22- Nada Aconteceu

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Meu amigo do trabalho começou então um movimento particular para me "desencalhar" – Riu. – Começou a me mostrar as fotos das meninas lésbicas e bis que conhecia, na esperança que eu me interessasse por alguma delas, o que realmente aconteceu e seu nome era Diana.

Quarta-feira, dia quinze de junho de 2016, eu a adicionei no Facebook, mas sinceramente não sou muito boa com esse tipo de abordagem, descobri ao longo do tempo que sou melhor na convivência, não por rede social, mas aquela ainda era a única forma que possuía, então lhe mandei mensagem, a qual não me respondeu.

No dia seguinte, ainda na mesma semana do dia dos namorados, aconteceu algo estranho, Alice finalmente aceitou dormir novamente em minha casa, mesmo que fosse por uma ajuda a qual, se não me engano, foi ela quem solicitou e, sinceramente, não acho que fosse a única pessoa que a poderia ajudar tendo em vista a quantidade de conhecidos que a mesma possui, afinal, o que precisava era apenas de algumas impressões, ou seja, com o dinheiro da passagem possivelmente ela também imprimiria em qualquer papelaria.

No dia em questão Alice não foi a aula, era uma quinta-feira e havíamos combinado dela me encontrar numa estação de metrô quando eu estivesse indo embora depois do curso e foi pra onde fui. Fiquei bons minutos angustiada, porque já passava, e muito, das onze da noite e dentro da estação meu celular estava sem sinal, com isso fiquei sem saber o que fazer, até que finalmente ela apareceu e fomos pra minha casa.

Fizemos o que tínhamos que fazer, imprimimos suas cinco folhas... sim... não creio que tenha sido mais do que isso, então volto a dizer, não havia o porquê, ainda mais quando paro e penso na quantidade de pessoas que Alice conhecia, pois são várias, ou quando penso em lojas que realizam impressões e nas passagens gastas pra ir até minha casa, realmente me pergunto se havia essa necessidade, ou se aquela havia sido apenas uma desculpa, mas na época eram tantas as questões em minha mente que não conseguia fazer esse simples raciocínio, até porque seu resultado me faz pensar que ela teria vindo de propósito. Mas se foi de propósito, qual seria então sua real intenção? Não sei, nunca saberei, talvez fosse realmente apenas algumas folhas de impressão, a questão é que, se for apenas por isso, sua vinda foi burrice matematicamente falando.

Com tudo resolvido, logicamente me lembrei do que tanto lhe havia proposto nas demais vezes em que lhe convidei, que por sinal foram várias e em todas tendo segundas intenções, confesso, mesmo que tentasse me convencer do contrário, no fundo eu sabia o que realmente queria com a vinda dela, mas enfim, me lembrei do que havia proposto e por isso eu dormiria em outro lugar da casa, mas antes que pudesse dizer algo, Alice, já deitada num dos cantos da minha cama de casal, me olhou, enquanto eu terminava de ajeitar as coisas, apontou para o espaço ao seu lado e disse:

– Vem, deita aqui.

Ainda a olhei por um longo e curto segundo com aquela ideia em mente, porque era lógico que minha vontade era dormir ali, assim como também era óbvio, assim como já comentei, que adoraria que outras coisas acontecessem além de dormir, mas eu a respeitava, mesmo que as vezes tenha agido com a intenção de tê-la, juro que a respeitava e isso me faz pensar no quanto fui idiota, pois ela estava ali, diante dos meus olhos, eu e ela dentro de meu apartamento vazio... assim como da outra vez... mas não era uma decisão minha e eu realmente não me considerava o melhor pra ela, não queria piorar sua vida, não queria estragar tudo, por mais que a quisesse de todo meu coração, por isso eu congelava minhas ações, não conseguia nem avançar e nem recuar por causa da confusão dentro de mim.

Me deitei ao seu lado e não me lembro nem como e nem o porquê, mas ela deitou em meu braço e eu a abracei sentindo seu corpo junto ao meu e, por mais sexual que isso possa ter sido em mim, não é o tesão que senti que me faz me emocionar enquanto escrevo... sua pele... seu cheiro... seu calor... meu corpo se arrepiava e algo latejava forte no meu peito... – Pausa. – como eu queria que ela me desse qualquer sinal de que me queria.

Aquela era a primeira noite que dormíamos juntas depois da primeira em que transamos, eu não queria me precipitar, não queria ter alguma atitude e fazer com que Alice nunca mais viesse dormir em minha casa e esse risco infelizmente existia, já que namorava e já tinha me dito que queria fazer o tal namoro dar certo.

Ser amiga de alguém por quem se está apaixonada... gente... que loucura... que dor... que agonia... sinceramente não entendo como existem pessoas que realmente conseguem viver assim, como se estivessem num filme da Disney, mas eu não consigo e essa experiência apenas me reforçou isso, não consigo, não consigo porque não é sincero, eu tinha um escorpião gritando dentro do corpo e me sentia na obrigação de fingir que nada estava acontecendo porque ela já havia dito que só podíamos ser amigas, com isso, a cada dia, eu enlouquecia mais... e mais... e mais... e mais... não... nós não transamos naquela noite, por fim, e infelizmente, nada aconteceu.


Obs: Comente, curta e compartilhe. Bju.

LGBT - Aos Meus Olhos - 2016 Parte 1Where stories live. Discover now