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--- Harry On ---
Saí daquele sitio com o coração em pedaços. Esta não é a dor que se lê nos romances. Esta dor não está apenas na minha cabeça, esta dor não é física. Esta é uma dor na alma, uma dor que me está a destruir por dentro até cá fora e acho que não consigo sobreviver. Ninguém conseguiria. Como ela foi capaz de o fazer. Não importa se foi com o Jace ou com outro qualquer, mas depois de tudo. De tudo o que lhe contei sobre mim, a maneira como ela me ajudou neste meu mundo idiota. Depois de tudo o que eu lhe dei ela faz-me isto. Porquê??? Porquê?? Quando dou por mim estou à porta de casa, mas vou antes para o anexo. Não quero que a minha mãe me veja neste estado.
Atirei-me literalmente para cima do sofá e chorei, chorei que nem uma menina, mas eu nem queria saber. Sinto o telemóvel vibrar vezes sem conta e vejo que o Liam e Niall andam à minha procura. A esta hora já devem saber o que aconteceu e eu só peço que não se coloquem do lado dela. Ela não merce depois do que fez. A minha cabeça dói e eu nem sei o que fazer ou pensar. Olho para a ecrã do meu telemóvel e vejo a foto dela de fundo. Abro a pasta das fotos e vejo uma por uma. Não me tinha apercebido de quantas fotos lhe tinha tirado quando ela não estava a prestar atenção. Enquanto olho para as fotos, continuo a lembrar-me do som da voz dela. Não devia, mas a dor que sinto não me deixa pensar claro e limpo. Esta é a minha favorita, pensei pelo menos dez vezes enquanto olhava para todas elas. Finalmente parei numa foto dela deitada de barriga para baixo na cama. Tirei a fotografia no momento em que ela me apanhou a olhar, no momento em que um sorriso, apareceu no seu rosto. Ela parecia estar tão feliz por estar a olhar para mim nesta foto. Opah Harry que estás para aí a dizer??? Esquece-a. Tens de a esquecer custe o custar. Ela foi a primeira pessoa que me conseguiu ver, o meu interior, o meu verdadeiro eu. Porque raios estragou tudo? Já não chegava a Kate ter feito o mesmo, ela tinha de fazê-lo também…
Embrulhado nos meus pensamentos e cansado de tanto chorar acabei por adormecer.

*Dream On*
- Por favor ela não… Deixem-na em paz. O teu problema é comigo, por isso deixa-a (viro-me para o rapaz à minha frente enquanto tento soltar-me)
XX: Ela sempre foi um bom pedaço de roer e agora vai vê-la render-se a mim. Ahahah.

Vejo-o agarrar a Bia e atirá-la contra o colchão rasgando-lhe a roupa. Isto está a ser demais para mim.

Bia: Harry? Não me deixes. Não desistas de mim. (começa a chorar)
- Afasta-te dela. (ele parece não me ouvir)
Bia: Por favor.. Harry, ajuda-me. (ela olha para mim, mas estou congelado)

Estou imóvel e incapaz de a ajudar. Sou forçado a observar enquanto lhe batem e a violam até ela não ter forças para chorar ou emitir qualuqer som.
*Dream Off*

Anne: Harry acorda. Por favor filho abre os olhos para mim. (a minha mãe abana-me até eu acordar)

Aos poucos abri os olhos e sentei-me direito ao olhar os meus pais ali a meu lado. Desviei o meu olhar para o chão, pois não queria que me vissem assim destruído. Sei que a minha mãe me deve estar a observar silenciosamente e à espera de uma reacção minha. Reacção essa que não demorou muito tempo a aparecer. Acabei por “explodir” em soluços e num choro profundo. A minha mãe ajudou-me a levantar e com a ajuda do meu pai fui para casa, para a minha cama. Deitei-me e a minha mãe puxou-me para o seu colo onde eu continuei a chorar sem parar.

- Mãe porque eu tenho sempre de perder? Porquê?
Anne: Filho tu não perdeste. Desistir é para os fracos e tu és forte.
- Mas ela mãe… (soluço) eu perdia… ela desistiu de mim…
Anne: (limpa as próprias lágrimas) Tu não a perdeste.
- Perdi… Mãe fica comigo. Só hoje. (peço suplicante e entre soluços intensos)
Anne: (olha para o meu pai que trás um comprimido para eu dormir) Eu fico. Vou sempre ficar contigo.

Coloco o comprimido na boca e engulo-o com a ajuda da água que o meu pai me dá.

Ben: Agora descansa filho. Estás a precisar. (passa a mão pelos meus caracóis e sai, mas não sem antes dar um beijo na testa da minha mãe) Toma conta do nosso menino.
Anne: (olha para mim) Eu estou aqui. Não me vou embora.

Aninho-me nos braços dela e como é bom receber o conforto da nossa mãe. E a minha apesar de tudo o que fiz de errado sempre está aqui para mim. Afinal este é o papel de uma mãe. Aos fim de largos minutos onde apenas se ouviam os meus soluços contra o colo da minha mãe, ela acaba a cantar-me uma melodia para eu adormecer. Lembro bem a música que ela canta. Ela costumava cantar isto para mim e para o Thoma quando éramos crianças. E que saudades tenho do Thomas. Mas até ele eu perdi. Não sei se foi do comprimido ou do som da voz doce da minha mãe acabei por adormecer. Apesar de não ser tranquilo pelo menos iria descansar um pouco.
--- Harry Off ---

--- Bia On ---
Depois de ter adormecido a chorar no colo do Zayn acordo atordoada e levo algum tempo a aperceber-me do que está a acontecer. Quando caio em mim lágrimas voltam a cair pelo meu rosto. Ele não acredita em mim e pensa que o traí, mas eu nem me lembro do que aconteceu.
Levantei-me ainda meio tonta e entrei na casa de banho trancando a porta atrás de mim. Liguei a água e reparei no meu reflexo no espelho. Eu estava mais pálida que um cadáver. Comparação parva, mas é verdade. Fechei a água e sentei-me no chão frio encostada à parede. Lágrimas não pararam de cair e posso dizer que me sentia a pior pessoa do mundo por ter magoado da pior maneira uma pessoa tão especial como o Harry. Olhei em volta e vi uma lâmina pousada na bancada. Arrastei-me até lá e peguei nela ficando a olhá-la como se estivesse presa num mundo onde ninguém entra. Voltei a encostar-me à parede e fiquei no dilema se haveria ou não haveria de fazer o que estava a pensar. Levei a lâmina perto do meu pulso e fiz um pouco de pressão. Um corte não faria mal. Ou faria? Mal consigo pensar direito. Apenas me vem à cabeça o que aconteceu hoje e depois todos os momentos ruins porque passei vieram em força. Eu queria parar, mas o mal já estava feito. Então empurrei a lâmina com um pouco mais de força. A dor que eu sentia era merecida. Não sabia onde me tinha metido, mas hoje desejo nunca ter aceite o convite para ir a essa festa. Depois de tudo o que se passou na vida do Harry e na nossa relação, ele não merecia que isto se repetisse novamente. Fechei os olhos com força e larguei a lâmina dando um grito de dor. Passado uns segundos oiço batidas na porta.

Zayn: Bia estás aí? Abre a porta por favor. (batia desesperado na porta)

Eu não queria que ele me visse assim. Ele iria repreender-me e com razão, mas eu não me sentia com força suficiente para o encarar. Não agora. Não neste momento. Assim deixei-me ficar encolhida com o pulso contra o peito e balançando o corpo como uma criança que tem medo do escuro.

Perrie: Vou buscar a chave de reserva. (ouço-a dizer do outro lado da porta)

Estava cada vez mais perdida no meu mundo quando oiço o clic do trinco da porta a ser destrancada. Olhei para o Zayn e nos olhos dele vi desilusão e preocupação ao mesmo tempo. Voltei a encolher-me com medo do que ele me pudesse dizer.

Zayn: Bia o que foste tu fazer… Perrie ajuda.
Perrie: Oh meu Deus. Anda pega nela que eu vou buscar os curativos.

Ele pegou em mim como uma criança indefesa e levou de volta para o quarto. Deitou-me e eu esperava tudo dele, menos o que veio a seguir. Ele simplesmente me abraçou e deixou-me chorar no seu colo. Vejo a Perrie regressar com o estojo de primeiros socorros e sentar-se na cama ao nosso lado. O silêncio que se fazia sentir apenas era quebrado pelos meus soluços. O Zayn fazia festas no meu cabelo enquanto a Perrie me fazia o curativo.

Perrie: Pronto. (diz guardando a gaze que não usou) Vou fazer um chá e trazer-te um comprimido para as dores.  (ela sai deixando-me a mim e ao Zayn novamente sozinhos)
- (olhei para ele e vi desilusão no seu olhar) Desculpa… (murmuro contra o seu peito)
Zayn: Só não o voltes a fazer. Não te quero perder agora que te encontrei. (assinto)
- Eu não me lembro de nada… Ele não merecia… Nunca mais me vai perdoar… (volto a chorar)
Zayn: Shhh (abraça-me mais forte) Quem ama perdoa e ele sabe disso. Pode estar magoado agora, mas vai acabar por perdoar.
- Não vai. Eu sei que não vai. Ele vai desistir de mim se não o fez já.
Zayn: Ele adora-te. (a Perrie regressa com o chá e o comprimido) Nós vamos ajudar-te a descobrir a verdade.
Perrie: Agora bebe o chá e descansa. Amanhã é outro dia.
- Mano… (o Zayn olha-me com ternura pois foi a primeira vez que o tratei assim) Não me deixes sozinha.
Zayn: Não deixo. Não vou deixar. (ele deita-se a meu lado e eu aconchego-me nos seus braços)

Enquanto o Zayn me faz festas no cabelo, aos poucos consigo para de chorar e acabo por adormecer.

Acordo com alguém a bater à porta do quarto. Abro os olhos e vejo a Perrie entrar com um tabuleiro de pequeno almoço.

Perrie: Bom dia linda.
- Bom dia. (a minha voz sai rouca e sinto a garganta doer)
Perrie: Como te sentes? (pergunta pousando o tabuleiro e sentando-se a meu lado)
- Simplesmente não me sinto. (suspiro e sento-me permanecendo ainda tapada)
Perrie: (olha para o meu pulso) Ontem deixaste-nos completamente assustados.
- Peço desculpa. Sei que desiludi o Zayn e a ti também com o que fiz. (baixo a cabeça)
Perrie: Eu fiquei triste com a situação e sei que pelas dores que deves ter não o voltarás a fazer.
- Não voltarei a fazê-lo. Prometo. (dou um trinca na torrada mesmo não tendo fome) O Zayn ficou desiludido comigo?
Perrie: Um bocadinho. Eu falei com ele e tentei que ele visse o teu lado da história.
- E onde é que ele está?
Perrie: Foi com o Liam, o Niall e o Louis falar com o Jace.
- Jace… (calo-me e encolho-me na cama)
Perrie: Ei, não fiques assim.
- Perrie, eu não sei ao certo o que aconteceu e o Harry pensa que eu o traí. (cai-me uma lágrima)
Perrie: Queres contar-me o que se passou? Como foste para aquele quarto com o Jace?

Calmamente conto à Perrie a abordagem do Jace e o momento em que me apaguei e so me lembro de ter acordado com todos os olhares postos em mim. Ela ficou furiosa e depois ficou pensativa e fez um telefonema que eu nem entendi muito bem.

- Para quem estavas a ligar?
Perrie: Para a pessoa que pode descobrir o que se passou.
- Quem?
Perrie: Um amigo meu que tem uma paixoneta pelo Jace.
- Hã?!! Mas afinal o Jace sempre joga na mesma equipa que nós?
Perrie: Digamos que ele joga nas duas equipas.
- Por essa não esperava. Mas isso não me traz o Harry de volta.
Perrie: Bia, tu vais ter o Harry de volta. Isso te garanto. Agora acaba o pequeno-almoço que daqui a pouco tenho de te levar a casa. E até lá tenho de te convencer a contares aos teus pais o que fizeste ao teu pulso. (baixo o olhar e lembro o que fiz a mim mesma suspirando)
- Se tem mesmo de ser.
Perrie: Eles têm de saber. Não podes esconder.
- Eu sei. Posso ao menos pedir para não contarem nada ao…
Perrie: Ele não vai saber. Se ele souber vai ser por ti. (sorri ligeiramente) Vá agora toca lá a comer.

Terminado o pequeno almoço vesti-me e tive a ajuda da Perrie para vestir a camisola, visto ter dores no pulso que me impediam de fazer força. Ela levou-me a casa e pude sentir a desilusão dos meus pais quando eu lhes contei o que se passou e fiz a mim própria. Eu tenho noção que errei e peço desculpa por isso. Acabei por decepcionar as pessoas que sempre se orgulharam de mim. Mas isso iria mudar. Eu posso ter “perdido” o Harry, mas vou voltar a ter a confiança dos meus pais e do meu irmão de volta. Ou não me chamo eu Beatriz Smith.
Tomo o meu banho e deito-me na cama apenas a olhar para o nada. O Zarry deita-se a meu lado como se soubesse que estou triste. E ali ficamos os dois minutos ou talvez horas.
--- Bia Off ---

--- Harry On ---
Acordo com a minha mãe a fazer-me festas no cabelo. Ela sorri para mim e eu mesmo que queira não consigo sorrir. É como se o meu sorriso tivesse ficado preso no passado.

Anne: Como te sentes?
- Vazio. (volto a fechar os olhos e seguro as lágrimas) Como sabias que eu estava no anexo?
Anne: O Louis telefonou a contar o que se passou e pediu para confirmar-mos se estavas em casa. O teu pai deduziu que lá estivesses. Afinal aquele é o teu local de eleição cá de casa.
Ben: Será que se pode entrar? (o meu pai pergunta entrando no quarto)
- Claro pai.
Ben: Harry achas mesmo que a Bia era capaz de fazer o que fez?
Anne: Ben!
- Deixa estar mãe. (digo-lhe) Sabes pai, por um lado acho que ela não o faria. Ela não é assim. Mas eu sei o que vi. E passar por tudo outra vez está a custar muito. Mais do que queria ou posso suportar.
Ben: Entendo. Bem eu vou tratar de umas coisas para as aulas de amanhã. Alguma coisa estou na sala. (sai deixando-me a mim e à minha mãe)
Anne: Harry por favor não te feches no teu mundo outra vez. (o seu pedido era de preocupação)
- Prometo que vou tentar.
Anne: Vá agora vamos comer e depois vamos tirar um dia só para mãe e filho. Que me dizes?
- Aceito. (sorrio ligeiramente para ela e levanto-me)

Durante o resto do Domingo a companhia da minha mãe foi essencial para tentar não pensar no que se passou. Conversámos bastante e ela até me pediu para cantar para ela. Acabei por fazer um ensaio em frente aos meus pais e deixei-os com um sorriso nos lábios que já não via há dois anos.
O pior foi mesmo quando a noite caiu. Deitei-me na cama e voltei a sonhar com a Bia. Mais uma vez no meu sonho alguém a tentava matar. O sonho era igual ao que tive quando dormir com ela a última vez. Acordei meio da noite desejando que mesmo eu estando longe dela ela estivesse bem. Mesmo a amando mais que tudo não lhe desejo mal.
--- Harry Off ---

Hate and LoveDonde viven las historias. Descúbrelo ahora