Vinte nove.

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Acordei com uma movimentação estranha na casa, será que eles vinheram me buscar? A porta foi aberta e eu vi um homem que eu nunca tinha visto antes, ele era enorme, tinha tatuagens espalhadas por todo o corpo, me levantei em um pulo me encolhendo na cama.

Guilherme: Leva ela logo.- Dito isso saiu, eu sentia nojo por ele.

Jú: Não faz nada comigo,por favor.- Falei já chorando.

Xxx: Eu não vou te machucar, Júlia.- Sentou do meu lado, ele me olhava com um certo brilho no olhar.- Esperei tanto por esse momento.

Alisou meu cabelo e eu me encolhei chorando, quem era esse homem?

Jú: Quem é você?

Xxx: Muralha, dono da penha.- Ata, sei quem é.

Respirei fundo me acalmando, me levantei e fui até meu cofre pegando um refrigerante voltando pra cama.

Jú: Quem é você? - Perguntei novamente.

Muralha: Muralha, dono da penha.- Respondeu novamente e eu cruzei os braços.- Marrenta igual a mãe.

Fechei meu sorriso na hora.

Jú: Como você conhece a minha mãe?

Muralha: Como eu vou dizer isso.- Falou consigo mesmo murmurando.-Júlia, eu sou seu pai.

Me engasguei com o refrigerante cuspindo nele.

Jú: Aí, desculpa! - Falei nervosa.- Você é o filho da puta que me vendeu?

Muralha: Não foi bem assim.- Tentou se defender mas eu neguei.- Foi sua mãe. Ela sumiu antes mesmo de eu ter a chance de te conhecer.

Jú: Porque?...- Perguntei com a voz falha.

Muralha: Eu sou um traficante, esse coroa um bem visto pela sociedade, tu acha que ela iria escolher o que?

Jú: Você? - Ele riu negando.- Você não tá mentindo pra mim, não é?

Mulhara: Eu passei 16 anos te procurando, hoje eu tô aqui, pra te levar comigo.- Alisou me rosto, estávamos em pé.

Ele era tipo,muito mais alto que eu, acho que por isso se chamava "muralha", tínhamos poucos traços em comum, mas tínhamos.

Sem mais esperar abri os braços abraçando ele, em seus braços eu desabei totalmente, chorei pra me limpar mesmo, quando me deparei dele dei um sorriso imenso.

Jú: Eu tenho pai! - Falei animada e ele riu.

Muralha: E o coroa aí? Ele te fez mal? -Neguei.

Jú: Agradeço a ele por tudo que ele me deu, falo pelos bens materiais, mas pelo lado do afeto, o amor, atenção, ele nunca deu, entende?

Muralha: Ih, não sei fazer esses bagulhos direito não, sou mó fechado, se pá?

Jú: Se pá, eu vou com você? - Ele assentiu - Como conseguiu?

Muralha: Eu paguei.- Respondeu baixo.- 10 mil.

Jú: Eu só valho isso? Nossa! - Fingi que tava surpresa, já esperava isso.

Muralha: Vamos pra sua nova casa.- Lembrei do pessoal da Maré.

Jú: A penha é aliada com o Complexo da maré, não é? - Perguntei enquanto colocava algumas coisas na minha mochila.

Muralha: Não, somos inimigos, por que?

Lá No Morro.Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon