106.

6.9K 305 22
                                    

--- Bia On ---
Ao chegar a casa apenas me lembro de atirar umas quantas coisas contra a parede e arrastar tudo pelo frente. Ele não me podia ter feito isto. Não podia. Depois de quatro semanas aparece à minha frente como se nada fosse. Olho para a moldura que está no corredor e que contém uma foto nossa. Apenas pego nela e atiro-a para o chão, sendo que se parte em vários bocados. Sigo até ao quarto e ao acender a luz, tudo o que pertence ao Harry vai parar ao chão como se precisasse de destruir tudo o que me faz lembrar que aquele rapaz existe. Até a almofada dele eu destruí com a ajuda de uma tesoura, rasgando-a, e fazendo com que as penas ou lá o que seja esvoaçasse pelo ar. Como é possível ele fazer com que eu o odeie por amá-lo tanto. Não satisfeita fui até ao roupeiro e tudo o que é dele salta pelo ar. As lágrimas consomem-me e pela primeira vez acho que choro consoante a raiva. Sim raiva por amar tanto uma pessoa que me magoa da pior maneira. Sento-me encostada à parede e deixo-me deslizar até ao chão. Encolho-me levando os joelhos ao meu peito e soluçando de forma a deixar sair toda a dor que sinto. Não sei quanto tempo ali fiquei e quando levantei o meu olhar vou de encontro à minha mão onde vejo a minha aliança de namoro. Lentamente tiro-a do dedo e atiro-a para bem longe de mim, assim como retiro o colar que o Harry me deu, levando ele o mesmo tratamento. Mais uma vez acabei por sair magoada de uma relação. Ao fim de uns minutos oiço a campainha tocar, mas não ousei ir abrir a porta. Eu não queria, nem quero ver ninguém. Só quero que me deixem em paz. Levanto-me meio atordoada do chão e vou em direcção à casa de banho. Abri a água fria do chuveiro e mesmo de roupa deixei-me ficar ali com a água a cair. De alguma forma eu precisava de me abstrair do mundo. De tudo e de todos.
--- Bia Off ---

--- Zayn On ---
O que se passou no pavilhão entre a Bia e o Harry estava a dar com todos em doido. A minha irmã está magoada. Pude ver isso no seu olhar. Nunca a vi naquele estado em frente ao Harry. O Liam e o Louis foram deixar o Harry em casa, pois ele estava num estado lastimável. Enquanto isso eu e o Niall estamos a caminho de casa da minha irmã. Tentámos ligar várias vezes e ela simplesmente não atende. Tenho receio que ela tenha feito algum disparate. O Harry entregou-me a chave dele e pediu para eu cuidar da Bia. Engoli em seco com as suas palavras, pois o seu pedido era quase desesperante.
Quando coloquei a chave na porta olhei para o Niall que me dá um olhar de força. Aos poucos entrámos e aquilo que vejo deixa-me arrepiado. O sofá estava com as almofadas reviradas e revistas rasgadas. Os cd’s e dvd’s espalhados e com as caixas partidas. As fotografias com as molduras partidas. Peguei numa delas e chamou-me a atenção ser a fotografia do dia em que a Bia e o Harry começaram a namorar publicamente. Pensei no pior. O Niall chama-me a atenção para o som do chuveiro a correr. Ambos corremos para o quarto e lá a destruição continuava. Desde roupas rasgadas, penas de almofadas espalhadas e foi então me apercebi que tudo o que estava espalhado e destruído pertencia ao Harry. De caminho para a casa de banho o Niall encontrou duas coisas que chamaram a atenção – uma aliança e um colar. Pedi-lhe que ele os guardasse e ele assentiu. Entrei na casa de banho juntamente com o Niall e vi a Bia sentada no chuveiro com a água a correr.

- Oh Bia…

Ela está sentada sob a água que caia, com os joelhos puxados para cima e a cabeça entre eles não deixando ver a sua cara.

- Niall traz-me umas toalhas.

Levo a minha mão para tocar no seu ombro, mas ela afasta-se ligeiramente e entretanto reparo que a água está gelada. Preparo-me par desligar a água quando a Bia simplesmente me impede. Baixo o meu braço lentamente olhando finalmente para os olhos da minha irmã. Ela tem os olhos vermelhos de tanto chorar. Eles já não têm o seu brilho natural e estão mais escuros que o normal. Não queria passar para ela a preocupação que sentia por isso apenas tentei transmitir conforto e segurança. Quando ela se apercebeu disso apenas se encostou a mim abraçando-me. Sinto a presença de alguém atrás de mim.

Niall: Estão aqui as toalhas. (eu assinto em sinal de agradecimento)

Mais uma e com a ajuda do Niall desliguei a torneira e levantei a Bia. O Niall enrolou uma toalha nela enquanto eu tirava a minha camisola que acava de ficar molhada. Eal voltou a pedir um abraço e eu recebia de braços abertos. Levei-a para o quarto, que apesar de aspecto destruído estava bem melhor. Acho que o Niall deu um jeito muito por alto. Sentei-a na cama e comecei a tirar-lhe a roupa molhada. Ela soluçava e murmurava qualquer coisa. Pedi que ela se vestisse enquanto eu e o Niall iriamos fazer um chá e assim foi.

- Parece que passou nesta casa um furacão. (digo colocando a água ao lume)
Niall: É. Um furacão chamado Beatriz Malik.
- O que eu faço Niall? Ela não vai aguentar assim. Tenho medo do que ela possa fazer com ela mesma. É bom que o Harry resolva isto. Porque se ele não resolver eu juro que ele não fica vivo para contar a história.
Niall: Tem calma Zayn. O Harry também não ficou bem. Tu sabes que ele ama a Bia mais que tudo, só não sabe como o demonstrar direito.
- Se ama é bom que faça algo.
Bia: Niall, o Zarry está contigo?

Olhamos para a Bia e vemos que apesar do seu ar cansado e destruído algo nela a faz preocupar-se ainda com os outros, deixando as suas próprias emoções de lado.

Niall: Sim, ele está comigo. Queres que to traga?
- Por favor. Não quero ficar sozinha.

Ela senta-se à mesa e calmamente bebe o seu chá. Ela está vestida com uma camisola que eu bem conheço, por ser do Harry. Eu bem digo que aquele rapaz tem muito que trabalhar. Mesmo depois de receber um estalo e um murro. De a Bia ter destruído grande parte da casa e tudo que a faz lembrar aquele idiota, ela ainda veste uma camisola dele. Como se precisasse disso para o ter por perto.

- Bia queres falar sobre o que aconteceu?
Bia: Foi ele que descobriu a verdade, não foi? (pergunta agarrando a caneca com as duas mãos)
Niall: Sim foi.
Bia: Foi por isso que ele foi embora deixando-me sozinha?
- Ele não te deixou sozinha…
Bia: Não?! Deixa-me rir Zayn. Por favor contem-me o que realmente se passou. Eu preciso disso para entender qual a realidade em que vivo.

Tanto eu como o Niall contámos à Bia tudo o que o Harry fez e as razões para tal. Tenho noção que se ela falasse com ele neste momento iria haver mais estalos e gritos. A única coisa que eu e o Niall omitimos foi mesmo a parte de que é o Harry o autor dos cafés e dos smiles. Sendo a única coisa que a fez sorrir nos últimos tempos, acho que devo preservar essa memória e ser o Harry a contar-lhe.
Passamos o resto do dia juntos a conversar sobre diversas coisas. Um assunto quase proibido era o nome Harry. O Niall foi buscar o Zarry e quando ele entrou em casa vinha todo feliz. Essa felicidade contagiou-nos e a Bia finalmente sorriu, mesmo que tenha sido um sorriso tímido. Os três ainda demos um jeito à casa que tinha ficado um bocado virada do avesso com a impulsividade da Bia. Nenhuma palavra foi trocada sobre o assunto da destruição e acho até que foi melhor assim. No fim despedimo-nos dela e garanti que ela me ligava, fosse a que hora fosse, se precisasse de algo.
Saí de casa da Bia na companhia do Niall e agora estava na hora de enfrentar nova fera – o Harry. Pelo estado em que saiu do pavilhão ele também estava um caco. Seguimos então para casa dele. Os pais dele receberam-nos de braços abertos dizendo que o Harry estava no quarto. Bati à porta e quando entrei deparei-me com um Harry olhando a janela e atrás dele o Liam e o Louis murmuravam qualquer coisa.

- Como é que ele está? (pergunto a um deles)
Liam: Mal. E a Bia?
Niall: Péssima. Resumindo passou um furacão lá em casa.
Louis: Hã?!
- Ela destruiu tudo ou quase tudo o que fizesse lembrar dele. (olho para o Harry que continua fixo no horizonte)
Liam: Que fazemos agora?
Niall: Não faço ideia, mas acho que ela se decidiu. (retira do bolso a aliança e o colar)
Louis: Oh meu Deus. (olha para o Harry que fixa a mão do Niall)

Vimos o Harry levantar-se do local onde está e pegar na aliança e colocá-la no colar como pendente, colocando logo o colar no seu pescoço. Ele voltou a sentar-se em frente à janela e ficou em silêncio até se ouvir a sua voz.

Harry: Eu vou reconquistá-la. (diz fechando os olhos e respirando fundo)
- Não vai ser fácil, Harry.
Harry: Há um ano atrás prometi que não ia desistir dela nem de nós. E pretendo cumprir a minha promessa. Eu amo-a demasiado para não cumprir.

Sorri ligeiramente, pois eu sabia que o Harry não ia desistir dela. Por mais zangado que estivesse com ele, esta frase deu-me o que precisava para confiar que ele iria resolver as coisas.
Minutos mais tarde despedimo-nos do Harry. Ele ainda nos disse que amanhã iria começar a batalha dele, mas não iria desistir. Posso garantir que fiquei aliviado com as suas palavras, mas na minha cabeça apenas consigo pensar na Bia e em como ela vai reagir a tudo.
--- Zayn Off ---

--- Harry On ---
Depois de ter recebido das mãos do Niall a aliança da Bia e o colar que eu lhe ofereci, simplesmente eu percebi que tnho de fazer qualquer coisa para a reconquistar. Eu sei que fiz asneira em afastar-me e estou prestes a pagar um preço muito alto por isso, Assim olhei a minha secretária onde a fotografia dele estava e fez-se luz na minha cabeça. Já sabia por onde havia de começar. Liguei o meu computador e pesquisei a florista onde eu poderia encontrar rosas bejes. Sei que a Bia tem panca por esta flor e eu nunca entendi porquê. Fiz o pedido via e-mail para que fosse entregue todos os dias na pastelaria uma rosa desta cor. Logo de seguida liguei para a pastelaria e de modo a garantir que a Bia continuaria a receber os cafés grátis. Mas informando que desta vez o café seria acompanhado de uma flor devidamente entregue diariamente. O empregado foi fantástico e prontificou-se a ajudar. Acabei por me deitar e adormecer a pensar no que poderia eu fazer para tê-la de volta.

Acordo com o meu despertador irritante. Tomo o meu banho e desço para tomar o pequeno-almoço. A minha mãe sorri quando lhe conto a ideia que tive e o meu pai chamou-me romântico. Pelo menos tenho de começar por algum lado. Segui até à pastelaria onde pedi um café e uma garrafa de água. Sento-me na esplanada e vejo a Bia ao longe chegar acompanhada da Inês. A Inês olhou para mim e acenou. Enquanto elas estavam lá dentro enviei uma mensagem à Inês dizendo para ela não se sentar na minha mesa nem sequer falar na minha presença.
Vejo-as novamente saírem e sentarem-se na esplanada, esperando o que tinham pedido. Quando o empregado veio com o tabuleiro delas pude ver a cara de espanto da Bia quando viu que o café desta vez não trazia só um smile, mas também uma rosa beje. Vi o seu sorriso aparecer e o meu coração palpitou fortemente com a cena. No meio do café a Bia repara na minha presença e noto-a desconfortável. Ela levanta-se e antes que se fosse embora eu apressei-me a impedi-la.

- Bia espera. (digo para ela que se encontra de costas)
Bia: (vira-se para mim) Beatriz para ti.
- Podemos falar?
Bia: Não temos nada para falar. Tu disseste tudo naquela discussão.
- Tu és mesmo teimosa.
Bia: Deixa ser. Acho que está tudo mais que falado.
- Estás a ser intransigente. Deixa-me explicar as coisas.
Bia: Explicar, o quê? Explicar que duvidaste de mim e te afastate deixando que eu pensasse que tinha feito algo de errado. Explicar que em vez de teres resolvido tudo comigo fugiste…
- Eu não fugi. Eu sei que errei. Desculpa.
Bia: Tarde demais para desculpas. Vamos embora Inês. (vira costas)
- Espera. (agarro o seu braço)
Bia: Larga-me. Eu odeio-te. (puxo-a para miM)
- Não, não odeias.
Bia: Odeio sim. Odeio amar maneira como sorris para mim e me fazes corar. Odeio amar a maneira como me amas. Odeio amar a maneira como me reconfortas quando preciso. Odeio amar a maneira como me fazes feliz. Odeio amar a maneira com me tocas. Odeio amar os teus beijos. Odeio amar a maneira como tomas conta de mim. No fundo eu odeio-te por te amar tanto.

Posso ver lágrimas nos seus olhos e mais uma vez fiquei preso naquele olhar tal como da primeira vez que a vi.

*Flashback On*
Vou em direcção à aula quando no corredor choco com duas raparigas e por sinal novas.

- Vejam por onde andam. (digo meio rudemente)
Bia: Desculpa. Isto é público e nós estamos atrasadas.
- Mais uma razão verem por onde andam. (olha-a profundamente)
Bia: Já pedi desculpa, ok? (diz já meio alterada)
- Oh miúda tu sabes com quem estás a falar? (pergunto com alguma fúria)
Bia: Sim sei. Estou a falar com um idiota mal criado que me está a atrasar para as aulas.

Vira costas e quando ia em direcção ao corredor que dava acesso à sua sala, agarro-lhe o braço. O meu olhar fixou o dela e foi como se tivesse sido enfeitiçado.

- Ouve lá minha menina. (aperta o seu braço)
Bia: Estás a magoar-me. (diz quase num sussurro)
- (olho para os seus olhos cheios de lágrimas e sinto-me arrependido) Desculpa. (digo fracamente)

No corredor, fiquei meio perdido com o que se passou. O seu olhar não me sai do pensamento e não o conseguia esquecer. Acho que me apaxonei por um olhar. O mais bonito que vi até hoje.

XXX: Então meu… O que é que se estava a passar com a miúda?
- (olho para o corredor já vazio) Nada Louis. Nada de especial.
Louis: Ok. Vamos para a aulas que já estamos atrasados.
*Flashback Off*

Mais uma vez ao olhar para o seu olhar fiquei apaixonado. É como se o olhar da Bia tivesse a capacidade de me fazer apaixonar por ela vezes sem conta. Sinto as nossas repirações aceleradas e estou estáctico como se tivesse preso no tempo. Vejo fechar os olhos quando passo o meu polegar sobre o seu rosto, sentindo o meu toque.

- E eu amo a maneira como me odeias. (falo num sussurro e com a voz meio rouca)

As nossas bocas estão demasiado próximas e quando estão quase coladas começa a chover fazendo com que a Bia e eu despertemos do transe. Ela afastasse repentinamente e agarrando na flor e no bilhete do smile, vira costas indo em direcção ao carro onde a Inês a esperava. Tive tão perto de a voltar a sentir que nem sei bem o que se passou aqui. Começo a sentir o casaco molhado e corro até ao carro onde me deixo ficar perdido nos pensamentos. Ela ama-me que eu sei. Apenas está magoada e eu tenho de fazer tudo para reverter a situação. Já perdi uma pessoa importante para mim e não faço contas de perder mais nenhuma.
--- Harry Off ---

Hate and LoveWhere stories live. Discover now