Capítulo 12 - Furiosa

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- Espera! – Ela corria tentando me alcançar. Simplesmente continuei andando, ignorando seu chamado. – Espera Annie! – Ela gritou e com um puxão no braço, me fez parar. – Tá surda?

Bufei irritada. Ela fazia o que fazia, aprontava de um monte e ainda achava que eu deveria estar normal? Quer dizer, ela ferra meu lance com Poncho (se é que eu posso chamar meus cinco minutos com ele de lance) e também quase acaba com a vida acadêmica de Christopher e eu ainda tenho que sorrir?

- Não seria nada mal se estivesse mesmo surda. Pelo menos não precisaria te ouvir. – Soltei meu braço e voltei a andar.

- Não pode falar isso! – Protestou indignada, vindo atrás. – Pensei que fossemos amigas. – Disse e senti uma pontada de tristeza na sua voz.

Parei por um instante, mas não me voltei para vê-la. Não é que não fossemos mais amigas ou que nunca mais fosse olhar para sua cara, mas no momento eu ainda estava muito irritada e tinha medo de acabar dizendo o que não queria. Ou melhor, o que queria, mas que certamente viria na hora errada.

- Eu não acho que seja uma boa hora Dulce. – Afirmei e voltei a andar em direção a república.

- Não? – Ela passou na minha frente e então subitamente parou na minha frente. – Então quando vai ser?

- Será que não entende a gravidade da situação? – Falei já não conseguindo conter o mal humor.

- Não acha que está exagerando? – Cruzou os braços me olhando com um sorriso de escárnio, como se a errada ali, fosse realmente eu! – Foi só uma brincadeirinha.

Foi nesse momento que a raiva me subiu a cabeça e eu praticamente me vi dizendo:

- Christopher está preso na reitoria, correndo risco sabe lá do que e sabe do que mais? Eles tinham câmeras voltadas para os armários, malditas câmeras Dulce! Você não entende nada Dulce. – Desviei dela e voltei a andar. Graças a Deus agora não faltava muito para chegar em casa.

- Sou eu que não entendo ou o problema é ter “estragado” sua dança com Poncho?

- Cale a boca. – Me recusei a olhá-la, afinal faltava só um pouquinho pra esquecer que ela era minha amiga e voar em cima dela. Furiosa, abri a porta com tudo dando graças a Deus por não estar trancada.

- E o que acha? Que ele te pediria em casamento no final? – Ela entrou batendo a porta com força. Estava com tanta raiva quanto eu. - Acorda Annie, isso não duraria mais de cinco minutos!

- Quem pediria a Annie em casamento?

Completamente gelada, deixei que meu olhar fosse até o fim da escada. Lá em cima, no ultimo degrau, estava ele, o dono dos meus pensamentos e no momento, do meu maior desespero.

Frio era muito pouco para o que eu estava sentindo. Por alguns breves instantes era como se toda a terra e principalmente o tempo, estivessem congelados. Estava tudo tão silencioso que chegava a me assustar. Alfonso me observava a espera de uma resposta que eu não fazia a mínima ideia de qual seria.

- E então? – Ele começou a descer as escadas. – Não vão me explicar que história é essa de casamento? Aliás, por que estavam discutindo? Vocês nunca brigam.

Olhei para Dulce e ela parecia igualmente paralisada. Só faltava pendurar uma placa de culpadas pra completar o quadro trágico.

- E então? Vão ficar me olhando com essas caras até quando?

As desculpas mais bobas passavam pela minha cabeça enquanto Poncho nos fitava com os braços cruzados como um pai que pede explicação à duas crianças levadas.

- Bem sabe o que é?  Eu...

- A Annie encontrou com o Diego no baile.

  

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