88.

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Passaram quatro dias e sem dúvida foram os mais complicados desde que cheguei a Paris. Tentei desesperadamente falar com o Harry para explicar o que se passou na realidade com o Peter. Naquela noite ele não atendeu e nem no dia seguinte. Apenas consegui falar com o Zayn, ao qual eu expliquei a situação. O meu irmão ficou do meu lado, mas disse-me para eu ter calma em relação ao Harry. Ontem, finalmente falei com ele e a nossa conversa pelo telefone ainda está bem presente. Tão presente como se tivesse acabado de acontecer.

*Flashback On*
*Chamada On*
- Harry… Finalmente atendeste…
Harry: Parece que sim.
- Preciso de te explicar o que aconteceu.
Harry: Não, não precisas. Eu vi o que aqueles jornalistas disseram e o que filmaram.
- E achas que aquilo é real?
Harry: Talvez sim… talvez não.
- Não confias em mim?
Harry: Por confiar em ti é que nada desta história faz sentido. Bia, tu estás em Paris. A cidade do amor e é normal que por estares longe comeces a sentir coisas diferentes. Mas não esqueças do que prometeste. Prometeste não me trocar por nenhum internacional, mas pelos vistos isso está perto de acontecer. Estás longe de casa e como se costuma dizer: “longe da vista, longe do coração”
- Estás a dizer que eu já não te amo, é isso? (sinto um nó na garganta)
Harry: Não. Apenas estou a tentar dizer que o facto de estares aí me está a deixar inseguro. Acho que ambos precisamos de pensar no que se está a passar.
- Mas eu não tenho nada com o Peter. Por favor, acredita em mim.
Harry: Acredito, mas mesmo assim não consigo evitar a dúvida. Vocês pareciam tão alegres e íntimos. Não sei o que pensar…
- Estás a dizer que queres tempo?
Harry: Mais ou menos. Bia, eu amo-te muito. Mais do que alguma vez pudesse admitir. Tu continuas a ser minha namorada, mas neste momento preciso de espaço.
- Tu a pedir esse espaço é como se estivesses a acabar com a nossa relação. (limpo a lágrima solitária que cai) Posso apenas pedir-te uma coisa? Prometo que só volto a falar contigo quando eu regressar.
Harry: Que queres pedir?
- Eu compreendo e respeito que necessites desse tempo. Apenas te peço que não te esqueças de mim e que nos últimos dias que se adivinham continues a amar-me, mesmo que à distância.
Harry: Não te preocupes que eu espero para termos a nossa conversa. Até lá acho melhor apenas falarmos o essencial.
- Se é assim que queres… (a minha voz soa fraca)
Harry: Então até sábado.
- Até sábado.
*Chamada Off*
*Flashback Off*

E a chamada terminou sem um beijo trocado ou até um simples gosto de ti. Eu sei que ele está magoado e isso deixa-me triste. Triste pois o real motivo de ele estar assim sou eu. Sinto que no fundo todas as batalhas que temos enfrentado não foram o suficiente para nos manter juntos.
Depois do telefonema, recebi a visita da Maria e do Peter. Ambos olharam para mim e perceberam que algo se passava. O Peter até me disse que falava ele com o Harry, mas eu pedi que não o fizesse. Ambos ficaram do meu lado e acabei por adormecer ao ouvir as suas palavras de conforto. Acordei a meio da noite com um pesadelo horrível e para juntar à festa, as dores no meu pulso voltaram. Levantei-me e bebi um pouco de leite para ver se o sono voltava, mas nada. Sentei-me em frente à grande janela do quarto. Olhei o horizonte e apesar da noite escura que se faz lá fora, eu necessitava do sossego que ela transmitia.
Não sei quanto tempo ali fiquei, apenas lembro do nascer do sol. Quando finalmente desperto dos meus pensamentos, olhei as horas e vi que estava na hora de me arranjar para o grande dia. Sim, hoje à noite será a hora da minha competição. Estou nervosa e nem sei se tenho cabeça para continuar a lutar pelo que quero. Arrasto-me para o banho e depois de me arranjar regresso ao quarto para agarrar nas minha coisas e ir em direcção ao pavilhão onde se vai realizar a prova. Ao pegar no meu telemóvel, vejo várias mensagens. Todas dos meus amigos e família a desejarem-me boa sorte para hoje. Eles ficaram a ver pela televisão, mas sempre a torcer o por mim. Notei que aquele que eu queria que me dissesse algo, ficou no silêncio. Óbvio que fico triste, mas eu prometi que lhe dava o espaço que ele necessita.
No restaurante do hotel encontro a Mrs. Gomez muito sorridente na conversa com o Peter, a Maria e a sua treinadora. Eles sorriram para mim e eu sussurro um obrigado sumido.

Agora cá estou eu no balneário a preparar-me para o grande momento. Passei na enfermaria antes e a médica disse que o meu pulso ainda estava bastante inflamado. Disse também que se o ideal seria eu não fazer a prova. Aquelas palavras foram como um balde de água fria para mim. No fim tentei que ela me dissesse o que aconteceria se eu fosse para a frente com a prova. Ela ficou meio chocada, mas disse que se eu fizesse mesmo a minha coreografia corria o risco de ganhar uma tendinite grave. Pedi-lhe que me ajudasse e ela mesmo não sendo a favor, deu-me o comprimido para as dores e envolveu o meu pulso na ligadura.
Olho para o meu fato pendurado no cabide e uma lembrança veio à memória. A lembrança do dia em que o Harry me ofereceu o fato.

*Flashback On*
A muito custo e com muitos beijos pelo meio lá conseguimos chegar ao quarto. Assim que entramos o Harry fecha a porta atrás dele e olha-me intensamente, mas com muita meiguice à mistura.

Harry: Senta-te que tenho uma coisa para ti.

Sento-me na cama enquanto me descalço e vejo-o remexer a mala retirando de lá um embrulho. Era uma caixa de tamanho médio e com um laço prateado. Ele aproxima-me entregando-me o embrulho com um brilho nos olhos.

Harry: Espero que gostes. (pego nele e coloco-o no colo) Não foi fácil encontrar por isso pedi ajuda à tua mãe e à minha.

Aos poucos retiro o laço e abro a caixa com cuidado. Ao olhar o seu conteúdo fico maravilhada - um fato de patinagem em tons de vermelho e preto. Retiro-o da caixa com cuidado e os meus olhos brilham ao ver o fato que tinha em mãos. Cada pormenor parecia ter sido pensado ao detalhe e posso dizer que nunca tinha visto um fato tão bonito como este.

Harry: Então gostaste?
- (olho para ele que anseia a minha resposta) Eu não gostei… eu amei. (levanto-me e beijo-o com todo o carinho) É lindo. (volto a olhar para o fato)
Harry: Quando o vi até fiquei com vontade de ser eu a vesti-lo.
- (rio-me) Havia de ser lindo. Quem sabe se um dia não vestes um e fazes uma música comigo.
Harry: Xiii acho que me espalhava assim que entrasse no gelo.
- Deixa de ser tolo. Tinha muito gosto em ter-te comigo um dia.
Harry: Vou pensar no teu caso. (ri-se e beija-me)
*Flashaback Off*

Uma lágrima traiçoeira quer cair, mas eu limpo-a o mais rápido que posso. Desperto do meu pensamento vejo a Maria entrar no balneário.

Maria: Estás bem?
- Nem por isso… Isto passa… (engulo em seco e controlo as lágrimas)
Maria: Desculpa a embrulhada em que eu e o Peter te colocámos.
- Esquece isso. Vocês estão felizes e isso que importa.
Maria: Então e tu?
- Eu… Eu vou ficar bem… (baixo o olhar para as minha mãos)
Maria: Sabes, tu deste-me força quando falei contigo naquela primeira noite. Agora sinto-me mal por não te conseguir ajudar. (ela olha o meu pulso) Dói-te?
- Sim. E vou ter de suportar a dor na prova.
Maria: Tens a certeza?
- Maria, há dois anos atrás não pude participar no festival que me podia dar acesso aos mundiais, devido a um “acidente” que tive minutos antes de entrar em competição. Hoje por mais que me custe eu não quero que o pesadelo volte.
Maria: Tiro-te o chapéu por seres tão forte e lutares pelo que queres.
- Posso ser lutadora, mas a pessoa que eu amo está triste e magoada comigo. Não sei se tenho forças para lutar contra isso. (passo a mão pelos detalhes do meu fato)
Maria: Foi ele que to ofereceu?
- O quê?
Maria: O fato? (assinto) Então deixa-o orgulhoso. Vai para aquele palco e arrasa. Eu vou ficar a torcer por ti.
- Obrigada.

Ela abraçou-me e oiço alguém chamar por mim do lado de fora do balneário. Chegou a minha vez de actuar, apesar de pensar que nada vale a pena. Gostava de adormecer e acordar com amnesia de modo a esquecer o momento mau que estou a atravessar.
--- Bia Off ---

--- Harry On ---
Ainda nem acredito que pedi espaço e tempo à Bia. Eu sei que ela é incapaz de me trair, mas eu sinto-me inseguro com o que aconteceu. Ela é sem dúvida o meu ponto fraco e tenho noção que também sem ela nada sou e só ela me faz forte o suficiente.
Custa tanto não ouvir a sua voz ou ler uma mensagem sua. Mas fui eu que pedi esta distância. Distância, essa que me deixa doido e maluco.
Estou neste momento em casa do Zayn com os meus amigos para ver a apresentação da Bia em directo na televisão. Eu não tinha vontade de vir, mas no fundo eu sinto que este é o meu lugar. O meu lugar é torcer pela minha namorada. Mesmo que agora não tenha certezas de nada.
O Zayn disse que ela está magoada no pulso e que pode pior se fizer a apresentação. Não sabemos qual a sua decisão, mas seja ela qual for, eu vou estar aqui a apoiá-la, mesmo que indirectamente. O Louis tentou fazer-me entender que a situação do Peter e que talvez eu esteja a fazer uma tempestade num copo de água. Não sei o que pensar. Oiço chamar o meu nome e desperto dos meus pensamentos.

Niall: Harry estás aí??? (estala os dedos à minha frente)
- Hã… Desculpa. Que estavam a dizer?
Eleanor: Estás mesmo a leste.
Sophia: Diz antes com a cabeça em Paris.
Zayn: Porque não lhe ligas?
- Porque não. (engulo em seco)
Louis: Harry estás desejoso de o fazer.

Liam: Ei pessoal vai começar o festival. (diz olhando para a televisão)
Sophia: Agora vai ser a doer.
Inês: Só espero que corra tudo bem.
Perrie: Zayn ela sempre vai competir com o pulso magoado?
Zayn: Não sei. Só sei que se ela o fizer vai ter de aguentar a dor da lesão.

Depois de ouvir as palavras do Zayn fico preocupado. Ela está ali para seguir um sonho, mas a lesão pode deixar consequências. Ao olhar para a televisão tento no meio daquelas pessoas encontrar a Bia e assim que vejo um aperto no meu coração aparece. Ela decidiu mesmo competir. Olho para ela e reparo que há qualquer coisa de errado. Uma súbita sensação de tristeza e culpa se apodera de mim. O meu telemóvel toca e é um número que não conheço, mas algo me faz querer atender a chamada.
Peço licença e vou até ao corredor para atender.

*Chamada On*
- Estou sim…
XX: Boa tarde. É o Harry que fala?
- O próprio. E você quem é?
XX: Não sei se vais gostar de saber, mas eu sou o Peter.
- Peter?!
Peter: Sim. Desculpa estar a ligar, mas eu preciso mesmo de esclarecer umas coisas contigo.
- Como conseguiste o meu número? E o que queres falar?
Peter: Primeiro o teu número pedi à minha namorada…
- Namorada? A Bia?
Peter: Calma. Não é a Beatriz que eu namoro. A minha miúda chama-se Maria e foi ela que conseguiu o teu número. A Beatriz nem sabe que eu te estou a ligar.
- Então e para que ligaste?
Peter: Para esclarecer o mal entendido dos jornalistas. Eu não quero confusões e não se passa nada entre mim e a Bia. Ela ama-te a ti e só a ti. A maneira como ela fala de ti e tudo o que tem a ver contigo é especial. Ela fica com um brilho invejável no olhar e um sorriso fantástico. Foi ela que me ajudou a ganhar coragem para pedir a Maria em namoro e devo-lhe isso. Devo-lhe a minha felicidade. E para retribuir eu e a Maria queremos ajudá-la a resolver as coisas contigo. Não duvides do amor dela por ti.
- Não duvido. Apenas esta distância não ajuda o medo que tenho de a perder. (suspiro)
Peter: Compreendo. A Maria é espanhola e veio representar o seu país. Em breve ela regressa a casa e eu fico por cá. Também tenho medo de a perder, mas sei que o amor vai superar isso.
- Peter… Gostava de falar com ela…
Peter: Tenho uma ideia. Estás a ver televisão?
- Sim. Estou com o irmão dela e os nossos amigos.
Peter: Então toma atenção à televisão. Assim que eu estiver com a Beatriz eu ligo-te e tu falas com ela.
- E podes fazer isso?
Peter: Faço parte do staff e posso perfeitamente arranjar maneira de falares com ela. Agora mantém-te calmo e atento.
- Obrigado.
Peter: Só fiz o que achei certo. Até já.
*Chamada Off*

Volto à sala com uma sensação de alívio enorme. Depois de tudo o que o Peter me disse fiquei com a impressão que eu sou o errado nesta história. Tanto ele como todos os outros tinham razão só eu não o quis ver. Quando me sento no sofá noto que a Bia será a próxima a competir. Ao olhar para ela um sorriso se apodera de mim. Ela está a usar o fato que lhe ofereci. Não caibo em mim de contente, mas quando olho para o seu pulso e observo a ligadura imagino as dores que ela vai sentir durante a prova. Agora só me resta que o Peter me ligue. Até lá o meu nervosismo é enorme e não me deixa sossegado.
--- Harry Off ---

Hate and LoveHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin