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--- P.O.V Zayn ---
E cá estamos nós quatro a caminho de casa do James e da Ellen. O James e a Ellen não se falaram desde que saíram do hospital e entraram no carro. Eu e a minha mãe também não trocámos uma palavra. Este silêncio está a dar cabo de mim. Depois de tudo e destes anos todos posso estar à frente do meu pai e ter a minha irmã mais perto que eu próprio pensava.
Chegamos finalmente e depois de seguirmos todos em direcção a casa o nervosismo está a tomar conta de cada um. Posso ver isso na cara de cada um e afirmo que até eu estou nervoso com o que vou ver e ouvir a seguir.
Entramos e o James pede com calma e suavidade que nos coloquemos à vontade. Vejo que a Ellen se senta no mesmo sofá que a minha mãe e olha para ela com carinho. Isso reconforta-me um pouco.

James: Bom… Acho que está na hora de falarmos com calma e sem gritos e discussões.
Isabella: Concordo. Somos adultos o suficiente para isso. (fala meio nervosa)
Ellen: Por onde queres começar James? Preciso de algumas respostas.
- Também gostava de ouvir explicações, mas antes tenho uma pergunta a fazer e preciso que tanto tu mãe (olho para ela) e tu James não me mintam.
James: Pergunta o que quiseres que eu respondo. (o seu olhar é profundo, mas muito calmo)
- Tu és meu pai? (digo de rajada e sem tempo para a preparação de qualquer resposta da parte deles)
Isabella: (suspira) Sim filho. O James é teu pai.

O meu coração acelera. Durante anos pensei que nunca voltaria a ver o meu pai e hoje ele está aqui à minha frente e nem sei o que fazer ou pensar.

Ellen: Mas o teu apelido é Stuart ou estou enganada?
James: Não. Esse o apelido de solteira da minha mãe. Na realidade eu sou James Arthur Stuart Malik.
Isabella: Não sabia que tinhas esquecido o “Malik”.
James: E não esqueci. Apenas acho que esse nome apenas me trazia demasiadas recordações. Afinal foi com esse nome que baptizei os meus filhos. (olha para mim)
- Falaste em recordações… Porque te foste embora? (pergunto sem saber muito bem o quê da pergunta, pois ainda estava meio atordoado de estar com o meu pai no mesmo espaço que eu)
James: Naquela época eu e a tua mãe estávamos mal economicamente e mais cedo ou mais tarde acabaríamos na miséria e não era isso que eu queria para vocês. Optei por ir embora para vos poder ajudar.
- Ajudar como?
Isabella: O teu pai enviou dinheiro todos os meses depois de eu ter deixado a tua irmã no orfanato. Ele odiou-me por não lhe ter dito que tinha deixado a nossa pequena sozinha.
- Dinheiro? Mãe que eu saiba sempre tivemos algumas dificuldades se bem que… a faculdade… o carro… a casa em meu nome…
Isabella: Sim. O teu carro e a casa foi comprado com parte do dinheiro que ele nos mandou. A faculdade também é paga desse dinheiro.
- Pensei que fossem poupanças tuas ou do avô como me disseste.
Isabella: Menti porque se dissesse que o dinheiro era do teu pai tu não o irias receber com raiva de ele nos ter abandonado. Nunca toquei num cêntimo. O dinheiro é teu e da tua irmã. Aliás a casa está em teu nome e no dela.
Ellen: Qual o nome da vossa filha?
James: Beatriz Philippa Martinez Malik.
Ellen: A minha Bia pode ser a vossa Beatriz?
Isabella: Existem grandes probabilidades de ser. Pelo que o Zayn me contou das coincidências pode realmente ser ela.
Ellen: Isabella porque deixou a sua filha no orfanato?
Isabella: Não tinha condições para criar o Zayn e a Beatriz. Apesar de um ter 4 e o outro 3 anos, eles era muito pequenos. Eu tinha acabado de perder o meu emprego e estava prestes a perder a casa onde vivia. Tinha de escolher entre dar de comer aos meus filhos ou vê-los adoecer por um motivo qualquer. (baixa o olhar e a Ellen pega-lhe a mão) Eu fui vê-la todos os dias enquanto ela não foi adoptada. Via-a de longe e só eu sei o que me doía vê-la ali triste e sozinha embora estivesse acompanhada. Na primeira semana ainda levei o Zayn comigo pois ele tinha saudades dela, mas depois optei por não magoá-lo mais com a distância e decidi não voltar a levá-lo comigo.
- Mãe eu tinha e continuo a ter saudades dela. No meu coração ela vai ser sempre a minha pequena. Aquela que eu deveria ter sempre defendido de qualquer mal. (uma lágrima quer atraiçoar-me, mas eu sou mais forte)
James: Quando passado uns meses liguei à Bella e ela me contou o que tinha feito era como se o meu coração tivesse partido ao meio e apenas uma parte estava inteira. A parte que pertencia ao Zayn. A da Beatriz ela levou com ela.
Isabella: Ele fez-me prometer que nunca a perderia de vista até poder recuperá-la. Mas não consegui cumprir a minha promessa. No dia em que um casal a foi buscar eu via-a entrar no carro com um ar assustado e eu dava tudo para a poder abraçar naquele momento. Vi-a partir e o meu mundo parou nesse instante.
- (sento-me do lado da minha mãe e aperto-lhe a mão) James porque nunca nos procuraste depois de saberes o que a mãe tinha feito?
James: Tentei, mas nunca tive coragem. Eu destrui a minha própria família quando a abandonei naquele dia. No dia em que a Bella me contou que a Beatriz tinha sido adoptada comecei a desesperar, pois se até ali eu tinha noticias da minha pequena (sorrio para mim pois ele dá-lhe o mesmo apelido que eu) a partir daquele momento eu deixaria de ter noticias dela.
Ellen: Nunca encontraram pistas de onde ela poderia estar?
Isabella: Quando o Zayn fez os seus 10 anos ele perguntou-me uma coisa que me fez despertar o amor materno e fez com que eu entendesse que o meu bem mais precioso eram mesmo os meus filhos e iria encontrar a Beatriz nem que virasse o mundo de pernas para o ar.
James: Que pergunta ele te fez? (pergunta à minha mãe)
- “Ela deve estar tão linda. Quando será que a volto a ver?” (respondi no lugar da minha mãe)
James: A Bella contou-me à cerca de um ano que tinha encontrado talvez uma família que poderia ter a Beatriz e eu decidi ir falar com eles, mas não deu resultado.
Ellen: Porquê?
James: Acordei naquela manhã decidido a ir falar com o casal e quando lá cheguei arrepiei-me com o que vi. (engole em seco)
- O que aconteceu?
James: Peguei no carro e quando cheguei à morada dessa família encontrei um casal em plena discussão no jardim. Fiquei a observar do carro. (olha para a Ellen) Ele acusava a mulher da morte da filha de ambos e ela chorava. (a Ellen abre a boca para falar, mas fecha-a no minuto seguinte). Depois assisti a um estalo e a mulher quase caiu no chão. Foi ajudada por uma rapariga que chegava a casa e largou as coisas no portão e correu para ajudar a mulher. Ela discutiu com o homem forte e feio e só não levou tareia porque eu decidi sair do carro e tentar parar a cena, mesmo sem eles perceberam que eu iria falar sobre a filha que tinham adoptado.
Ellen: Tu… Tu… Tu estavas lá naquele dia para falar da Bia?
James: Sim Ellen. No dia em que eu te conheci, eu fui apenas com o intuito de procurar a minha filha, mas acabei ajudando uma mulher indefesa perante o marido. Quando soube que poderiam ser os Smith quem eu procurava não hesitei em lá ir e depois deparei-me com a situação.
- Vocês nunca falaram da Bia?
Ellen: Apenas falámos o essencial. O James sabia o necessário sobre nós e só depois de que saí de casa e ele me acolheu eu comecei a desabafar com ele sobre a minha vida. Daí até nos apaixonarmos foi um passo.
Isabella: Arrependesse?
Ellen: De quê?
Isabella: De se ter apaixonado pelo James?
Ellen: Não. Ele foi a melhor coisa que me aconteceu e dou graças por tê-lo encontrado. Se não fosse ele, provavelmente ainda viveria naquele inferno de vida que tinha com o Jack.
Isabella: Fico contente do James ter encontrado alguém à altura dele e que o faça feliz.
Ellen: Vocês não eram felizes?
James: Sim fomos muitos, mas o amor começou a acabar e isso não dava para negar.
Isabella: É verdade, mas eu não me arrependo de ter amado o James. Se não fosse esse amor eu não tinha o Zayn e a Beatriz.
Ellen: E tenho a certeza que o James pensa o mesmo. (sorri para ele)
James: Sim é verdade. (retribui o sorriso) Ellen, nunca te contei, mas eu falei com o Jack sobre a adopção.
Ellen: Falaste?
James: Sim, mas apanhei-o num momento em que ele estava meio bêbedo e pode dizer-se que não correu lá muito bem. Lembras aquele dia em que apareci com o lábio esmurrado?
Elle: Vocês andaram à pancada?
James: Ele provocou. E eu tinha de te defender a ti e à Bia. Ele tratou mal a Bia à minha frente.
- Chegou a fazê-lo à minha também.
Ellen: Aquele monstro…
Isabella: Tenha calma Ellen. Ele não lhe vai fazer mal, nem a si nem a ninguém. O Zayn contou-me o que se passou e posso garantir que estamos todos do seu lado.
Ellen: Obrigado.
- James obrigado por defenderes a Bia daquele cretino.
James: Eu faria tudo igual. Eu só não quero voltar a perder ninguém importante para mim.
Ellen e Isabella: E não vais perder.
- Ellen posso pedir-lhe uma coisa?
Ellen: Sim claro.
- Pode contar-me histórias sobre a Bia?
Ellen: Sim posso. Que queres saber?
- Tudo o que puder contar.
Isabella: Queria tanto que ela fosse a minha Beatriz.
Ellen: Não duvide que você é a mãe dela. E tu James, és um óptimo pai. Mesmo estando longe dela sempre a procuraram e isso é de louvar.
James: Amanhã vamos falar com o Dr. Robin. Quero saber o resultado do teste, apesar de não precisar dele para saber que a Bia é minha filha.
Isabella: Gostava de a conhecer. Só a conheço por fotos que o Zayn me mostrou.
Ellen: E vai conhecer. A sua filha é linda e de certeza que ela a vai amar como mãe.
- Só tenho pena de ela estar amnésica. Ela nem se lembra que procura a família. Na ideia dela a Ellen é a mãe.
Isabella: E no que depender de mim vai continuar a ser. A Bia vai ter sempre o amor da Ellen e o meu também.
- Queria ter a minha pequena de volta, tal como eu a conheci. Com aquele feitio difícil, mas que deixa qualquer um rendido.
James: Principalmente o Harry.
Ellen: Isabella venha comigo.
Isabella: Trate-me por Bella.
Ellen: Isa… Bella venha comigo que quero mostrar-lhe o cantinho da sua filha.
Isabella: Nossa filha. (sorri para ela)
- Também posso ir?
Ellen: Claro que sim.
James: Eu vou preparar um chá e já lá vou ter com vocês.
- Posso pedir antes um copo de leite morno com canela?
James: É para já.
Ellen: Tens o mesmo gosto que a Bia em relação ao leite.
Isabella: Um hábito de irmãos.

Íamos os três em direcção ao quarto da Bia quando eu parei e me virei para o James que estava à porta da cozinha a ilhar para nós.

- James…
James: Sim. (olha para mim e para as duas mulheres que se encontram atrás de mim)
- Será que te posso pedir um abraço… Pai.

Ele deixa cair os braços junto ao corpo enquanto eu ando na sua direcção. Depois de estarmos frente a frente eu sinto aquela necessidade de o abraçar e posso dizer que é dos melhores abraços que recebi até hoje.
Vejo a Ellen e a minha mãe de sorriso no rosto ao verem o nosso abraço e até eu me sentia mais feliz que o normal. Mas agora para a felicidade ser completa só falta a minha irmã aqui comigo.
--- P.O.V Zayn ---

--- P.O.V Harry ---
Acordo antes do despertador. Levanto-me e sinto que fui um idiota ontem por não ter contado à Bia que sou o eu o namorado dela. Acho que o medo que ela me rejeitasse falou mais alto do que o que o meu coração queria fazer. Só que agora nada posso fazer. Ela pensa que namora o tal de Edward e eu tenho namorada. Enfim sei que o rapazes vão criticar-me por isso, tal como o Louis não achou correcto o que eu fiz apesar de compreender.
A manhã passa a correr e mal conseguimos falar com o Zayn sobre a conversa que ele teve em casa do James. Ele disse que preferia que falássemos quando soubessem o resultado do exame de ADN. E agora cá estamos nós prestes a saber a verdade sobre os pais da Bia. A Ellen está nervosa e isso nota-se. O James e a Bella foram ao gabinete do médico e já faz quase meia hora que lá estão e nada de regressarem.

Inês: Bolas levam assim tanto tempo? Já começo a criar raízes aqui sentada.
Louis: Tem calma Inês. Até parece que vais casar.
Inês: Que piada Louis. Ahahah. Simplesmente estou preocupada com uma amiga. Uma pessoa especial para mim. Já vos passou pela cabeça que um dos sonhos da Bia está prestes a concretizar-se – rever a família biológica, mesmo que neste momento não se lembre sequer que andava à procura dela.
Liam: Tens razão Inês. Era o que a Bia mais queria.
- Queria e quer… (digo do local onde estou sentado a olhar para a porta)
Zayn: As noticias vão ser boas. Tenho a certeza. (o sorriso dele era qualquer coisa)
Perrie: Ali vêm eles. (aponta para a porta onde o James, a Bella e o Dr. Robin entram)

A expectativa era enorme. As suas caras era difíceis de desvendar e perceber o que significavam. Vemos o James aproximar-se da Ellen e dar-lhe um beijo na testa, assim como a Bella vai abraçar o Zayn.

Zayn: E então? (olha para a mãe muito atento)
Ellen: Ela é vossa filha? (pergunta com um enorme sorriso)
Isabella: Bem. Ela… ela…
James: Sim, ela é nossa filha.

Os sorrisos na cara daquelas quatro pessoas era imperdível e tão depressa não esquecerei o momento que aqui se está a passar. Todos celebrámos o momento com abraços e muita alegria.
Olhei para o Zayn e vi que aquele bad boy estava de lágrimas nos olhos agarrado à Perrie. Só Deus sabe o que ele passou à procura da irmã e agora que a encontrou tenho a certeza que jamais a vai largar.

Dr. Robin: Desculpem interromper a vossa celebração, mas tenho de vos dar mais uma noticia.
- Doutor não me diga que ela piorou? (digo já de coração ao alto)
Dr. Robin: Nada disso meu rapaz. Muito pelo contrário. Depois da transfusão, ela melhorou bastante e eu falei com a minha equipa e decidimos que ainda hoje ela terá alta.
Ellen: Sério? Eu posso levar  aminha filha de volta para casa? (cala-se e olha para a Bella) Desculpa eu sei que ela é tua filha.
Isabella: Já falámos disso ontem, Ellen. Ela é nossa filha e não apenas minha e do James. Foste tu que cuidastes dela quando ela mais precisou por isso é contigo que ela deve estar. (sorri para a Ellen)
James: Família está na hora de levar a nossa pequena para casa. (diz com um enorme sorriso)
Isabella: Será que a posso ir visitar?
Ellen: Claro que podes.
Dr. Robin: Apenas vos peço que tenham cuidado com as informações que lhe dão. Ela tem de estar calma e ir se apercebendo da história dela aos poucos. Agora se me dão licença vou buscar o papel da alta e a lista de alguma indicações para ajudar na recuperação dela.
Zayn: Mãe vamos lá visitá-la. Já estou cheio de saudades dela.

Ao fim de poucos minutos foram a caminho do quarto da Bia para a poderem visitar.

Hate and LoveWhere stories live. Discover now