confortável. - Alex sorriu, se agachando ao meu lado, com aquele sorriso irônico no rosto. Eu o odiava desde que Isabella o levara para casa pela primeira vez.

- Não sou sua sogrinha, marginal, e saiba que nunca mais vai se aproximar da minha filha.

Ele deu de ombros, debochando - Já perdi o interesse há muito tempo, dondoca, só quero a grana para meter o pé.

Sorri dando uma mordida em meu sanduíche - Não vai sair limpo disso Alex, acha mesmo que vou deixar você jogar a culpa sobre meu filho?

Ele revirou os olhos - E eu preciso? Foi ele quem te sequestrou, eu só fui encarregado de te esconder.

Balancei a cabeça negativamente
- Eu não sei o que houve com ele, mas sei que você estar aqui, não faz parte do que ele me disse.

Ele soltou o corpo para trás, se sentando no tapete, e olhando as unhas como se tivesse algo em mente, como se estivesse perto do xeque-mate.

- Sabe Helena... O seu filho foi um pé no saco a vida inteira, desde a escola. Sabia que ele surrou uma professora? E sabe o que é pior? Depois disso ele virou amiguinho dela... Ela cuidava dele quando, quase sempre, ele chegava arrebentado na escola. Às vezes, ela parava a aula porque não conseguia vê-lo sangrar enquanto todo mundo fingia não ver, pra não ter problemas com o padrinho dele. Até comida para ele, ela levava. Eu queria ser amigo dele... Mas... Ele sempre conseguiu tudo! Virou o defensor das mina na quebrada, o amigo que sempre estava pronto pra resolver qualquer parada... Ele tomou tudo de mim. O controle das vendas, a Andressa, o Jubi, a Isabella... Muitas vezes, eu tive a chance de acabar com a raça dele. Ele também me poupou algumas vezes. Mas hoje isso vai acabar...

Atroz Where stories live. Discover now