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--- Harry On ---
Bem o tempo voa e finalmente vou sair do hospital. Já não era sem tempo. Esta semana aqui deu comigo em doido. Nestes dias todos os meus amigos me têm vindo visitar todos os dias e são sem dúvida um grande suporte para mim. Uma das visitas do Liam notei que ele anda mais triste e ao que parece ele e a Sophia andam meio distantes um do outro. O Louis e a El estão mais unidos que nunca, tal como o Niall e a Inês, ou o Zayn e a Perrie. Parece que os acontecimentos naquele dia mudaram as mentalidades de todos e pensamos mais em nós e em quem nós amamos. O meu pai mudou bastante nos últimos dias e por momentos consegue ser aquele que eu conheci quando era miúdo. Sei que para ele é difícil esquecer tudo o que aconteceu, mas ele está a fazer um esforço enorme para reconstruir a nossa relação que tenho de lhe dar o braço a torcer. A Bia… Bem a Bia continua a ser o meu porto seguro. Sem ela nada vale a pena. Jamais me imaginei a amar alguém como a amo a ela. Ela é sem dúvida quem me faz sentir vivo. Todos os dias quando ela me vem visitar é como se o meu mundo renascesse. Através dela tenho tido noticias da pequena Jessie já que ainda não a consegui visitar. Pelo que me conta acho que a Perrie e o Zayn estão mesmo “in love” pela bebé e sempre que podem vão visitá-la. Passam horas a admirá-la, a cuidar dela quase como se fossem os seus pais, embora não o sejam. A própria Bia criou uma ligação com a Jessie fazendo-me sorrir com as histórias que conta. Desde a vez em que o Zayn fez cara feia quando chegou a hora de mudar a fralda, à cena da Perrie ter pegado na menina quando pela primeira vez foi permitido alguém o fazer. Ou até mesmo a própria Bia que riu quando o Zayn ficou emocionado pelo sorriso que a Jessie mostrou para ele. Afinal o Zayn sempre tinha razão quando dizia que a bebé tinha sorriso para ele. Tal como a minha namorada diz, o casal Zerrie tem o relógio biológico a funcionar. Agora até eu tenho curiosidade em conhecer a Jessie.
O meu coração enche-se quando vejo quem amo pedir licença para entrar no quarto. Ela está linda como sempre. Pelo jeito acabou de vir do treino, visto ainda estar de fato de treino e com o saco de desporto ao ombro. E posso garantir que amo vê-la assim mais desportiva, mas quando ela se veste de forma casual e simples eu fico completamente vidrado. Até com umas simples calças de ganga e uma camisola ela fica a “matar”. Parece de doidos estar para aqui a falar da roupa dela, mas é mesmo estas pequenas coisas e pormenores que eu amo nela. Aliás a nossa relação é feita de todas as pequenas coisas que nos rodeiam.

Bia: Olá amor. (pousa o seu saco e vem dar-me um beijo)
- Olá paixão. (retribuo o beijo)
Bia: Pronto para ir embora? (pergunta enquanto me olha com aquele olhar que tanto me faz sentir seguro)
- Mais que pronto. Acho que se ficasse aqui mais um dia acabava por enlouquecer. (levanto-me com a sua ajuda e acabo de me arranjar)
Bia: Não sejas tão dramático. Até te trataram bem. Bem demais (diz a última frase mais baixo, mas eu oiço na perfeição)
- Bem demais? Estás a falar do quê? (falo com algum gozo na voz)
Bia: Nada, nada…

Nisto entra a enfermeira no quarto e nem deu conta que a Bia está sentada no sofá do quarto. A enfermeira vem com enorme sorriso e posso ver que Bia está talvez com ciúmes. Apetece-me rir, mas vou controlar-me. Ela fica tão fofa quando está com ciúmes.

Enfermeira: Bem Harry vinha despedir-me. Já sei que te deram alta.
- Sim deram e ainda bem. Já estava farto de aqui estar.
Enfermeira: Pois bem. Espero tão depressa não te ver por estes lados.
- Faço contas de me manter longe deste edifício por algum tempo.
Enfermeira: Bem os teus pais estão lá fora. Queres ajuda para te acabares de arranjar. (ela aproxima-se de mim e eu dou um passo atrás)
- Peço desculpa, mas já tenho a ajuda da minha namorada. (olho para a Bia e a enfermeira faz o mesmo)
Enfermeira: Oh. Desculpa não sabia que estavas aí.
Bia: Mas estou e algum tempo por sinal. (noto a frieza na sua voz)
Enfermeira: Bem sendo assim eu vou indo. Até mais Harry.
- Adeus.

Vejo a enfermeira sair e fechar a porta atrás dela deixando a sós com a Bia. Olho para ela e sorrio ao mesmo tempo que me aproximo.

- Estás chateada comigo? (pergunto fazendo com que ela descruze os braços e puxando para se sentar na cama à minha frente)
Bia: Não.
- Então porque estás com essa cara? (falo passando a minha mão pelos seus cabelos descobrindo o seu pescoço)
Bia: Eu estou normal. (dou-lhe um beijo no pescoço e ela arrepia-se)
- Sabes que ficas linda quando estás com ciúmes?
Bia: Eu não estou com ciúmes. (fala suspirando quando me afasto dela)
- Ah não?... Então quer dizer que não há problema se eu for pedir ajuda à enfermeira? (viro costas para me dirigir à porta)
Bia: Nem te atrevas.
- Então em que ficamos? (viro-me novamente para ela)
Bia: Pronto eu admito que tenho ciúmes. Mas só um bocadinho.
- Assim já falamos a mesmo língua. (beijo-a intensamente) Sabes que não tens razões para os ciúmes. Eu só tenho olhos para ti.
Bia: Eu sei disso, mas…

Somos interrompidos pelos meus pais que entram no quarto e vêm todos sorridentes.

Ben: Pronto para ir para casa?
- Sim, mas antes quero pedir uma coisa.
Anne: O quê?
- Bia eu gostava de visitar a Jessie.
Bia: A Jessie? Tens a certeza?
- Sim tenho. A Kate pode ter errado e muito, mas pelo que todos me dizem a criança não tem culpa dos seus erros. Todos me dizem que ela é um bebé adorável e eu sei ver a maneira como tu, a Perrie e até mesmo o Zayn falam dela. Assim eu gostava de a visitar.
Anne: Filho se é mesmo isso que queres fazer, força.
Ben: Nós esperamos por vocês no carro.
Bia: Vamos lá então.

Segui a Bia até à ala da pediatria onde se encontra a Jessie. Vejo uma das enfermeiras sorrir para a Bia e dizer qualquer coisa sobre “ela já tem saudades vossas”. Olho para a grande sala através do vidro e depois de nos vestirmos com batas próprias lá entrámos na sala. Posso ver a incubadora onde estava a pequena Jessie e quando me aproximo digo que me “apaixonei” pela menina. Ela é muito parecida com a Kate em termos de feições. Olho para a Bia como que a perguntar se podia tocar-lhe ao que ela sorriu e assentiu.
Suavemente coloco as minhas mãos nas luvas da incubadora e ao tocar na Jessie sinto uma enorme paz. Sem dúvida que ela está frágil neste momento.

- Ela é tão pequenina. (falo mexendo devagar nos seus dedos)
Bia: É verdade. Mas está a crescer a olhos vistos. Segundo a enfermeira ganhou cento e cinquenta gramas. O que é um feito para um bebé prematuro.
- O Zayn tem razão quando diz que se é incapaz de não gostar dela.
Bia: Quando a vi pela primeira vez senti exactamente o mesmo.
- Quando ela vai sair daqui?
Bia: A médica diz que ela está a melhorar a olhos vistos. Mesmo recém-nascida ela aparenta ter uma enorme força de vontade.
- Tal e qual a mãe. (engulo em seco ao lembrar a Kate)
Bia: Só espero que quando crescer não saia ao pai.
- No que depender de mim não vai sair.
Bia: Que queres dizer com isso?
- Sabes Bia, aquele dia no terraço fez-me pensar. Pensar em quanto o ser humano é egoísta. Fez-me ver que alguém tão frágil como a Melanie e agora a Jessie podem sofrer nas mãos dos adultos e com as consequências dos seus erros. A Jessie não merecia passar por esta injustiça. Injustiça de crescer sem mãe e até mesmo sem pai. Ela merece que a vida lhe venha a sorrir.
Bia: Realmente eu espero mesmo que a vida lhe sorria.
- Depois de ouvir todas as histórias que tu, o Zayn e a Perrie contam sobre ela (olho para a Jessie) eu próprio sinto que tenho o dever de a proteger de tudo. De a ajudar a ultrapassar as coisas más e apoiá-la nas coisas boas. Eu tenho a certeza que seria o desejo da Kate. Desejo que nós olhássemos pela menina dela.
Bia: O Jace veio vê-la.
- O Jace? (pergunto confuso)
Bia: Sim. Afinal ele e a Kate eram primos. Pelo que ele contou à enfermeira os pais da Kate não querem arrecadar com as despesas da neta e os pais do Jace dizem que vão fazer de tudo para proteger a Jessie e a ficar com ela.
- Nunca pensei que os pais da Kate fossem fazer uma coisa dessas. Mas espera lá… Tu disseste que os pais do Jace querem ficar com ela?
Bia: Sim querem. (baixa o olhar) A Perrie ficou bastante triste com a noticia e o Zayn diz que vai fazer de tudo para não perder a ligação com a bebé. E sinceramente eu também não quero perder a ligação com ela.
- E o Jace? Qual a posição dele?
Bia: Pelo que sei ele contou aos pais que a Kate nos tinha dado um envelope para abrir no dia em que o filho nascesse. O Jace acredita que naquele envelope está a salvação da Jessie.
- Então temos de saber aquele conteúdo e depressa. (falo determinado)
Bia: Parece que a hora da visita acabou. (olhamos para a enfermeira que faz um gesto e sorri triste)
- Já? E quando pudemos voltar?
Bia: Amanhã voltamos.

Olho uma últimas vez para a Jessie sussurrando “eu prometo que não te vais separar do Zayn nem da Perrie, da Bia e de mim”.
Despedimo-nos da enfermeira e seguimos para o estacionamento onde os meus pais já esperam por nós. A Bia foi incansável em ajudar-me devido à cicatriz da minha operação.
Quando cheguei a casa respirei de alivio. Lar doce lar e como é bom estar de volta a casa.

Anne: Bem eu vou preparar o jantar. Ficas para jantar Bia?
Bia: Eu não quero incomodar.
Ben: Beatriz, tu já és da família por isso não incomodas. (sorri)
- Vá lá paixão. Fica por favor… (faço quase olhinhos de gato da botas)
Bia: Está bem eu fico. (sorrio e dou-lhe um beijo suave)
Ben: Eu ajudo na cozinha.
Anne: Bia e tu ajudas aí o Harry. Pode ser?
Bia: Com todo o gosto.

Com calma e devagar subimos até ao meu quarto. Assim que entro noto uma energia no ar. Ela ajuda-me a deitar na cama e depois de eu estar instalado ela senta-se a meu lado e entrelaça a sua mão com a minha. Ao reparar na união dos nossos dedos reparo que falta algo.

- Não pode ser… (digo preocupado)
Bia: Que se passa amor?
- A minha aliança… Não posso tê-la perdido. Não posso.
Bia: Ei tem calma. Tu não a perdeste.
- Não?!

Vejo-a levar as suas mãos à sua camisola e retirar de dentro o seu colar. Ali vejo que está a minha aliança e sorrio por pensar que ela sempre esteve perto da minha menina.

Bia: O Dr. Robin entregou-ma e como a tua é maior que a minha, para não perder coloquei no meu colar. (ela retira-a do colar e entrega-ma)
- Pensei mesmo que a tivesse perdido. (coloco-a no meu dedo e de seguida olho a Bia) Amo-te.
Bia: Também te amo. (trocámos um beijo)
- Bem parece que está na hora de vermos o conteúdo do envelope.
Bia: Agora?
- Sim já está na hora. Podes alcançá-lo ali na secretária?
Bia: Claro.

Reparo no nervosismo da minha namorada ao abrir a gaveta da secretária e pegar no envelope. Ela respira fundo e vem sentar-se a meu lado para que juntos possamos ver o que contém o tão esperado envelope.
--- Harry Off ---

Hate and LoveWhere stories live. Discover now