76.

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Respira Beatriz… Respira… À medida que me aproximo do quarto do Harry o meu coração bate cada vez mais depressa. Só quero certezas que ele está bem. Certezas que quando ali entrar o vou ver. Ver o seu sorriso e o seu brilho. Noto que à porta se encontra o Dr. Robin à conversa com uma das enfermeiras.

Dr. Robin: Olá Beatriz. (sorri para mim) Deduzo que tenhas vindo ver o Harry.
- Sim vim. Eu preciso de o ver para ter me sentir bem. Preciso de saber que ele está bem.
Dr. Robin: Fazes bem. Ele de certeza que vai adorar a tua visita. Aliás esteve rabugento toda a manhã pelo simples facto de ainda não teres vindo.
- Imagino. (sorrio murmurando para mim mesma)
Dr. Robin: Ah é verdade. (retira do bolso uma caixinha) Toma. Um dos paramédicos encontrou isto lá no terraço. (entrega-me a caixa) Deduzo que seja dele.
- (abro a caixa e vejo que dentro tem a aliança do Harry) Sim é dele sim. Obrigada.
Dr. Robin: De nada. Vá agora vai vê-lo que eu tenho pacientes para ver. Até logo.
- Até logo.

Observo o médico seguir pelo corredor. Olhei para a caixa e retirei de lá a aliança colocando-a no meu colar. Sim, não a coloquei junto com a minha pois a dele é maior. Assim no meu colar ela estaria segura. Suspiro e volto-me para a porta segurando a maçaneta com os nervos e a ansiedade a tomarem conta de mim.
Entro devagar e depois de fechar a porta atrás de mim olho para aquela cama e vejo que ele dorme. Aproximo-me calmamente sentando-me na cadeira que ali havia. Olhando para o Harry a dormir serenamente sinto uma paz enorme. Pego na sua mão e entrelacei os nossos dedos, como se precisasse disso para me sentir segura e ter certeza que ele estava comigo.
Aos poucos notei-o abrir os olhos e sinto o meu coração acelerar. Instantaneamente ele sorriu para mim mostrando aquelas covinhas que eu tanto amo e um olhar brilhante.

Harry: Olá… (sorri para mim)
- Oi… (eu quero chorar, mas não posso)
Harry: Como estás?
- Isso devia ser eu a perguntar. Tu é que estás nessa cama todo “partido”. (tento desconversar sobre o que sinto)
Harry: Bia não mudes a questão. Eu estou “partido” sim, mas eu quero saber como tu estás? Sim, porque eu sei que não estás bem.

Estas palavras tiveram um impacto brutal em mim e do nada começo a chorar. Oh bolas. Rapidamente limpo as lágrimas pois não vou chorar á frente dele.

Harry: Ei… (a sua mão vem de encontro à minha) Eu estou aqui. (aperta a minha mão com força)
- Mas podias não estar… (falo baixo e com soluços à mistura)

Ele suspira e ajeita-se na cama chegando-se para um lado. Fico confusa com a sua atitude, mas ele limita-se a sorrir.

Harry: Anda cá. (faz sinal para eu me sentar a seu lado e eu assim faço) Eu vou estar sempre aqui. O pesadelo acabou. O Jeremy morreu e já não nos pode fazer mal.
- Tive tanto medo de te perder. (murmuro abraçando-o)
Harry: Eu também tive medo de não te voltar a ver. Mas agora está tudo bem. Já passou e eu estou pronto para outra.
- (olho para ele chocada) Nem te atrevas a dizer isso. Já me chegou uma não quero ter outro susto destes. (encosto a minha cabeça no seu ombro)
Harry: E no que depender de mim não vais ter mais nenhum. (dá-me um beijo na testa)
- Obrigada por teres protegido a minha irmã.
Harry: Só fiz o que o meu coração mandou. Eu sei qual a sensação de perder um irmão e não queria que tu e o Zayn passassem por isso.
- Por isso mesmo. Obrigada.
Harry: Já soube o que aconteceu à Kate.
- É… Foi tão injusto.
Harry: Soube que foste visitar a bebé. Ela está bem?
- Ela está na incubadora. Teve problemas respiratórios. Ela é tão pequenina e frágil.
Harry: Imagino. Que vai ser dela agora?
- Não faço ideia. Só que eu sinto que a devemos proteger.
Harry: Tu gostaste mesmo dela.
- Sim. A Jessie é adorável.
Harry: Lembrei-me que temos um envelope para abrir.
- Eu sei. Também me lembrei disso.
Harry: Quando o queres abrir?
- Quando estiveres fora daqui.
Harry: Está bem.

Noto que ele me olha com algum desejo por detrás. Olhar esse que me faz sorrir. Só não entendo o porquê.

- Porque me olhas assim?
Harry: Olhar assim? Se calhar porque estou completamente apaixonado por ti e porque te amo cada dia mais.

Ele sorri e calmamente junta os seus lábios aos meus dando inicio a um beijo cheio de amor e carinho. Um beijo onde todo o amor que sentimos nos faz esquecer o mundo à nossa volta. As nossas línguas batalham ao explorar cada canto da boca um do outro. Quando o ar se torna necessário separamo-nos, mas sem nunca largar o sorriso que temos.

- Nestas últimas horas senti-me tão perdida sem ti. (passo a mão pelo seu rosto)
Harry: Eu sei. Senti exactamente o mesmo. Eu sou tão fraco sem ti. Só sou forte se estiver contigo.

Ele leva a mão ao meu rosto e volta a juntar os nossos lábios. Acho engraçada a maneira como duas pessoas que se amam podem demonstrar a ligação através de um simples beijo. Para mim um beijo sempre teve pouca importância, mas com o Harry é diferente. Com ele, a pessoa que amo, tudo se torna mágico, especial e único. Tal como os beijos. Sinto que cada vez que trocamos um beijo, a ligação que temos se torna mais forte, tal como é retratada nos livros e nos filmes. Mas desta vez é a vida real.
Separei o beijo e ele não perdeu tempo bem baixar o seu maxilar até ao meu pescoço depositando um leve beijo que me fez arrepiar. Ele afasta-se repentinamente depois de ouvir a batida na porta. Este gesto fez com que ele se queixasse do local onde tens os pontos.

- Estás bem? (pergunto preocupada)
XX: Desculpem. Podemos voltar mais tarde.
Harry: Estou bem paixão. (suspira) Olá Perrie… Zayn… (eles assentem)
- Podem ficar.
Perrie: Então Harry? Estás bem?
Harry: Agora estou. (olha para mim e sorri)
Perrie: Gosto de vos ver assim.
Zayn: Já estava com saudades de ver os vossos sorrisos.
- Sempre foram ver a Jessie?
Zayn: Sim. E ela é a bebé mais fofa que conheço.
Perrie: O Zayn diz que ela lhe sorriu, mas eu não vi nada.
Zayn: Oh, mas ela sorriu que eu vi. Estas coisas sentem-se.
Perrie: Parecias um tolo a olhar para ela.
Zayn: Gosto de crianças.
Harry: Amor que se passa com eles? (sussurra-me)
- Acho que o relógio biológico dos dois está prestes a despertar. (sorrio)
Perrie: Pena não podermos ficar mais tempo com ela. (fala triste) Não somos pais, nem da família.
Zayn: Ei amor não fiques triste. Amanhã voltamos para a visitar. (dá-lhe um beijo na testa)
- Só me preocupa com quem ela vai ficar.
Harry: Nós vamos protegê-la e fazer com que ela fique bem. Ainda não a conheço, mas pelo que dizem ela merece isso. Aliás qualquer criança merece.

Mais uns minutos de conversa e o Zayn e a Perrie foram embora deixando-me a mim e ao Harry sozinhos. Mas essa solidão não durou muito tempo pois um irlandês invadiu o quarto acompanhado de uma rapariga cabisbaixa.

Niall: Harry… (abraça-o) Fiquei com medo.
Harry: Eu estou bem Nialler.
Niall: Estás bem??? Como podes estar bem se estás aí deitado??? Bem pelo menos estás vivo.
Harry: É estou vivo e bem vivo. (ri-se)
- Inês… (chamo-a e ela olha-me com um olhar triste)
Inês: Desculpa. (diz quase num sussurro e vejo que lágrimas caem dos seus olhos)
Niall: Está tudo bem Nês. (abraça-a para a reconfortar)
Inês: Desculpa Harry. (suspira) Eu não deveria ter dito o que disse naquela discussão. Tu és um dos meus melhores amigos senão o melhor mesmo. Fui burra em dizer que não me arrependia, mas arrependo e muito. (fala sem olhar para o Harry)
Harry: Inês tu magoaste-me muito com o que disseste, mas acho que o peso que carregas pelo facto do Thomas não estar entre nós já é demasiado para ti. Não foi culpa minha ou tua aquele acidente. Levei dois anos a culpabilizar-me, mas agora sei que não valeu a pena. O Jeremy é que provocou o acidente e em parte até te estou agradecido pelo beijo que me deste.
Inês: Como? (olhamos todos confusos para o Harry)
Harry: Agradeço não pelo beijo em si, mas pelo facto de me teres salvo. (cada vez entendo menos o que ele quer dizer). O Jeremy planeava que tanto eu como o Thomas estivéssemos naquele carro, mas pelo facto de me teres beijado apenas o Thomas lá estava. Agradeço por teres salvo um de nós do acidente. Agradeço teres deixado a minha mãe com um dos seus filhos e não a fazeres sofrer pela morte dos dois. Agradeço o facto de me teres mostrado que eu podia voltar a amar alguém ao teres-me apresentado a Bia. Por essas razões todas eu agradeço aquele beijo. O beijo que minutos depois roubou a vida de uma das pessoas mais importantes para mim. Uma das pessoas que eu mais amava na vida. O meu melhor amigo. Aquele com quem eu podia sempre contar. (todos nós estamos com lágrimas nos olhos às palavras do meu namorado) Aquele que me apoiava para o bem e para o mal. Sei que podes não entender isso, mas o Thomas era e continua a ser parte de mim. Custa não tê-lo aqui comigo, mas o facto de estar vivo faz lembrar que eu sou quem não o faz esquecido. Por isso não te culpabilizes mais. Ambos temos de seguir em frente e guardar o Thomas na memória e sobretudo no coração. Tenho certeza que era o que ele mais queria.
Inês: Obrigado Harry. (abraça-o e ele dá-lhe um beijo na testa)
Niall: Harry, tu tens um coração enorme. Onde quer que o Thomas esteja, ele está a olhar por ti e deve estar muito orgulhoso.
- Tenho tanto orgulho em ti amor. (dou-lhe um beijo)
Inês: Mas há uma coisa que tenho de vos contar. Niall promete que não me vais deixar. Já que estamos numa de abrir o coração…
Niall: Nês de que estás a falar? Claro que eu não te vou deixar.
Harry: Que se passa?
Inês: Bia, de certo que notaste que eu tomo uns medicamentos todos os dias.
- Sim, mas pensei que fossem para dores de cabeça ou a pilula.
Inês: Pois, mas não são. Eu tenho uma doença. Bipolaridade.

Esta noticia caiu como um choque eléctrico para nós. Noto o Niall completamente estático com a noticia.

Harry: Bipolar??
- Há quanto tempo sabes?
Inês: Desde os meus dezasseis anos.
Harry: Então quando começaste a namorar o Thomas já sabias? (ela assente)
Inês: Desculpem não ter dito antes. Eu sofro de distúrbios de humor e quem sabe até personalidade. O Thomas sabia disso, mas eu sempre lhe pedi para não contar nada. Não queria que me tratassem com pena.
- Jamais te iriamos tratar assim.
Harry: Agora entendo as tuas atitudes.
- (vejo o Niall sentar-se e engolir em seco) Niall…
Inês: Ni desculpa-me por te ter escondido isto. (baixa a cabeça) Eu entendo se te quiseres manter longe de mim. Eu entendo, a sério. Só quero que saibas que eu vou continuar a amar-te.

Tanto eu como o Harry observamos o desespero da Inês ao silêncio do Niall. Juro que até a mim este silêncio me está a dar uns nervos. Ela pega no seu casaco e quando se prepara para sair o Niall agarra-a e abraça-a.

Niall: Desculpa… Eu quero mesmo estar contigo. (beija-a e abraça-a)
Inês: Queres mesmo? Mesmo eu estando doente?
Niall: Uma doença que até aqui combateste sozinha, mas que com ajuda vai ser mais fácil. Eu quero estar do teu lado. (sorri para ela e volta a beijá-la)
- (sorrio) Niall toma conta da Inês.
Niall: Eu tomo.
Inês: Logo tenho consulta para saber em que ponto está a doença.
Niall: Eu vou contigo.

Ver o sorriso deles era contagiante e até eu dou por mim a sorrir. Sou desperta dos meus pensamentos com um beijo no pescoço e sinto-me sorri ao perceber que é o Harry.

Harry: Amor ficas comigo hoje?
- Eu queria, mas não sei se posso.
Niall: Sempre podes perguntar ao Dr. Robin. De certeza que aí o Styles quer matar as saudades todas. (ri-se)
Harry: Nialler não é nada do que pensas.
Niall: Pois, pois conta-me histórias.
- O Harry tem razão. Se eu cá ficar apenas é para fazer companhia.
Harry: No estado me que estou não dá jeito fazer mais nada.
Inês: Mas sempre podem fazer outras coisas de outras maneiras.
- Cala-te. (a Inês ri-se tal como o Niall)

Depois de uns minutos o Niall e a Inês vão embora. Eu aproveito a ida deles e vou falar com o Dr. Robin para perguntar se posso ficar esta noite ao lado do Harry ao que ele sorri e diz que não há problema.
No fim do dia regresso ao quarto do Harry e vejo que ele já dorme tranquilamente. Quando me preparo para o aconchegar vejo-o sorri e abrir os olhos mostrando o sorriso que eu tanto amo. Trocamos alguns beijos apaixonados e no fim depois de o aconchegar nos lençóis eu decido deitar-me no sofá que ali existe. Fico de olhar colado no meu namorado e vice-versa. Um silêncio se instala entre nós. Não é um silêncio mau, muito pelo contrário. Não eram precisas palavras pois os nossos olhares entendiam-se na perfeição. Aos poucos ambos adormecemos tendo a certeza que tanto um como outro estavam bem.

Hate and LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora