85.

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Acabei de chegar a casa e o meu sorriso não poderia ser maior. Ter o meu irmão de “volta” faz-me sentir bem. Olho em volta e vejo o Zarry correr na minha direcção o que faz a Mel gargalhar. A Perrie e o Zayn ficam para almoçar. Enquanto o Zayn brinca com a Mel e com a Jessie, eu e a Perrie decidimos ir ajudar a minha mãe no almoço.

Ellen: Pelo teu sorriso vejo que fizeste as pazes com o teu irmão. (diz enquanto eu lhe dou um beijo)
Perrie: É verdade Ellen. Finalmente eles entenderam-se. O Zayn andava impossível por estar de mal com a irmã.
- Eu também não gosto de estar mal com ele. Mas agora está tudo resolvido.
Ellen: Fico feliz por isso. (sorri) Bem, vão pondo a mesa que eu estou quase a terminar o almoço.
Perrie: O James não almoça?
Ellen: Ele deve estar a chegar.

Dito isto oiço a porta da rua e sei imediatamente que é o meu pai. As vozes aproximam-se da cozinha e o Zayn entra na companhia do nosso pai, com a Jessie nos braços.

James: Olá. (dá um beijo à minha mãe e cumprimenta a Perrie)
Ellen: Ainda bem que chegaste. Assim já podemos almoçar.
Perrie: E tu pequenina? (pega na Jessie)
Zayn: A Mel adormeceu e eu fui colocá-la na caminha dela.
Ellen: Obrigada.

Sentamo-nos à mesa e eu notava que a minha mãe passava o seu olhar de mim para o meu pai e vice-versa.

Perrie: James temos uma novidade para contar.
James: Não me digam que vão ser pais novamente.
Zayn: Nada disso pai. A Jessie ainda é muito pequena para pensar em ter filhos novamente.
Ellen: Se bem que um neto era sempre bem vindo.
James: Mas então qual a novidade?
Perrie: O Zayn e a Bia fizeram as pazes.

Noto o olhar do meu pai posto em mim. Até dá a sensação que ele me quer ler a mente. Tudo o que eu mais queria era ir abraçá-lo e tê-lo de volta, mas não me parece que isso vá acontecer. Eu desviei o meu olhar e olhei o Zayn que me sorri.

James: Fico contente por ver que está tudo a resolver-se. (engole em seco e o seu olhar fica triste)

O Zayn olha para o pai e depois para mim e reparo que quer dizer qualquer coisa, mas não se atreve a fazê-lo.
O resto do almoço decorre na maior calma, mas eu continuo de poucas falas. Decidimos ir até à sala beber o café. Sento-me no puff perto do sofá e o Zarry vem ao meu encontro. Sinto-me triste por ver que as coisas com o meu pai estão difíceis de se resolver.
Vejo a minha mãe vir do quarto com a Mel ao colo. Ela vinha toda sorridente. Ela tem um sorriso que deixa toda a gente bem disposta.

James: Olha a princesa do pai já acordou. (pega nela e dá-lhe um beijo na testa ao que ela ri)
Perrie: A Mel está cada vez mais parecida com a Ellen.
James: É verdade. Tem os olhos do Zayn, mas o sorriso é sem dúvida da Ellen.
Ellen: James, não digas isso dessa forma que fico sem jeito. (cora um pouco o que me leva a sorrir pela situação)
Zayn: Ellen mas é verdade. A minha irmã e linda com a mãe.

Mantenho o meu silêncio vendo apenas o desenrolar da situação. A Perrie olha para mim e nota que algo está mal, mas eu apenas lhe sorrio e continuo a beber o meu café. O Zarry apercebe-se do meu estado de espirito e enrola-se junto às minhas pernas.

Ellen: A Mel em termos de parecenças pode ter traços de parte a parte, mas a personalidade é sem dúvida dos Malik. E de um em especial. (olha para mim e eu engulo em seco)
James: Sem dúvida que o Zayn e a Mel são bastante parecidos.

Esta frase mexeu comigo de uma forma indiscritível. O meu pai apenas falou do Zayn e da Mel. Então e eu? Eu também sou sua filha, ou não?

James: Tem a personalidade bem vincada. É bastante determinada e sabe o que quer. Tenho a certeza que quando crescer vai ter o maior sucesso. Tive sorte nos filhos que me calharam. Tenho orgulho neles. (sorri e depois de dar um beijo à Mel, abraça o Zayn)

O meu coração dói ao ver a maneira como ele fala. Queria que ele também tivesse orgulho em mim. Não aguento mais esta dor. Sinto lágrimas a formarem-se nos meus olhos, mas não vou chorar. E para isso nada como pisgar-me daqui para fora.

- Eu vou para o meu quarto. (falo com a voz tremula)

Levanto-me e sem olhar para nenhum deles sigo o caminho para o meu quarto. Ainda oiço a Perrie perguntar se está tudo bem, mas eu não lhe consigo responder. Óbvio que não está tudo bem. Não é que eu tenha ciúmes dos meus irmãos, mas custa ver o meu pai elogiá-los e eu a ver de fora.
Deito-me na minha cama e respiro fundo para me tentar acalmar. Uma tarefa que se torna quase impossível. Não dou conta e deixo as lágrimas caírem livremente. Encolho-me e agarro uma das almofadas deixando-me consumir pela tristeza de ver o meu pai afastar-se de mim, como se eu não tivesse importância para ele.

Lentamente abro os olhos e vejo que já é noite. Noto que tenho uma manta a tapar-me e deduzo que alguém devia ter aqui estado. No meu telemóvel encontra-se uma mensagem do Harry o que me faz sorrir. Hoje não podíamos estar juntos pois ele iria com os pais tratar de uns assuntos relacionados com a campa do Thomas. Pelo que o Harry me contou alguém vandalizou o cemitério e muitas das campas ficaram em mau estado. Eu queria estar a seu lado, mas tenho noção que aquilo é um assunto delicado para a família e não me quero intrometer. Mesmo que a Anne, o Ben e o próprio Harry me digam que eu pertenço à família.
Olho em volta e reparo na foto de mim com os meus irmãos e o meu pai tirada no dia em que a Mel nasceu. Inevitavelmente uma lágrima atraiçoa-me e cai pelo meu rosto. Oiço alguém bater à porta e eu limpo rapidamente a cara.

XX: Vinha cha… Estiveste a chorar? (pergunta aproximando-se de mim)
- Não. É impressão tua. (desvio o meu olhar do seu)
XX: Bia eu conheço-te. Que aconteceu? Porque saíste da sala a chorar?
- Eu não saí a chorar Perrie.
Perrie: Não? Então o pai natal existe e eu não sabia. Vá conta lá o que se passa.
- (liberto um soluço e ela abraça-me) Porquê que ninguém tem orgulho em mim?
Perrie: O que estás a dizer?
- Uma das pessoas que eu quero que tenha orgulho em mim, odeia-me. Não me fala e ignora muitas vezes a minha presença. Ele adora os meus irmãos. Porque não fala para mim? Sou assim tão má pessoa? (choro no seu colo)
Perrie: Se estás a falar do teu pai, fica sabendo que ele tem muito orgulho em ti.
- Tenho dúvidas.
Perrie: Quando saíste da sala naquele estado ele desabafou e disse que tem saudades tuas. Tem saudades da sua pequena.
- Então porque não o demonstra?
Perrie: Ele tem medo que o rejeites. Que rejeites a sua presença e a sua tentativa de aproximação. O teu pai tem noção que te magoou bastante e não sabe como fazer para se desculpar.
- E eu também tenho os meus medos… Eu só queria que naquele dia ele não me tivesse feito o que fez.
Perrie: Ele arrepende-se disso amargamente.
- Então tem uma maneira muito estranha de o demonstrar. (suspiro)
Perrie: Ele veio aqui passado uns minutos, e quando regressou à sala disse que estavas a dormir.

E com isto o meu coração aqueceu um bocadinho. Afinal já descobri quem me cobriu com a manta. Mas será mesmo que ele se importa comigo? Será que ele tem saudades minhas, como eu tenho dele? Queria ter a resposta a estas perguntas, mas isso é mais complicado do que parece.
Mais uma vez alguém bate à porta e desta vez o Zayn entra dizendo que o jantar estava pronto.

Desta vez o jantar foi calmo. Respondi a algumas perguntas sobre a minha viagem que só por acaso é já amanhã à noite.

Ellen: Eu vou buscar a sobremesa.
Zayn: Bia e vais aguentar estar sob aquela pressão toda?
- Não sei como te explicar o nervosismo que tenho, mas tenho de saber ultrapassar isso.
Perrie: E vais conseguir que eu sei.

A minha mãe regressa com o sobremesa e eu automaticamente sorrio pois o bolo que ela traz é nada mais, nada menos que o famoso bolo de iogurte coberto de chocolate e pedaços de morango. É o meu preferido sem dúvida. É este e o bolo de ananás do Harry. Sim ele faz um bolo de ananás de comer e chorar por mais.
O meu pai começa a partir o bolo e entrega uma fatia a cada um. Cada um com excepção de mim. Ele corta a uma última fatia e pega em dois garfos dando-me um a mim. Com alguma relutância eu pego no garfo para tentar entender o que ele quer fazer.

James: Pensei em dividir a minha fatia contigo. (diz olhando para mim com carinho)
- Está bem… (respondo baixinho trocando de lugar com a Perrie para ficar sentada ao lado dele)
Zayn: Pai, isto está delicioso.
Ellen: Valeu a pena ficares duas horas na cozinha. O bolo está divinal. (diz para o meu pai sorrindo)
Perrie: E tu Bia que achas? Pelo que sei é o teu preferido.

Eu ainda estou em transe. Saber que o meu pai fez o meu bolo preferido, que me aconchegou enquanto eu dormia, que no fundo se importa comigo, deixa-me confusa em relação à minha maneira de agir. Olho para a minha família e de seguida para o meu pai. Sei que todos eles esperam uma resposta minha, mas eu faço melhor que isso. Num impulso largo o garfo e abraço o meu pai com toda a força. Como se precisasse deste abraço para sobreviver. Ignoro os sorrisos presentes na sala e quando finalmente sinto os braços do meu envolverem-me, liberto um pequeno soluço e do nada lágrimas caem pelo meu rosto.

James: Ei pequena, não chores. (abraça-me mais forte e dá-me um beijo no topo da cabeça)
- Desculpa pai… (falo entre soluços)
James: Eu é que tenho de pedir desculpa. (liberto-me do seu abraço e ele olha-me com o seu olhar brilhante) Fui burro em pensar que o Jack ocuparia o meu lugar como teu pai. Foi ele que te criou, que te deu o lar que eu e a tua mãe Bella não demos. Foi ele que em parte te deu o amor paternal que não tiveste da minha parte. Mesmo que esse amor tenho virado um autêntico pesadelo, eu agora entendo as tuas razões. Depois de ouvir o Harry e todos aqueles que gostam de ti, eu entendi que realmente precisavas de o ir ver para te libertares do pesadelo por que passaste. Eu tinha prometido que ninguém te magoaria, errei e estive a meros segundos de cometer o mesmo erro que ele. Odeio-me por isso. Fiquei mal comigo mesmo e recrimino-me por ter tido a atitude que tive. Nunca que te magoar com palavras e muito menos com atitudes. (vejo que também ele está de lágrimas nos olhos) Custou muito chegar a casa nestes dias e ver-te triste e distante. Queria tanto abraçar-te tal como abraço a Mel ou o Zayn.
- Porque não o fizeste? Doeu ver-te dar um beijo de bom dia ou boa noite à Mel, sendo que eu não recebia nenhum. Doeu pensar que não querias ter contacto comigo. Que tinhas orgulho no Zayn e na Mel, mas não em mim. (baixo o meu olhar e lágrimas voltam a cair) Doeu hoje ouvir-te dizer que o Zayn e a Mel são parecidos. Podes pensar que estou a ser infantil e que tenho ciúmes dos meus irmãos, mas eu apenas queria que tivesses orgulho em mim também. (volto a olhá-lo e ele sorri limpando as minhas lágrimas)
James: Se não te abracei foi apenas por medo que me rejeitasses. Eu queria muito pedir-te desculpa, mas não sabia como. Sim, a Mel pode ter os olhos parecidos com os do Zayn, mas na personalidade saiu a ti. Ela é uma guerreira tal como tu, mesmo que ainda seja uma bebé de poucos meses. Não acho que estejas a ser infantil e é normal que tenhas sentido isso tudo. Hoje à tarde quando te vi a dormir, notei que tinhas estado a chorar e não imaginas como ficou o meu coração de saber que em parte a culpa era minha. Eu apenas queria poder ter evitado essas tuas inseguranças. Pois se há pessoa em que eu tenho orgulho, essa pessoa és tu. Admiro toda a coragem que tens para enfrentar os desafios por mais difíceis que sejam. Sei que por dentro dessa tua capa de menina forte é mais frágil e sensível do que aparentas. Nunca duvides do meu orgulho por ti. Amo-te de coração. A ti e aos teus irmãos.
- Obrigada…

Abraço-o mais uma vez e finalmente sinto-me em paz e segurança. Nunca pensei que este sentimento fosse regressar novamente. Aquela sensação que ele me transmite desde o início voltou a estar presente e não abdicar disso nunca.
Oiço um suspiro da parte da Mel e ao olhar para ela sorrio, tal como ela sorri para mim.

Ellen: Ela pareceu entender que o pai e a irmã se entenderam de vez. (sorri para nós com muito carinho)
Perrie: Vês. Eu disse-te que tudo se ia resolver. (diz-me enquanto pega no biberão da Jessie para lhe dar)
Zayn: Fico tão contente que finalmente nos tenhas desculpado, Bia.
- Zaynie eu já não aguentava mais estar longe de vocês. (sorrio)
James: E que tal acabarmos a sobremesa.
- Só se eu tiver direito a terminar a minha fatia sozinha.
James: Oh…
- Não tenho culpa de ser o meu bolo preferido. (rio provocando a risada na sala)

O dia que tinha começado mal, terminou da melhor maneira. Finalmente tenho o meu irmão e o meu pai de volta. A sensação de paz voltou para mim e assim espero que continue.
Depois de muita risada e conversa, no fim da noite o meu irmão e a família vão para casa e eu acabei por ir dormir. Não sem antes telefonar ao Harry e contar o que aconteceu. Ele ficou imensamente feliz por mim e disse que no dia seguinte queria tomar o pequeno-almoço comigo, pois estava cheio de saudades, mesmo que só estejas longe há vinte e quatro horas.
Mesmo antes de adormecer oiço alguém a bater à porta do quarto e entrar com suavidade.

- Mãe… Aconteceu alguma coisa?
Ellen: Não. Apenas queria ter a certeza que estás bem e feliz. (senta-se a meu lado na cama)
- Mãe, eu estou bem. Nada me faz mais feliz do que ter feito as pazes com o Zayn e com o pai.
Ellen: Ainda bem querida. (dá-me um beijo na testa) Dorme bem. Amanhã é dia da tua viagem e ainda tens coisas para arrumar. Descansa.
- Boa noite mãe.
Ellen: Boa noite.

Ela sai fechando a porta atrás de si e eu embrulhada no pensamento da viagem lá consigo deixar-me vencer pelo sono.

Hate and LoveWhere stories live. Discover now