Hate and Love

58.

--- Bia On ---
Sem dúvida foi o melhor Natal que tive até hoje. Finalmente tive a minha família de volta. Acho que nunca tinha recebido tantos mimos como este ano. Dou por mim a rir e a relembrar a cena que o Zayn fez quando o Zarry lhe roubou um pedaço do bolo que ele ia comer. A Perrie estava muito mais sorridente e a cumplicidade entre ela e o meu irmão era cada vez mais evidente. Perto da meia noite o Harry ligou a desejar-me Feliz Natal e disse que estava em contagem decrescente para o regresso. Disse também que mal podia esperar para ver a minha cara quando me deparasse com ele na passagem de ano. Assim que perguntei o que ele tinha feito, ele apenas respondeu para eu confiar nele. Escusado será dizer que me passaram várias coisas pela cabeça. Desde ter cortado o cabelo, mudado de estilo, mas no fim lembrei-me que ele planejava fazer mais uma tatuagem. Ai se foi isso até tenho receio do que vem daquela cabeça. Eu adoro as suas tatuagens, mas já lhe disse que alguma faziam sentido, ao que ele respondeu que todas elas tinham uma história. No fim dessa nossa conversa ele ainda me confessou que tem um presente para mim. Dito isto deparei-me com um problema – a prenda de Natal dele. Eu comprei-lhe o disco de vinil da sua banda preferida e digo desde já que corri Londres inteira para o encontrar. Eu disse que isto é um problema porque pelas palavras dele, o que ele tinha para mim era algo bastante especial e fico com receio que ele fique desiludido com o seu presente. O Niall e a Inês vieram mais felizes que nunca da viagem à Irlanda. O Niall apesar de tudo conseguiu finalmente entender-se com a mãe e estava radiante com isso quando eu e o Liam o fomos buscar ao aeroporto. Parece que depois de uma conversa intensa e cheia de choro, eles entenderam finalmente que o amor de mãe e filho supera todas as adversidades.
Neste momento encontro-me a acabar o visual da passagem de ano. Sim é verdade. O tempo voou e já estamos no fim de ano. O Ben e a Anne convidaram os meus pais para passar o ano com eles e pelos vistos era uma festa num teatro. Claro que os pais do Harry e ele mesmo apenas chegaram hoje e com esta história das festividades ainda não estive com ele. Ficámos de nos encontrar na festa que organizámos em casa do Louis. A mesma casa onde passámos as nossas férias. A casa onde recuperei a memória e onde recebi o Zarry. Estava contente por lá voltar, mas com receio que o Jace lá aparecesse. Afinal foi nessas férias que o Louis e o Harry quase acabaram com a amizade que os une. Uma coisa boa no meio disto, é o facto do Niall não ir ser o único solteiro. Sim desta vez a Inês estaria presente e isso deixava-me feliz. Feliz pelo Niall, mas acima de tudo feliz por ela que parecia finalmente ter encontrado o amor de alguém e era correspondida. Estou a colocar a pulseira que o Harry me deu quando oiço a campainha tocar. Pego na mala e no casaco e corro a atender a porta e vendo um Zayn e um Niall completamente aprumados, acompanhados das respectivas namoradas.

- Elah, mas onde é que vocês vão assim vestidos?
Niall: Vamos a caminho da melhor passagem de ano de sempre. (sorri largamente e entrando procurando o Zarry) Posso saber onde está o meu amiguito?
Inês: Começo a pensar que gostas mais do cão que de mim. (finge-se de amuada)
Niall: Não digas asneiras. Eu adoro-te e tu sabes disso. (dá-lhe um beijo)
Perrie: Bem e tu Bia… Estás pronta para o melhor fim de ano de todos os tempos?
- Se não tivesse este vestido podes ter a certeza que estava melhor, mas sim estou preparada. (sorrio)
Zayn: Esse vestido fica-te lindamente e de certeza que há alguém que vai adorar ver-te com ele. (coro pois sei de quem ele fala)
- Sim, sim. Vamos?
Niall: Sim vamos. Os teus pais?
- Já foram ter com os Styles. A mãe Bella sempre decidiu ir? (pergunto ao Zayn)
Zayn: Depois de muito a convencer a tua mãe lá fez com que ela fosse.
Inês: Meninos. Vamos lá que a viagem ainda é longa.

Todos assentimos e depois de me ter certificado que o Zarry tinha água e comida para uma noite, saímos de casa em direcção ao carro.
A viagem demorou cerca de uma hora e a cada metro que nos aproximávamos o meu coração acelerava. Eu estava calada e perdida nos meus pensamentos quando o carro pára e me deparo com o nosso destino. Um sorriso apodera-se de mim pois dentro de instantes voltarei a estar nos braços do meu namorado.
Entrámos na casa e estava decorada com motivos natalícios, mas pronto para receber o novo ano.
O meu olhar percorre a sala à procura daquele que eu mais espero ver desde que foi passar o Natal com a família. Suspiro quando não o encontro e depois de cumprimentar todos decido ir sentar-me no alpendre. Apesar do frio senti necessidade de uns minutos sozinha.

XX: Porque estás aqui sozinha?
- Ai que susto, Louis.
Louis: (senta-se a meu lado) Desculpa. Não te queria assustar. Estás bem?
- Sim. Só estava a pensar. (aperto o meu casaco pois o vento fazia-se gelado)
Louis: Aposto que estavas a pensar num rapaz de cabelo cacheado e olhos verdes.
- É. Parece que as saudades são muitas.
Louis: Então porque ainda não foste ter com ele?
- Hã?! Mas ele ainda não chegou, ou já?
Louis: (sorri para mim) Foi o primeiro a chegar. Acho é que não o procuraste no sitio certo.

Vejo-o levantar-se e piscar-me o olho. Levos apenas uns segundos a processar as palavras do Louis e entro em casa repentinamente passando pela sala em passo apressado.

Inês: Ei Bia. Onde vais com tanta pressa? (pergunta vendo-me apressada)
Eleanor: O Harry está à espera dela.

Ainda oiço estas palavras e sorrio para mim mesma. Deparo comigo em frente ao quarto que partilhei com o Harry nas férias. Levo a mão à maçaneta da porta, mas no momento em que ia abrir a porta oiço alguém cantar do outro lado. O meu sorriso alarga-se ao reconhecer a voz dele. Respiro fundo e finalmente entro no quarto, fechando a porta atrás de mim. O quarto estava escuro e apenas era iluminado pela luz do candeeiro que se encontrava na mesa de cabeceira. Olho para a varanda e vejo-o sentado numa das preguiçadeiras. Lentamente aproximo-me da janela e a cada passo que dou a vontade de senti-lo comigo aumenta. Paro na pota da janela e encosto-me à mesma escutando a voz que me faz sentir bem.

- Olá.

Vejo-o que ele se levanta repentinamente e olha para mim com aquele brilho no olhar que eu tanto amo. Devagar nos aproximámos e no momento em que os nossos lábios se roçaram levemente, reparei que ele levou as mãos à minha cintura puxando-me para ele. As minhas mãos apoiaram-se no seu peito quando a sua língua pediu para passar. Nesse instante não controlei o gemido fraco que soltei enquanto as nossas línguas se tocavam durante o beijo. Estivemos durante uns segundos no beijo e quando nos afastámos vi que ele carregava um sorriso na cara, olhei para os seus lábios e estavam molhados de terem estado em contacto com os meus. Como eu tinha saudades dos seus beijos.

Harry: Tinha tantas saudades tuas. (abraça-me forte)
- Também tinha muitas saudades. (aninho-me no seu abraço)
Harry: Porque demoraste tanto?
- O Louis não me disse que já tinhas chegado, mas no fim disse para eu procurar bem que te encontrava. (sorri para ele)
Harry: (senta-se na espreguiçadeira e faz com que eu me sente ao seu colo) Aquele Louis é demais. (trocamos alguns beijos)
- Como correu o teu Natal?
Harry: Bem como te disse. Diverti-me imenso, mas faltavas tu ao final do dia para completar a minha alegria. (dá-me um beijo na bochecha e descendo para o pescoço) E o teu?
- Foi diferente. Mas fantástico. (respondo entre os beijos e colocando as minhas mão na cintura dele de modo a chegar mais perto)
Harry: Humm… Depois quero que me contes tudo. (leva a mão ao interior do meu casaco e passa as mãos pelas minhas costas) Estou desejoso de te ver sem esse vestido. (sussurra-me fazendo-me corar)
- Eu preciso de ti. (murmuro fechando os olhos e sentindo os seus lábios percorrer todo o meu pescoço).
Harry: Paixão vamos ter de nos controlar. O pessoal deve estar à nossa espera. (volt a beijar-me com intensidade)
- Eles que esperem. Passei cinco dias sem ti e as saudades são muitas. (beijo-o ao mesmo tempo que o abraço)
Harry: Estou a ver que sim. (ri-se)

Perdidos nos beijos somos interrompidos com alguém a bater à porta.

XX: Meninos isto não são horas de estar no marmelanço.
Harry: Cala-te Louis. Nós não estamos a fazer nada. (olha para mim e volta a beijar-me)
Louis: Seja o que for que estejam a fazer, despachem-se que o jantar está servido.
Harry: Ok, chefe. (o seu olhar vai de encontra o meu) Parece que vamos ter mesmo de deixar o nosso momento para mais tarde.
- Vais ter de me compensar muito bem. (levanto-me do seu colo e ajeito o meu vestido e casaco)
Harry: (olha-me intensamente) Eu bem digo que estou desejoso de te ver sem esse vestido.
- E vais ver, mas agora vamos jantar. (sorrio para ele e dou-lhe um beijo suave)

Sinto os seus dedos entrelaços com os meus e dirigimo-nos à sala onde todos já estavam prontos para jantar.

Liam: Estava a ver que não.
Zayn: Espero que vocês não se tenham portado mal. (diz enquanto cumprimenta o Harry)
Harry: Vocês são uns apressados. Um homem já não pode ter a sua privacidade. (senta-se a meu lado)
Niall: Agora diz que é privacidade.
- Calem-se, mas é.
Perrie: Ui, que ela ficou brava.
Eleanor: O amor tem destas coisas.
Sophia: Vá lá não fiquem com essas caras. Daqui as uma horas podem retomar o que estavam a fazer.

Isto é de loucos. Agora tenho os meus amigos praticamente a decidir o tempo que vou estar com o meu namorado. Começamos a comer animadamente. Olhei as horas e reparo que não tomei o meu comprimido para a dor de cabeça. Peço licença e vou à minha mala buscá-lo. Nisto o meu telemóvel toca e quando vejo que é o Michael atendo rapidamente.

*Chamada On*
- Olá Michael.
Michael: Olá Beatriz. Telefonei apenas para te desejar umas óptimas entradas.
- Oh muito obrigado.
Michael: Então chegaste a pensar no que te disse em relação ao curso de veterinária?
- Sim, quer dizer mais ou menos. Tenho de pensar melhor, mas acho que vou mesmo mudar. O que se passou com o Zarry fez-me pensar muito.
Michael: Bem se seguires mesmo veterinária, terei todo o gosto em ajudar-te no que for preciso. Olha e já falaste com a tua família sobre as tuas dores de cabeça?
- (engulo em seco) Ainda não. Não os quero preocupar.
Michael: E o teu namorado?
- O Harry também não sabe. Não sei como ele vai reagir. Por isso não lhe vou contar para já.
Michael: Não concordo com isso, mas a decisão é tua. Bem eu vou indo que tenho o Alex à minha espera. Mais uma vez Bom Ano para ti.
- Obrigada. Para ti também. Beijinhos
Michael: Beijinhos.
*Chamada Off*

Quando vou pousar o telemóvel sinto uma presença atrás de mim e quando me viro deparo-me com o Harry. A sua expressão era triste e nada boa.

- Que se passa, amor?
Harry: Com quem estavas a falar? E o que é que não me queres contar para já?
- (vejo ciúmes no seu olhar) Estava a falar com o Michael que é…
Niall: Ei vocês os dois demoram? Vamos abrir a sobremesa.

O Niall volta para a cozinha e o Harry vira costas para mim seguindo o mesmo caminho que ele. Não sei o que se acabou de passar aqui, mas acho que ele está a ter uma crise de ciúmes. Espero conseguir falar com ele antes dele pensar o que não deve. Eu quero muito passar o ano em paz e de bem com ele. Mas para isso tenho de o fazer entender que o Michael é apenas o veterinário do Zarry, e que apesar de ter apenas os seus 26 anos, se tornou meu amigo. O Michael ajudou-me nestes dias em que o Zarry esteve doente e teve de ser tratado. Ainda me fez pensar que apesar de eu tirar medicina poderia escolher veterinária pois ele sentiu que era essa aminha vocação. Sim ele é dado a horóscopos e coisas místicas. Achei piada pois não aparenta nada disso. Na última ida ao veterinário com o Zarry, eu senti-me tonta e acabei por desmaiar no consultório. O Michael foi quem me ajudou e acabei por lhe contar das minhas dores de cabeça e o facto de ter medo de contar sobre elas. Ele ficou a saber sobre o Harry e deu-me a maior força no meu namoro que está a ser posto à prova constantemente. No fim acabei por saber que ele é gay e que o Alex é o seu noivo. Não conheço este último, mas o seu nome não me é desconhecido. Pode ser apenas impressão minha.
Agora aqui estou eu num dilema. Se não contar ao Harry das dores de cabeça e de quem é o Michael ele vai pensar o que não deve. Se lhe conto ele fica triste e ainda vai pensar que não confio nele, pois preferi contar a uma pessoa que mal conheço o que se passa comigo, do que lhe contar a ele.
Respiro fundo e dirijo-me ao meu lugar na mesa. Os olhos do Harry desviam-se do meus assim que me vê entrar. Isso deixa-me triste e magoada, pois sei que ele não tem razões para estar assim comigo. Afinal o meu fim de ano ideal está a um passo de ir pelo cano abaixo, visto que tenho a sensação que o Harry me vai ignorar o resto da noite.