32- Meu Pecado

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Triste, angustiada, confusa e com quantos mais adjetivos quiser e puder nomear, era assim que eu estava quando houve um ensaio uma vez, o qual creio ter sido numa sexta-feira, dia oito de julho de 2016, onde Diogo resolveu estar presente, e só Deus sabe o porquê, mesmo que ficasse do lado de fora boa parte do tempo.

Vê-lo ali me deixava ainda pior do que já estava, pois não consigo realmente ser hipócrita, não consigo sustentar uma falsidade, ou aparência, não conseguia cumprimentá-lo e tratá-lo de forma natural tendo tudo aquilo que tinha dentro de mim... eu não sou assim.

Não lembro se comentei, mas Pedro, aquele que havia me apontado no primeiro dia falando do quanto emagreci, vivia me paquerando, na verdade eu mesma já tinha pensado em ficar com ele no primeiro período, quando éramos da turma da manhã, mas naquela época ainda me considerava da Igreja e ele era casado, ou enrolado, embora dissesse estar separado, o que realmente estava já que a esposa morava em seu Estado natal com seu filho pequeno.

Enfim... naquela noite, depois da festa de Arraiá, das conversas com Sophia, da briga no grupo da turma e agora tendo Diogo por ali e Pedro me rondando como sempre, me abraçando e fungando no meu pescoço... ta aí o que mencionei sobre ter errado com alguém... eu fiquei com Pedro.

Enquanto outros colegas ensaiavam, fomos pra arquibancada do teatro, que ficava vazia e escura na maior parte do tempo, ali nós ficamos... foi horrível... ele parecia um adolescente desesperado, arranhou meu rosto todo com sua barba, a língua não tinha controle, nem parecia ser mais velho do que eu, o que pra mim foi ainda pior, porque já não estava me sentindo bem e achei que aquilo me faria me sentir melhor, talvez despertaria algo em mim que me fizesse me desprender de Alice... nada.

Tentei disfarçar meu desapontamento, voltamos pra sala onde estavam ensaiando, mas mal abri a porta e ela estava bem na entrada, sentada sozinha, assistindo o ensaio dos outros... Alice me olhou e sorriu... me sentei ao seu lado no escuro com o coração destruído enquanto Pedro sentava sozinho mais pra cima... – Chorou.

Diogo estava do lado de fora, meu momento com Pedro havia sido horrível, por mais que ele tenha realmente se esforçado e tudo que eu queria estava ao meu lado, olhando pra mim de vez enquando no escuro ao invés de prestar atenção nos colegas à frente e só Deus sabe o porquê... percebi isso, levei um pequeno tempo, questão de segundos, com aquela sensação de estar sendo observada, mas só me lembro de olhá-la em seguida.

Nossos olhos se encontraram, ela sorriu como se me admirasse e perguntei:

– Que foi?

– Nada. – Respondeu ainda sorrindo e me olhando.

– Ta bom. – Falei constrangida voltando meus olhos pra frente novamente.

Havia um buraco imenso na minha alma e a cada dia me distanciava ainda mais de quem eu era, ou de quem já havia sido, minha autoestima ia se acabando, meu orgulho, meu tudo... literalmente ladeira abaixo como havia mencionado.

Ignorei Pedro sentado atrás de mim, fiquei onde estava como se nada tivesse acontecido, não disse pra ele que não havia gostado, não disse que não estava me sentindo bem, não disse nada. Ele tentou repetir a dose várias vezes, me convidando pra voltarmos à arquibancada escura, mas nunca disse nem que sim e nem que não, só fingia não ser o melhor momento pra fazer isso e deixava o tempo passar.

Confesso que não fui legal, comentei com Sophia sobre o ocorrido criticando-o... eu realmente fui escrota em minha opinião, mas nem foi por mal, minha cabeça só não estava nada boa e quando via, eu simplesmente não lembrava dele. Meses depois lhe pedi desculpas, muitos meses na verdade, ainda irei mencionar isso no futuro, mas pedi porque na hora não enxerguei, mas depois percebi que havia feito com ele o mesmo, ou quase o mesmo, que sentia ter recebido de Alice depois que ficamos a primeira vez em abril.

Avisei que não estava aqui pra me defender, disse que não tinha esse objetivo e realmente sou assim, é mais fácil me punir do que me absolver de qualquer coisa, faço de tudo pra enxergar meus erros, porque sempre tenho a intenção de ser uma pessoa melhor, o triste é que realmente parece que pessoas boas só se fodem... ao menos eu sim... acho que estou fazendo as escolhas erradas... enfim... deixa quieto.

2016 foi um ano que não parecia ter fim, nem pra mim, nem pra milhares de outras pessoas, via muito isso pelo Facebook... quanto mais escrevo, mas história tenho pra contar... mas está acabando, ao menos essa primeira parte.

Aos curiosos, aí vai um spoiler: Nós transamos de novo, e antes dessa parte terminar, vou lhes contar como foi, desta vez com um pouco mais de detalhes.


Obs: Curte, comenta e compartilha, please :)

LGBT - Aos Meus Olhos - 2016 Parte 1Where stories live. Discover now