01. Pinguim-Azul

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— Professora Ana? — a mulher ouviu uma voz conhecida tirá-la de seus pensamentos bruscamente.

A menina estava com o cabelo castanho solto e cheio de ondulações que davam um volume muito bonito ao cabelo e um contorno interessante ao seu rosto. Ela estava parada no batente da porta da sala de aula vazia, pedindo silenciosamente permissão para entrar através dos seus profundos olhos azuis. Ela carregava consigo um livro, como sempre fazia, ainda mais nos dias das aulas de educação física.

— Helena, pode entrar — Ana sorriu abertamente para adolescente de quinze anos que estava no primeiro ano do ensino médio.

— Está tudo bem? Parecia um pouco... — notou que a filha fez uma pausa encarando os olhos da mais velha com atenção. — Perdida — completou séria.

— Estava pensativa, só isso — a professora esclareceu. — Você não deveria estar na aula de educação física? — perguntou com o cenho franzido e retirando os óculos de grau que utilizava como auxílio para enxergar melhor de perto.

— Meu médico me liberou dos exercícios, lembra? — a adolescente falou puxando uma cadeira e sentando-se de frente com a mulher.

— Não sei como conseguiu essa proeza, querida — Ana comentou com seriedade. — Vitor me perguntou na semana passada o porquê de só você não realizar as aulas de educação física, sendo que seus irmãos são atletas exímios — observou a menina fazer uma careta ao enrugar o nariz e crispar os lábios.

— O que você respondeu? — Helena questionou apoiando os braços sobre a mesa de madeira e tamborilando a ponta dos dedos.

— Tive que dar uma explicação biológica para ver se ele deixava esse assunto passar batido. Nunca enrolei tanto — riu leve e deu de ombros. — Você não tem jeito, Helena — falou tentando esconder o sorriso maternal que pintava os lábios.

Helena, ao contrário dos irmãos, era uma romântica incorrigível que vivia perdida na leitura de seus livros. Nada de esportes para a menina, somente amor e personagens literários dignos de atenção.

— O que você está lendo hoje? — Ana perguntou apontando para o exemplar que estava no colo da filha.

— Orgulho e Preconceito — a menina respondeu abaixando os grandes olhos azuis e sorrindo ao passar o dedo pela capa.

Ana sabia que aquele era o livro preferido da filha. Helena já havia lido a história de Mr. Darcy e Elizabeth incontáveis vezes.

— Senhorita Becchio, você deveria estar em aula — Nicolas Avelar, o coordenador da escola, entrou na sala de aula com seu tom de voz firme e sério.

— Desculpa, tio Nico — Helena disse ficando vermelha e levantando-se. — Tchau pra vocês — ela se retirou rapidamente, quase tropeçando nos próprios pés que estavam calçados por um All Star branco.

Ana segurou o riso ao ver a filha passando por Nicolas com rapidez, mas sem tanta agilidade.

— Helena ainda foge das aulas do Vitor? — Nico perguntou sorrindo e Ana o acompanhou com um riso leve.

— Ela não tem jeito — deu de ombros.

Nicolas, ou simplesmente, Nico, era o melhor amigo da Ana. Tão amigo que os filhos dela o chamavam de tio, mesmo que ele não tivesse nenhuma ligação sanguínea com a família.

Ele não era só amigo da Ana, havia sido amigo de Leandro também. Os três começaram a dar aula praticamente juntos na escola e o trio era animado com a sua juventude na sala dos professores.

Nico também sentiu o baque de perder um dos melhores amigos.

— Como você está? — ele questionou ocupando o lugar em que Helena estava sentada anteriormente.

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