34- Quartinho da Sophia

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Sinceramente até acho que Diana me daria bolo independente de qualquer coisa, mas nunca vou saber, já que desmarquei o que já estava complexo de marcar, que seria sua vinda a minha casa, sem que eu pudesse faltar ao penúltimo ensaio antes da nossa apresentação de segundo período... estava tudo meio tenso.

Arrumei minha mochila já pensando na ideia de que iria dormir na casa de Alice, mas não me sentia tão feliz quanto gostaria de estar, afinal seu convite era pra coisas supérfluas e ainda tinha a companhia de Sophia... confesso que meu incômodo era inclusive em saber como iríamos dormir, porque já imaginava que eu e a doida ficaríamos num quarto extra existente na casa, onde haviam duas camas de casal. Aquela noite prometia ser inútil, mas eu iria, só pra estar perto dela... me sentia muito idiota.

Durante o caminho fui tentando confirmar esse combinado, mas Sophia não respondia, o que não estava ajudando. "Bom, eu to com as minhas coisas aqui, só depende de vocês.", mandei pra Alice pelo Whatsapp. Vesti minha calça legging comprida pra realizar meu ensaio, pois ela fazia parte do meu figurino e assim passamos aquelas horas.

Por fim, depois de tudo, estava esperando-as do lado de fora, na porta do Teatro, quando Sophia surgiu perguntando:

– Como ficou você e a estranha? – "Estranha" né?

– Ah cara, ainda não rolou né, mas deixa isso quieto, depois a gente fala disso. – Encerrei porque Alice vinha se aproximando.

Começamos a caminhar enquanto Sophia dizia que não poderia ir, pois estava muito gripada, tossindo muito, e também porque estava pra viajar de volta pra sua terra devido às férias, por isso precisava ficar em casa pra lavar roupas... sim... lavar roupas ela disse e completou:

– Mas se vocês quiserem podem ir lá pra casa.

Lembrando que ela morava num pensionato feminino e o máximo que possuía era um quartinho com banheiro individual, mas não porque fosse pobre, pelo contrário, se comportava como uma, mas de pobre não tinha nada, ela mesma já havia me contado, numa vez em que a acompanhei para ver um outro quartinho, que só seu padrasto ganhava mais de dez mil reais ao mês, fora sua mãe que tinha uma confecção com costureiras como funcionárias e etc.

– Pode ser. – Respondeu Alice.

– Por mim também. – Respondi após ela de propósito.

– Tá bom então, vamos pra minha casa, mas já vou avisando que vocês vão ter que dividir o mesmo colchão. Tudo bem pra vocês? – Disse Sophia animada.

Naquele momento em especial permaneci quieta esperando Alice responder, porque qualquer coisa que eu dissesse seria julgado, fosse por uma ou pela outra, já que ambas sabiam da porra toda.

– Tudo bem. – Respondeu Alice.

– Por mim também. – Respondi sem animação após ela.

Eu realmente não demonstrava animação, já havia dormido com ela outras duas vezes ao longo daqueles três meses após a vez em que transamos, então repetir ou não, não era garantia de que alguma coisa finalmente fosse acontecer entre nós, por isso não havia expectativas em mim, na verdade me sentia frustrada porque podia estar conhecendo uma outra pessoa, mas estava ali, brincando de amiguinha com as duas, mesmo que houvesse algo estranho sim no ar.

Depois de fazermos uma tour na cozinha do pensionato, local em que eu estava acostumada a frequentar e Sophia parecia fazer questão de mostrar o quão ambientada eu estava, onde, inclusive, cheguei a deixar as duas sozinhas pra usar um dos microondas existentes, voltamos pro quartinho já sem a pretensão de fazer nada daquelas "coisas de menina".

– Você não vai dormir com essa calça, né? – Me perguntou Alice sorrindo, pois quando tirei a minha jeans, a minha legging estava por baixo e confesso que realmente pensei em ficar com ela.

LGBT - Aos Meus Olhos - 2016 Parte 1Where stories live. Discover now