Dezenove.

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Acordei na quinta feira com alguém se mexendo do meu lado, resmunguei e abri os olhos vendo o embuste.

Jú: Eu juro que é a última vez que eu durmo contigo Luan, meu pai do céu.- Me sentei na cama.

Luan: Tu falou isso ontem.- Passou com a toalha enrolada na cintura.

Estranho né? Também acho! Na segunda ele passou o dia comigo, fez eu desmarcar o shopping com os amigos pra ficamos juntos, de noite fomos pra baladinha e ele do meu lado o tempo todo. Daí eu acabei dormindo no carro dele e ele me trouxe para casa dele, no Vidigal, ele falou que quando dormiu comigo não teve pesadelo com os pais, então eu conversei com o Cadu e ele deixou eu ficar aqui, até domingo.

Fui me arrastando pro banheiro e tomei um banho, quando eu sai ele ainda tava lá, como todo dia.

Jú: Você não desiste nunca né? - Revirei os olhos indo pegar minha mochila.

Luan: Fé no pai.- Beijou o crucifixo e eu sorri.- Se eu quisesse só sexo contigo, já tinha conseguido a mó cota.

Beijou minha testa e saiu do quarto, coloquei um vestido jeans e uma havaianas, peguei meu celular do carregador e liguei pro Cadu.

-Oi, bom dia.- Falei assim que ele atendeu.

-Tá tudo bem? Volta logo, ainda quero a lasanha.

-Vou fazer.- Cheguei no último degrau e vi o Luan tentando quebrar um ovo, caindo todo na pia.

-Como tá sendo com ele?

-Ele é meio estranho.- Ele mandou dedo.- Mas é legal.

-Suave, vou desligar. Jota começou a apertar aqui.

-Beijos,se cuida.

Desliguei e me sentei na cadeira fazendo cara de tédio.

Jú: Nesses três dias tu sempre faz a mesma coisa, no final comemos na pensão de qualquer jeito.- Agora ele que me olhou com cara de tédio.

Luan: Tô tentando te agradar, desgraça.- Ri e me levantei fazendo um coque no cabelo.

Jú: Primeiro, não quebre o ovo na pia, quebre na frigideira.- Peguei um ovo quebrando o mesmo na frigideira.- Segundo, coloque a manteiga e o sal, por último, não faça isso tudo e deixe o fogo ligado e saia pra boca.

Luan: Alá, se achando a Fátima Bernardes.- Cruzou os braços encostando na pia.

Jú: Mas Fátima é do programa de conversa.

Luan: A.

Jú: Você é estranho.- Falei virando o ovo.

Luan: Não perguntei.

Jú: Vou ignorar suas grosserias.- Bufei e ele me puxou pela cintura.- Vai ficar comigo hoje não é? - Ele coçou a cabeça e fez cara de sonso.

Luan: Preciso ir pra boca.- Fechei a cara.- Nós tá parecendo um casal, tu aquelas fiel chatas e carentes e eu o trabalhador.

Jú: Ata.- Peguei o prato colocando o ovo dentro.- Podemos ir comer na pensão?

Luan: Porque tu fez o bagulho se não ia comer? - Falou indignado.

Jú: Não pensei nisso antes, mas aqui nem pão tem. Não sei como você achou esses ovos.- Ele gargalhou e eu me virei pra ele com as mãos na cintura.- Você não roubou da moça do lado né?

Luan: Se liga, o animal ficava abusando a noite toda, eu tinha direito.

Jú: Não acredito, Luan.- Falei não acreditando e ele me abraçou por trás enquanto ria e assim saímos na rua atraindo olhares de todos.


Aquela básica indecisão se eu deixo a
Jú com o Luan ou com o Jota.
Socorro.

Lá No Morro.Where stories live. Discover now