30. Rinoceronte

Começar do início
                                    

— Helena é a Jesus da família — Marta comentou divertida e Ana não aguentou, soltou uma gargalhada alta demais e logo foi acompanhada por Lívia e Benito.

Ana notou que Júlia cumprimentou Helena com um abraço e um beijo, enquanto Matilda apenas acenou e logo se distanciou. Não demorou muito para que Júlia se aproximasse com Helena.

— Que saudades do meus sobrinhos favoritos! — Júlia falou animada e logo abraçando cada um deles.

Ana notou que ela se demorou mais no Benito e que sorriu ao ver a correntinha que não saía mais do pescoço do garoto.

— Venha querida, deixa eu te abraçar e tirar essa energia malévola que sua mãe transmite — Marta comentou logo abraçando a garota.

Ana sorriu com a pequena reunião familiar que haviam feito no mercado. Júlia contava várias novidades animadamente e todos pareciam uma grande família feliz, mesmo que faltasse alguém ali.

E dessa vez Ana não pensava em Leandro, mas em Matilda, que preferiu perder qualquer vínculo familiar à admitir que estava errada sobre o amor de Leandro e Ana.

Pessoas assim ficam sozinhas, como ela estava naquele mercado.

Solitária como os rinocerontes que, graças à sua personalidade impaciente, preferem ficar sozinhos.

No fundo, Ana sentia pena. Esperava que um dia a mulher mudasse a cabeça, mas enquanto isso não acontecia, Matilda ficaria sozinha.

— Então, Helena me contou sobre a tal Operação Pinguim — Marta comentou enquanto colocava açúcar no café

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

— Então, Helena me contou sobre a tal Operação Pinguim — Marta comentou enquanto colocava açúcar no café.

Ana e a mãe estavam na cozinha. As duas sentaram-se nas banquetas de madeira e tomavam um café quentinho que a mais nova havia feito.

— Dá pra acreditar? Meus filhos são completamente malucos...

— Completamente malucos pela sua felicidade! — Marta corrigiu sorrindo. — Ana, eles fizeram tudo isso só pra te ver saindo um pouco.

— Eu sei, eu sei... Mas foi uma ideia maluca — Ana falou antes tomar um gole do café quente.

— Sabe, seu pai era um cara muito bonitão. Era galanteador — Marta falou repentinamente séria e passando uma das mãos pelo cabelo. — Mas, você sabe, quando ele soube que eu estava grávida simplesmente sumiu do mapa.

Ana assentiu. Sabia que o "pai" havia sido um canalha e nunca o conheceu. Agradeceu aos céus por Leandro ter sido o completo oposto. Sempre uma fortaleza de tanto apoio.

— Depois que você nasceu, eu demorei muito tempo para sair novamente. Eu achava errado deixar uma criança pequena aos cuidados de outra pessoa para que eu simplesmente fosse me divertir um pouco. Como se ser mãe significasse o fim da vida da mulher. — Marta confessou com um suspiro. — De qualquer forma, você já estava com cinco anos quando eu realmente comecei a namorar de novo. Eu nunca deixava os homens entrarem na nossa casa e muito menos conhecerem você, mas eu saía e me divertia. Tudo com extrema responsabilidade, porque eu tinha que voltar por você.

Ana ouvia tudo com atenção. A mãe sempre foi falante, mas nunca tinha falado sobre aquele tópico em específico.

A vida de uma mãe solo.

— Eu estranhei muito. Era difícil entender que seu pai não ia mais voltar e era difícil aceitar um novo romance, mas eu tentei. Várias vezes. Alguns foram ótimos, outros nem tanto... Mas eu tentei, Ana Carolina — Marta pegou nas mãos da filha e sorriu. — Se você quer saber a verdade, a parte mais difícil é tentar. Depois que a gente dá o primeiro passo... o resto é pura e simples consequência.

Ana sorriu e apertou a mão da mãe levemente.

— Vou deixar uns panfletos que eu peguei no meu último cruzeiro — Marta comentou com um sorriso de lado que sempre significava que falaria alguma besteira. — Cruzeiro dos solteiros! Imagina, nós duas lá e um monte de homens lindíssimos e solteiros...

— Mãe! — Ana tentou repreender, mas riu com a ideia absurda da outra.

— Ah, lá eu não seria sua mãe. No máximo uma irmã mais velha. Imagina, aqueles homens vendo uma mulher do seu tamanho me chamando de mãe... vão achar que eu sou avó — Marta reclamou bebendo um gole do café.

— Mas você é avó!

— Ninguém precisa saber, né?

Ana soltou uma gargalhada alta e agradeceu aos céus por ter uma mãe tão forte e divertida. Dona Marta merecia o melhor sempre.

Nada de vida de rinocerontes para ela. Só o mais puro divertimento familiar e social.

 Só o mais puro divertimento familiar e social

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

N/A (18.07.2019)

Olá, demorou, mas chegou <3 

Esse capítulo é curtinho mesmo, bem tranquilo, porque teremos um último capítulo e um epílogo cheio de surpresas — inclusive com passagem de tempo... 

Enfim, nossa jornada está acabando e eu só consigo agradecer por cada um que esteve presente nessa aventura despretensiosa. Obrigada de coração mesmo! 

Segunda-feira teremos três atualizações (capítulo 31 + epílogo + notas finais), então fiquem todos espertos pra ler tudinho, hein!

Até lá e um excelente fim de semana para todos nós <3

Operação Pinguim | ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora