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—- Harry On —-

Isto é de loucos. Desde aquela noite em que apanhámos mais um susto com o Thomas eu e a Bia estamos mais afastados. A principio pensei que isso nos juntasse e nos fizesse ficar unidos contra os obstáculos que enfrentamos, mas enganei-me. Depois de lermos aquele maldito envelope nada foi igual. Tentei falar com ela e fazê-la ver que estávamos errados e juntos poderíamos ultrapassar a situação, mas ela não quis saber. Agora aqui estou eu no anexo de casa dos meus pais – o único sitio onde me sinto em paz e sossego. Sei que és estúpido, mas depois de mais uma discussão hoje à tarde eu não consegui ficar em casa. Sei que amanhã à tarde vou de viagem e isso custa-me mais que tudo. Ir embora e deixar o Thomas, mas ir chateado e de costas voltadas com a Bia está a consumir-me por dentro. De onde aquela rapariga me saiu tão teimosa. Mas em parte foi essa teimosia que me encantou nela. Só queria tentar entender o que ela está a sentir e a pensar.

Olho novamente para o papel à minha frente e depois de escrever a última frase, dou conta que a música que acabei de escrever está perfeita e encaixa na perfeição em relação aos meus sentimentos neste momento. Pego no caderno e dirijo-me a casa dos meus pais onde vou ficar a noite. Não que eu não queria ir para casa, mas não quero discutir com a Bia.

Entro em casa e a minha mãe está no sofá a ver um filme na companhia do meu pai. Desejo boa noite aos dois que me olham meio preocupados, mas não fazem perguntas. Não as fazem pois sabem que necessito de tempo para mim e para colocar as ideias em ordem. Subo ao meu antigo quarto e depressa várias memórias me vêm ao pensamento. Memórias com o meu irmão, mas sobretudo momentos que passei com a Bia e como ela era e continua ser aquela menina timida e sossegada que se tornou numa grande mulher. Pego na foto de nós dois que está na secretária e sorrio ao pensar em como estávamos felizes naquele dia. Volto a colocar a foto no seu local e depois de trocar de roupa deito-me tentando dormir, o que é uma tarefa impossivel.

Depois de voltas e mais voltas sem pregar olho sento-me na cama e olho para o meu telemóvel. Pego nele e desbloqueio vendo uma foto do Thomas com a Bia. No momento em que o meu cérebro se depara entre o digitar ou não uma mensagem, o nome da Bia brilha dando conta que ela me enviou uma mensagem. Mensagem essa que foi enviada como e-mail. Achei estranho, pois a Bia prefer falar comigo cara a cara, mas visto a situação dos últimos dois dias já nem digo nada. Depressa a abro lendo o que ela escreveu...


"Amor, como sabes eu nunca fui muito boa a exprimir o que sinto e muitas vezes prefiro guardar segredos e mistérios do que se passa comigo. Mas como estás de partida e eu não quero que vás zangado comigo apenas esta foi a maneira que encontrei para te explicar o que se passa comigo. Nem sei se vai ler isto antes de ires embora ou já quando estiveres em Itália. Sabes, dói não te ter aqui comigo e estar zangada contigo. Desculpa se fui burra em não ter dito nada dos envelopes, apenas não queria que te preocupasses. Já sei que vais dizer que te devia ter contado desde início e poupávmaos este ambiente. Tens razão eu deveria ter-te contado desde o primeiro que recebi, mas tive medo. Medo que cada ameaça se concretizasse e com isso te perdesse a ti e ao Thomas. Medo que me achásses paranóica e que como todos diziam que poderiam estar a pensar que eu estivesse com uma depressão pós-parto. Quando tu mesmo encontraste o último envelope no quarto do nosso filho e o leste, eu sabia que estava entre a espada e a parede para te dizer o que se estava a passar nos últimos meses. Peço desculpa por não ter confiado em ti o suficiente para te contar o que se estava a passar. Acredito que te sintas "traído" por te ter posto de parte, mas nunca me passou pela cabeça magoar-te e espero que entendas isso. Depois da nossa discussão de hoje senti-me sozinha. Tenho receio que a tua viagem te afaste de mim. Eu não te quero perder, mas sei que este medo estúpido pode vir a estragar tudo. Tu confias em mim com tudo o que tens e eu simplesmente não te consigo demonstrar isso da minha parte. Estes últimos três dias têm sido horriveis sem ti. Quer dizer, ter-te perto e longe ao mesmo tempo. Hoje o Thomas quando estava no banho olhou em volta como se estivesse à tua procura. Ele sente a tua falta, muito mesmo. Tal como eu também sinto. Talvez esta tua viagem nos faça bem, acho eu. Talvez consigamos ficar ainda mais fortes, mas o medo e insegurança que tu não voltes para mim paira no ar a todo o instante. Isto já para não falar nas malditas ameças. Era tudo tão mais fácil se esta sombra não nos atormentasse. Bem acho que esta mensagem já está tão grande que ou muito me engano ou vai parar ao teu e-mail. Eu e a mania de me estender a falar. Apenas termino pedindo que voltes para mim. Eu e o Thomas precisamos de ti e acima de tudo queremos que voltes para nós.

Hate and LoveTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang