33.

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Uma semana passou. Uma semana depois e a Bia continua sem dar sinais de acordar. O meu coração dói ao perceber que pode ser mais do que meras semanas e pode passar a meses. Todos estes sete dias, eu vou ao hospital e passo as tardes com ela. Falo com ela, apesar de não ter certezas que ela me ouve. De manhã vou às aulas, mas os meus amigos dizem que não tenho mais o meu brilho natural, mas compreendem o porquê e dão-me força para continuar a acreditar que a Bia vai acordar e voltar para mim.
Depois da Perrie e o Zayn terem entregado o telemóvel à polícia, abriu-se literalmente a caça ao homem. O Jeremy era um dos homens mais procurados a nível nacional. Durante esta busca ficamos a saber que ele tinha muitos mais podres do que aparentava. Desde extorsão de dinheiros a vários crimes de corrupção na área da saúde. Isto sem falar que ele usava a medicina para cometer crimes como a violação. E pensar que um dia fomos amigos. A Kate, essa tem andado muito calma. Vai às aulas, mas anda sempre sozinha e com ar de sofrimento. Soube através do advogado que ela foi considerada cúmplice do Jeremy e terá de provar o contrário se não quiser ser acusada em tribunal. Muitas vezes apanho-a a olhar para mim como quem está a pedir desculpa, mas neste momento não a consigo desculpar.
A procura do dador compatível com a Bia continua, pois mesmo havendo dezenas de pessoas a fazer os testes, o tipo de sangue era raro. Isso é uma coisa que me está a preocupar bastante. A qualquer momento a Bia pode precisar da transfusão e poderá não haver compatibilidade. Por isso mesmo, eu e a Ellen decidimos ir falar com o Jack. Sabemos que é perigoso, mas teremos um segurança para garantir que nada nos acontece. E neste momento a única solução que temos é encontrar a mãe da Bia ou o irmão para que ela se possa salvar.
Fui buscar a Ellen a casa, não sem antes receber toda a sorte dos meus amigos e família, e acima de tudo pedidos para tomar cuidado. Acho que estou mais receoso pela Ellen, que se encontra grávida, do que por mim. Lembro na perfeição a tarde em que ela e a Bia foram espancadas por aquele homem e sem dúvida tenho medo do que ele possa fazer quando nos vir. A Ellen olha para mim quando estamos prestes a tocar à campainha e com o meu olhar tento transmitir-lhe alguma segurança embora não seja fácil. Toquei à porta e antes mesmo de esta se abrir olhei para o homem que estava atrás de nós e que nos iria proteger.
Engulo em seco e oiço finalmente o trinco da porta a ser destrancada.

Jack: Ellen… Harry… Que fazem aqui? (diz admirado por estarmos ali)
Ellen: Podemos entrar? Os três? (olha para o segurança)
Jack: Sim claro. (dá-nos a passagem e entramos)

Chegamos à sala e a Ellen olha em volta como se procurasse algo e o seu olhar fixa-se numa foto na parede. Sigo o seu olhar e também eu reparo que a foto é da Bia e ao lado encontra-se uma de outra rapariga. Suponho eu que seja a Philippa, filha dos Smith. O Jack olha para nós desconfiado do que ali estaremos a fazer e a Ellen arrepia-se com o seu olhar, o que a faz chegar-se perto de mim como que a esconder-se. Pego na sua mão e ambos nos sentamos num dos sofás.

Jack: Pensei que só nos víssemos no tribunal.
Ellen: Também era essa a minha intenção, mas neste momento preciso que me respondas a uma pergunta.
Jack: Que queres perguntar?
Ellen: Quem são os pais da Bia?
Jack: Os pais da Bia??? Porque haveria de saber. Nós adoptámo-la sem saber nada dela. Apenas que tinha um irmão e que a mãe a ia visitar até vir para nossa casa.
- Você não sabe mesmo? (pergunto olhando friamente para ele)
Jack: Mesmo que soubesse não me servia de nada dizer-vos. (começa a elevar o tom de voz e o segurança aproxima-se de nós)
Ellen: A vida da Bia depende disso, Jack. (lágrimas começam a formar-se nos olhos dela)
Jack: A vida dela não me interessa. Ela sempre teve tudo o que quis e no fim deixou-me sozinho.
- Se ela o fez é porque talvez estivesse farta de ser tratada como era.
Jack: Eu sempre a tratei bem.
Ellen: Jack tu era violento com ela. E todas as vezes ela tentou proteger-te.
Jack: Ahahah Proteger??? Ela só soube proteger-te a ti Ellen. Desde que ficaste com o badameco do James.
Ellen: Ele é bem melhor que tu. Gosta de nós de coração e não apenas como objectos.
Jack: Ahahaha Deixa-me rir. Se gostasse de vocês não escondia que tem uma família para além de voz. (diz exaltado)
- O quê? (digo em conjunto com a Ellen)
Jack: Pelos vistos não sabias. Pois bem, ele não é o que parece.
Ellen: Se estás a dizer isso, apenas para eu me separar dele esquece. Eu amo o James e nem tu nem ninguém vai impedir isso. Não agora que estou feliz e a minha família vai crescer.
Jack: (fica meio chocado) Estás a dizer que tu estás grávida? Dele?
Ellen: Sim estou e vou ser feliz e longe de ti de preferência. Agora diz-me quem são os pais da Bia.
Jack: Tu não podes ter esse filho. Tu pertences-me. (aproxima-se dela, mas eu impeço-o de lhe fazer seja o que for)
Ellen: Porra Jack. Eu tenho o direito de ser feliz e contigo nunca fui. Mete na tua cabeça que acabou.
Jack: Não aca…
- Cale-se Jack. (interrompo-o) Sabe eu aprendi que a felicidade da outra pessoa é mais importante que a nossa. E essa pessoa ser feliz não significa que ela tenha de estar a nosso lado. (digo olhando carinhosamente para a Ellen)
Jack: Tu não sabes nada rapaz.
- Sei mais do que pensa. Agora diga de uma vez quem são os pais da Bia. Ela precisa de saber. A vida dela depende disso, tal como disse a Ellen.
Jack: Para quê que querem saber? Isso não me traz a Ellen de volta.
Ellen: Jack não estamos aqui a falar de nós. Para todos os efeitos a Bia é tua filha e ela está…
Jack: A minha única filha é a Philippa. (diz firmemente) E tu mataste-a.

Aquele assunto era delicado e lembro-me da Bia ter mencionado o quanto os pais se culpabilizavam pela morte filha. Só nunca pensei em assistir às acusações pessoalmente. Vejo a Ellen a soluçar e sei que não tarda vai chorar e isso está a fazer-me perder a paciência com o Jack. Agarro-o pelo braço e encosto-o à parede com alguma força.

Jack: Olha temos homem.
- Cale-se e não me faça perder a paciência. Aconteceu que… (respiro fundo) A Bia está em coma há uma semana. Não sabemos quando pode acordar. Ela precisa de uma transfusão de sangue e neste momento só a família biológica a pode ajudar. (olho para ele e no fundo vejo um homem magoado com a vida) Por favor… (largo-o e vou abraçar a Ellen que chora)
Jack: Em coma??!!! Como???!!! Porquê? (pergunta perplexo)
- Não lhe interessa… A Bia nunca o quis denunciar porque não queria que você perdesse mais ninguém na sua vida, tal como perdeu a Philippa.

Ele engole em seco e depois de uns minutos de silêncio o Jack volta a falar.

Jack: Não sei muito. Apenas que a mãe se chama Isabella e o irmão tem Jawaad no nome.
- Jawaad? (penso em como o nome não me é estranho, mas não sei de onde o conheço)
Jack: Agora se não se importam saiam da minha casa.

Eu e a Ellen olhamos para ele ainda meio incrédulos com o facto de ele nos estar practicamente a expulsar daqui. Ainda há minutos atrás este homem queria a Ellen de volta e agora está a mandá-la embora.
Fazemos o que ele diz e saímos daquela casa que nos traz más recordações. Levo a Ellen a casa, visto que ela diz que se sente cansada e meio indisposta. O James vem abrir a porta de casa e assim que a Ellen o vê abra-se a ele.

Ellen: Mesmo que me esconda o teu verdadeiro, eu continuo a amar-te. (beija-o)
James: Amor que se passa? Que aconteceu? Ele tocou-te? (senta-se com ela no sofá)
- Ele não lhe fez nada fisicamente, mas tentou mexer com o seu psicológico. Ele disse que você tem uma família além da Ellen e da Bia. (ele faz o cara de comprometido e vejo que esconde algo)
Ellen: Qual a tua história?
James: Querem mesmo ouvi-la? (engole em seco)

Ambos assentimos e quando nos preparávamos para ouvir o telemóvel da Ellen toca e ela arregala os olhos ao ver de quem é.

James: Quem é?
Ellen: É do hospital.

Assim que oiço esta palavra todo eu tremo ao pensar no que se poderá ter passado.

*Chamada On*
Ellen: Sim.
XX: Boa tarde. Daqui fala o Dr. Robin que está a acompanhar a Beatriz Smith.
Ellen: Muito boa tarde. Que se passa com ela? Ela piorou? Não me esconda nada.
Dr. Robin: Tenha calma. Estou a ligar-lhe para lhe dizer que a sua filha acordou do coma.
Ellen: A sério? Não está a brincar pois não. (os seus olhos estão marejados e nem eu nem o James entendemos nada)
Dr. Robin: Estamos neste momentos a realizar exames, mas gostaria falar pessoalmente consigo sobre uma situação que me apoquenta.
Ellen: Muito bem. Vou já para aí.
Dr. Robin: Então até já.
*Chamada Off*

Ela desliga a chamada e olhamos para ela expectante. Qual não é o nosso espanto quando ela sorri e limpa as lágrimas.

Ellen: Ela acordou. (sorri)
James: Sério? Que bom amor. (beija-a)

Fiquei em estado de choque ao saber que ela tinha acordado. A minha menina acordou. Ainda não estou em mim. Vou tê-la de volta.

Ellen: Harry, estás bem?
- Sim estou. (lágrimas correm no meu rosto e tanto James como a Ellen me abraçam)
James: Vamos para o hospital.

Saímos os três em direcção ao hospital. Eu ainda nem queria acreditar que iria voltar a ver a Bia acordada, depois de uma semana intensa.
Assim que entrámos o Dr. Robin já nos esperava e disse que estava a avaliar os exames. Deu-nos permissão para a ir visitar e eu nem pensei duas vezes e apressei o passo até ao quarto onde a Bia se encontrava.
entrámos no quarto e apesar de ela ainda estar a soro e tudo mais já não estava com aqueles tubos de suporte à vida.

Ellen: Bia, minha querida. Como estás? (pega na sua mão e aperta-a)
Bia: (afasta a sua mão) Quem és tu? (pergunta sentindo-se perdida)
Ellen: Sou eu, a tua mãe.
Bia: Minha mãe? Eu não me lembro… (o seu olhar mostrava medo)
James: (aproxima-se) Não te lembras de nós? (ela nega e o meu coração aperta) Eu sou o James, namorado da tua mãe. E aquele ali (aponta para mim) é o Harry.
Bias: Harry? (estremeço ao ouvi-la dizer o meu nome) Não o conheço. Não me lembro de nenhum de vocês.

Aquelas palavras magoaram-me tanto. Ela não se lembra de mim. Ela esqueceu-me. Saí dali o mais rápido possível. Ainda ouvi o James chamar por mim, mas eu não conseguia estar perto dela e saber que ela não sabe quem sou. Passei pelo Louis no corredor que vinha acompanhado da Eleanor e da Perrie, mas nem consegui olhar para eles. Eu só queria desaparecer dali. Queria que tudo isto fosse um pesadelo.
--- P.O.V. Harry ---

--- P.O.V Bia ---
Acordei com uma dor de cabeça enorme. Não sabia ao certo onde estava. Olhei para o lado e vi uma mulher de bata branca a escrever qualquer coisa num bloco. Assim que olhou para mim sorriu e saiu.
Vejo um homem entrar poucos minutos depois e fez-me alguma perguntas às quais eu fiquei um pouco confusa. Passaram mais uns minutos e olho para a porta vendo um casal e um rapaz mais atrás. A mulher abraça-me dizendo que é minha mãe, mas eu não me lembro. Eu quero lembrar, mas não consigo. O homem que vem com ela apresenta-se e apresenta também o rapaz que se encontra no batente da porta. Harry é o nome dele. Sinto um choque quando oiço aquele nome, mas não me lembro dele. Talvez seja alguém conhecido.

XX: Podemos entrar? (pergunta batendo e abrindo ligeiramente a porta)
Ellen: Claro que podem.
- Quem são eles? (pergunto à Ellen, minha mãe)
Ellen: (os três olham para mim intrigados) O Louis, a morena é a Eleanor e a loirinha é a Perrie.
Louis: (olha para mim assustado) Não te lembras de nós?
- Desculpa, mas não. Não me lembro de nada.
Perrie: Agora percebo a reacção do Harry. (sussurra à Eleanor)

Mais uma pessoa entra no quarto, e desta vez é o médico. Ele olha para mim e depois para os outros e tinha uma expressão fechada e difícil de desvendar.

Dr. Robin: Já devem ter percebido o que se passa com a Bia. (assentem todos, mas eu estou confusa)
Ellen: Ela perdeu a memória, certo?
Dr. Ronbin: Infelizmente sim.
James: Quanto tempo ela ficará sem memória. (pergunta amparando a Ellen)
Dr. Robin: Não sabemos ao certo. Só depende dela a recuperação total. Só vos peço para terem calma e não lhe darem demasiada informação ao mesmo tempo.

Todos olharam para mim com uma expressão triste e eu limitei-me a murmurar um “desculpem por não me lembrar”. Logo de seguida fui invadida por lágrimas. A Perrie, acho que é assim que se chama aproxima-se de mim e abraça-me dizendo que vai ficar tudo bem.
Acabei por adormecer nos braços dela e cai num sono não muito tranquilo, mas pelo menos estava a descansar.

Hate and LoveWo Geschichten leben. Entdecke jetzt