Prólogo

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Nick

— Sai! Sai! — gritei para eles, correndo para chegar até um dos carros.

Os caras corriam feito um bando de desesperados, já estava tudo no chão, o dinheiro já estava na mala, era entrar na porra do carro e sair fora.

— Velho tem mais um! — ouvi alguém dizendo ainda dentro do banco.

— Deixa aí, porra! Bora! — gritei de volta, mas o desgraçado, já preparava para detonar tudo.

Nos protegemos, e enquanto ele enchia mais uma mala, ouvi as sirenes ainda distantes.

Mordi o lábio com irritação. Aquele imbecil!

Atravessei a rua, agora só tinha um jeito de sair daquilo. Ergui a porta de correr de um salão de cabeleireiro em frente do banco. As senhoras ali tentavam se proteger, e se  encolheram rezando, ao olhar para mim, ou melhor, para o fuzil na minha mão.

— De boa, quero todo mundo pra fora agora! Se obedecerem, todo mundo fica vivo, beleza? — falei calmamente, puxando as velhas pelo braço e as empurrando para fora. — Deem as mãos, e fechem a rua.

Uma delas chorava alto, rezando olhando para o céu noturno. Não consegui conter a vontade de me aproximar.

Parei diante dela sorrindo sob a máscara — Cala o caralho da boca, ou vou estourar a porra da sua cara, e seu Deus, não vai fazer nada pra te defender!— sussurrei próximo a seu rosto, com a voz mais aveludada que consegui.

—  Os cara! — Jubi gritou, e corri para o último dos nossos três carros. O cerco de pessoas não seria suficiente, só haviam cinco velhas, não era uma barreira muito eficaz.

Voltei e peguei a velha chorona arrastando-a comigo quando os carros de policia pararam no começo da esquina. Apontei o fuzil para ela e mandei que os dois carros saíssem, o imbecil do André, corria com a mala cheia da última explosão e ouvi os tiros, a velha a minha frente gritou, colocando as mãos sobre o rosto, e olhei para o lado da agência, para ver o infeliz agonizando no chão, um tiro na perna e um na cabeça. Olhei de relance para os policiais amedrontados, devia ter sido sorte acertá-lo fora do colete. Policiais de cidade pequena não eram preparados para uma ação daquelas.

Caminhei de costas, puxando a velha pelo cabelo, usando-a de escudo até a porta do carro.

— Valha-me Deus, moço, não me leva, tenho uma menina para cuidar. — chorou ela, me implorando.

Em que mundo aquela filha da puta achava que eu me importava com aquilo? Foda-se, só queria salvar minha pele.

Passei meio corpo para dentro do carro, soltei a velha batendo com o cano longo em seu joelho, ouvindo o estralo de seu osso se partindo. Assim que ela caiu no chão, fechei a porta, e Jubi acelerou com tudo, cantando pneus, enquanto muitos tiros começaram a acertar nosso carro, felizmente, blindado. Entramos na rota combinada e caímos na estrada antes dos policiais patetas sequer entrarem nas viaturas para nos seguir. Aquela era a melhor vantagem de se agir em uma cidade pequena, sem contingente, sem estrutura, não podiam fazer mais do que olhar.

— Puta que pariu! O André... — Ameba bateu na mala cheia, com raiva, lamentando.

— Foda-se! — gritei — Mandei todo mundo sair! Agora vai aproveitar a ganância comendo capim pela raiz! — arranquei a toca ninja jogando-a no banco onde ele deveria estar.

Jubi me olhou pelo espelho com lágrimas nos olhos, e desviei o olhar para não socar sua cara.

Paramos na estalagem uma hora depois, trocamos de carro e seguimos viagem, todos os outros estavam bem, e a grana estava segura dividida nas malas dos três carros. Eles não diziam, e tentavam disfarçar, mas estavam abalados com a morte do André, era um risco, e todos sabíamos.

Atroz Where stories live. Discover now