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Tentas passar despercebida pelo teu pai, mas foi uma coisa impossível. Ele estava realmente furioso.

Teu Pai- Beatriz onde pensas que vais? (pergunta num tom elevado)
Tu- (estremeces com a sua voz, mas viraste para ele firmemente) Porque a magoaste desta maneira? Ela não merecia. Se a amas mesmo como dizes deixa-a ser feliz. (dizes com medo das consequências)

Iniciaram uma discussão feia por sinal e num ápice ele agarra no teu braço e empurra-te contra a parede. Nesse momento o medo era a única coisa que sentias.

Teu Pai- Agora vais ver o que acontece se não cumpres o que te digo.

Ele instintivamente desapertou o cinto das calças e bateu-te com ele. As lágrimas de dor corriam pela tua cara em silêncio pois não tinhas forças para pronunciar fosse o que fosse. Por cada vergastada tu fechas os olhos e controlavas os gritos que estavam presos na tua garganta. Por fim ele parou com aquela tortura e virou costas atirando uma das jarras que estava na mesa ao chão. Ele severamente te mandou para o quarto, mas logo de seguida se sentou lavado em lágrimas no sofá. Não sabias se eram lágrimas de arrependimento ou não, mas nem querias saber. Devagar e com todas as dores que sentias pelo corpo diriges-te ao teu quarto. Assim que entras olhaste ao espelho e sentiste uma raiva e mágoa enorme. Começaste a tirar a roupa para ver o estado em que aquele que se dizia te pai te tinha deixado. Gemeste de dor ao tirar a camisola e mal viste as marcas vermelhas apenas choraste. Querias fugir para longe de tudo e todos para que ninguém te encontrasse, mas não o podias fazer.
Respiraste fundo e a muito custo foste tomar banho. Depois do banho vestiste uma calças de desporto e uma camisola larga pois as dores eram muitas se vestisses uma roupa mais justa. Deitaste-te na cama mas as lágrimas essas pareciam não ter fim. Acabaste por adormecer de tanto chorar. Sono esse que foi interrompido pelo toque do teu telemóvel. Não querias falar com ninguém e optaste por desliga-lo sem ver quem estava a ligar ou mandar mensagem. Olhaste para a cómoda e viste a foto que guardavas religiosamente. A foto do teu irmão com a tua mãe. Pegaste nela e olhaste-a num profundo silêncio. Aliás esse silêncio só era quebrado pelos teus soluços. Passaste o resto do dias fechada no quarto sem falar com ninguém, nem sequer com o teu pai. Esse sim era quem tu menos querias ver naquele momento. Pela tua cabeça passaram tantas perguntas e todas elas sem resposta. Os teus pensamentos são interrompidos quando alguém bate à porta.

Tu- Entre. (dizes com a voz rouca de tanto chorar)
XXX- Filha podemos falar?
Tu- (assim que ouves e vês o teu pai dás um pulo da cama e afastas-te o mais possível dele) Que queres?
Teu Pai- Quero pedir-te desculpas pela maneira como te tratei. (aproxima-se de ti e notava-se que tinha estado a chorar)
Tu- (afastas-te novamente) Não te consigo desculpar as marcas que me fizeste. (as tuas lágrimas voltam a cair) Às desejava ter ficado naquele orfanato. Assim não sofria tanto.

Teu Pai- Bia eu…
Tu- (interrompes) Beatriz para ti. (controlas as lágrimas) Sabes quantas vezes sonhei em ter uma família que me amasse? Uma família que me protegesse e fizesse feliz?... Quando me disseram que um casal me queria adoptar fiquei feliz e pela primeira vez em anos voltei a sorrir. E para quê? Para ao fim de 11 anos me sentir infeliz e sem vontade de viver. (os teus soluças faziam-te falar atrapalhadamente) Agora estás a pedir desculpa?? Não vale a pena. Tu tiveste a melhor coisa do mundo. Uma família. A Philippa adorava-te como pai e tiveste o amor incondicional da Ellen. Mas no fim acabaste por destruir o amor que sentiam por ti.

As tuas palavras poderiam não fazer sentido naquele momento e até poderiam não ter conexão, mas tu tinhas de as dizer.

Tu- Só te peço mais uma coisa. Não desperdices a tua vida a pedir desculpa se no minuto seguinte voltas a errar.

O teu pai baixou a cabeça e saiu do quarto deixando-te sozinha para teu alivio. Era um sufoco viver assim e isso deu-te a coragem que precisavas para procurar a tua família. Irias correr o mundo se fosse preciso para os encontrar.
O resto do fim de semana passou a correr e nem te deste ao trabalho de sair de casa.

--- Segunda-Feira ---

Acordas com o barulho infernal do despertador e a muito custo lá te levantas visto que ainda tinhas o corpo dorido. Arranjaste e sais de casa sem tomar o pequeno almoço. Não querias ficar naquele espaço muito mais tempo. Chegas à faculdade e vai ao refeitório buscar qualquer coisa para comer.
Lembras e ligar o teu telemóvel que tinha passado 48h em hibernação total. Logo recebes sinal de chamadas e mensagens do Zayn, da Inês, da tua mãe e até do Harry.
Nem te deste ao trabalho de ler as mensagens visto que dentro de minutos eles estariam ali. Apenas ligaste à tua mãe para a sossegar. Não sabias se tinha sido suficiente, mas deste o teu melhor.

XXX- Bom dia Bia. Onde te meteste o resto do fim de semana para não responderes às minhas mensagens? (pergunta sentando-se)
Tu- Bom dia Zayn. Passei um fim de semana com o meu pai. Só eu e ele. (mentes, mas de certeza que ele iria ficar desconfiado)
Zayn- (não ficou muito convencido) Olha eu e o pessoal estamos a pensar ir acampar a semana que vem visto que temos folga das aulas durante uma semana. Queres vir connosco?
Tu- Não sei. Acho que é melhor não.
XX- Oh vá lá. Vai ser giro. (aproxima-se de vocês)
Tu- Inês não estou com cabeça para essas coisas .
XxX- Se for por minha causa eu não vou.

Aquela voz fez o teu coração acelerar e o teu estomago estremecer.

Tu- Harry não é por tua causa.
Harry- Então porque não vens? Vais ser divertido.
Tu- Pronto ok. Eu vou com vocês. (sorris)
Inês- Yeah
Zayn- Vai valer a pena.
Inês- (olha as horas) Bia estamos atrasadas.
Tu- Vamos lá então.

Ias a levantar quando sentes a mão do Harry a impedir que fosses.

Tu- Que se passa Harry?
Harry- Hoje sempre me podes dar a próxima aula?
Tu- Claro que sim. A que horas?
Harry- Encontramo-nos às 14h no estacionamento.
Tu- Lá estarei. (sorris) Até logo então.

A manhã passou a correr. Tu e a Inês andavam atarefadas com um trabalho que tinham de entregar e nem deram pelo tempo passar.

Inês- Olha vou almoçar com o Niall queres vir?
Tu- Não tenho estaleca para servir de vela. (ris-te)
Inês- Parva.
Tu- Fica para a próxima. Além disso tenho o Harry à minha espera.
Inês- Bia toma conta de ti.
Tu- Inês eu sei que namoraste com o irmão do Harry e que vocês acabaram no dia em que ele morreu. Seja o que for que tenha acontecido acredita que o Harry é boa pessoa e não o fez por mal.
Inês- Eu não consigo esquecer. Só não quero que te magoes.
Tu- Está bem. Se quiseres falar sobre o assunto eu estou aqui.
Inês- Eu sei… Bem tenho de ir antes que o Niall comece a reclamar da fome.
Tu- Isso seria mesmo mau. (ris-te) Até logo.

Comeste qualquer coisa rápida e foste ter com o Harry que já te esperava no estacionamento como combinado.

Tu- Desculpa o atraso. (sorris para ele)
Harry- Não tem problema. Vamos?
Tu- Sim.

Entram ambos no carro e em menos de nada estavam em casa do Harry mais uma vez.

Harry- Entra e fica à vontade. (sorri)

Colocaram mãos à obra e começaram logo a aula. A meio da explicação tu ficaste perdida nos teus pensamentos e o Harry reparou.

Harry- Ei Bia está tudo bem? (pergunta estalando os dedos à tua frente)
Tu- (despertas) Hã… Desculpa. Que estavas a dizer?
Harry- Que se passa? Estás distante hoje.
Tu- Desculpa, mas estava a pensar na conversa que tive com a Inês.
Harry- Está tudo bem com ela?
Tu- Se eu te fizer uma pergunta prometes que não te chateias?
Harry- Ui. Não sei o que vem daí, mas pergunta.
Tu- O que se passou com a Inês no dia da morte do Thomas?
Harry- (ficou petrificado com a pergunta) Não quero falar disso. (falou num tom um pouco alterado)
Tu- (estremeces com a sua voz) Desculpa a pergunta. É melhor continuarmos com a explicação. (baixas o olhar)

O Harry sentiu que foi um pouco duro contigo e para se desculpar optou por responder à tua pergunta.

Harry- A Inês beijou-me por engano.
Tu- (levantas o olhar) O quê?
Harry- No dia em que o Thomas, meu irmão gémeo morreu, a Inês beijou-me por engano. (ele larga o lápis e encosta-se no sofá)
Tu- (sentas-te ao seu lado) Queres falar sobre isso?
Harry- Tínhamos vindo da festa onde eu ganhei o prémio de melhor cantor da cidade. (ele fixa o olhar na foto do placard) Ele tinha esquecido a carteira e voltou atrás para a ir buscar. Era noite e estava escuro. Enquanto esperava junto ao carro sinto uns braços à minha volta. Quando me viro a Inês beija-me pensando que era o Thomas. O problema foi que ele viu e pensou que eu me estava a atirar à Inês. Assim que ela percebeu o erro tentou explicar-se, mas ele não deixou e envolveram-se numa discussão.
Tu- E tu não fizeste nada?
Harry- Tentei explicar-lhe que era um erro e que eu não queria nada com a Inês, mas ele não acreditou e chamou-me de traidor. Eu sempre tive a reputação de mulherengo sim, mas era incapaz de magoar e trair o meu irmão a este ponto. (as lágrimas apoderam-se dos seus olhos verdes)
Tu- O que aconteceu a seguir? (perguntas passando as mãos pela sua cara e limpando as lágrimas dele)
Harry- O Thomas chamou a Inês de vadia (lembras o Harry a tratar-te assim no sábado) e ela deu-lhe um estalo. Ele de seguida pegou no carro e saiu a alta velocidade. A Inês estava inconsolável e eu não sabia o que fazer. Optei por levá-la a casa e quando eu cheguei aqui a casa encontrei os meus pais inconsoláveis e a chorar. Quando me contaram que tinham acabado de ligar do hospital a comunicar o que se tinha passado eu sai disparado de casa e fui ter com a Inês. Culpei-a da morte dele embora eu me sentisse o verdadeiro culpado. Eu e ela ficamos uns tempos sem nos falarmos e quando o voltamos a fazer apenas chorámos abraçados as saudades que tínhamos do Thomas. Prometemos não nos culpar-mos um ao outro da morte dele, mas a verdade é que até hoje eu ainda me sinto culpado pelo que aconteceu.

O Harry chorava compulsivamente e tu limitaste a abraça-lo e reconfortá-lo da melhor maneira que sabias.

Tu- Não precisas de dizer mais nada.
Harry- Obrigado por estares aqui e me ouvires. (sorri para ti ainda com os olhos cheios de lágrimas)
Tu- Às vezes faz bem desabafar sobre o que nos atormenta. Tu és um rapaz especial e mereces o melhor (sorris)
Harry- (olha-te nos olhos) A tua mãe tem razão quando diz que colocas uma pessoa bem disposta com as tuas palavras.

Tu sorriste e ele aproxima-se de ti beijando-te calmamente. Os vossos lábios moviam-se em sintonia. O beijo tornou-se mais intenso e notava-se que nenhum dos dois queria que aquele momento acabasse. Mas tiveram mesmo de terminar pois estava,m ambos com falta de ar.

Harry- Desculpa isto não devia ter acontecido. (afastasse de ti)
Tu- Não peças. Eu gostei do beijo. (sorris envergonhada)
Harry- (esboça um sorriso) A sério?
Tu- Sim. (coras) Só que eu quero ir com calma. Não me quero voltar a magoar como aconteceu com o Jeremy.
Harry- Nem me fales nesse filho da mãe. (irrita-se ao pronunciar a frase)
Tu- Por favor não faças nada. Não quero que ele te faça mal.
Harry- Eu prometo que não faço nada, mas ele que se mantenha longe de ti.
Tu- (abraça-lo) És importante para mim e acho que ainda estou a perceber o que sinto.
Harry- Eu vou conquistar-te. Disso não tenhas dúvidas. (sorri)

Aquelas palavras dele soaram-te tão bem que ficaste nas nuvens. Ele abraça-te forte, mas toca-te num ponto onde as marcas do cinto ainda estavam frescas. Isso fez-se soltar um gemido de dor ao qual não passou despercebido ao Harry.

Hate and LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora