31. Pinguim-Imperador

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"Nada a ver ficar assim sonhando separado

Se no fundo a gente quer o dia a dia lado a lado

Eu não vou deixar você com esse medo de se aproximar

Pra ter um fim toda história um dia tem que começar"

(Dia a Dia, Lado a Lado –Tulipa Ruiz e Marcelo Jeneci)


ANA CAROLINA

Há mais ou menos duas semanas, quando sua mãe disse que ela deveria tentar sair com alguém e com toda a descoberta maluca da Operação Pinguim, Ana realmente começou a pensar sobre o assunto.

Além do mais, tinha seu sonho estranho com Leandro no hospital, onde ele afirmava que queria vê-la amando e sendo amada.

A iniciativa estava em suas mãos.

No início da semana recebeu uma ligação de Frederico, o médico estava convidando-a para um jantar e parecia empolgado e alegre com a possibilidade, mas Ana rejeitou o convite com muita delicadeza.

Lorenzo tinha ido buscar Tito um dia na casa de Ana Carolina e aproveitou para se desculpar pelo jantar desastroso e refez o convite para uma nova oportunidade, Ana também rejeitou. Neste caso, com ainda mais certeza de que não queria ir.

Ela ponderou sobre tentar novamente por duas semanas à fio, e mesmo assim recusou os convites que surgiram. Tinha que admitir para si mesma que sempre que pensava em recomeçar, lembrava-se de um par de olhos castanhos gentis, um sorriso de menino, mas um corpo com trechos literários tatuados para sempre.

Nicolas, o cara que a ajudou sem nunca querer algo em troca.

Era impossível não lembrar de todos os momentos em que ele foi um porto seguro para ela e para a família.

No dia em que soube da morte do marido, após avisar a dona Marta para que a mesma ficasse um pouco com as crianças para que Ana conseguisse resolver questões burocráticas, ela simplesmente surtou. Quebrou pratos e copos na cozinha, caiu no chão e ficou chorando desesperadamente. Ao menos até Nico chegar.

Nicolas, o homem que a segurou firmemente um dia na cozinha, após ela ter surtado ao saber da morte do marido. O homem que deixou que ela chorasse em seu colo.

Ele, o cara sempre gentil e carinhoso, não só com ela, mas com seus filhos.

Nicolas e ela tinham história. Isso Ana tinha que admitir, mas definitivamente tinha medo de tentar, ainda mais com ele.

Nicolas Avelar, o cara que nunca apresentou uma namorada porque nunca as amou o suficiente para isso. A chance de ser só mais uma era grande, e isso não a incomodava tanto. O problema estava nos vínculos afetivos.

Ana e Nicolas tinham história.

Não valia a pena estragar uma amizade de anos por alguns beijinhos. Não mesmo. Estava decidida. Nada aconteceria com Nicolas, mesmo que ela estivesse olhando para ele de forma diferente há algum tempo.

Sempre o achou bonito, charmoso como o diabo... Algo mudou efetivamente no dia em que ele falou sobre o encontro perfeito. Ali, naquele momento, Ana sentiu borboletas no estômago. Uma sensação que só havia sentido com Leandro.

Ela espantou os pensamentos e sorriu enquanto levantava-se para ajudar Nico a colocar a louça suja dentro da pia da cozinha. Os dois estavam em um silêncio confortável, mas ela sentia que existia algo a mais no ar. Era um esbarrar de braços, os sorrisos contidos, a música romântica que tocava no velho rádio da cozinha dele, era uma troca de olhares mais intensa que o usual.

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