capitulo 37

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— Queria falar mais uma coisa. Tenho um jantar de negócios hoje em Positano. Não posso desmarcar. São pessoas que preciso ver antes de voltar para Sidney. Sei que não avisei nada, mas gostaria que me acompanhasse. Lúcia vai cuidar de Geórgia; já combinei com ela. Nina hesitou.
— Tinha planejado alguma coisa? — ele perguntou, a voz parecendo mais aguda.
— Não, claro que não.
— Sairemos às sete. Use vestido longo; a ocasião é formal.
Lúcia sorriu aprovadoramente quando Nina desceu a escada naquela noite trajando um vestido de cetim negro, os cabelos presos num belo coque, as mechas caídas sobre o rosto conferindo-lhe um ar sensual.
— Estou bem? — Deu uma voltinha para a governanta.
— Marc vai te achar irresistível esta noite, Nina.
Nina sentiu o rosto corar e tentou esconder seu embaraço fingindo que arrumava a alça do vestido.
— Você sabe por que nos casamos, Lúcia.
— Sim, mas as coisas mudaram, não? Você divide a cama com ele, como uma verdadeira esposa.
Isso é bom.
Nina encarou a governanta.
— Ele me odeia pelo. pelo que fiz ao irmão.
— Mas você não fez nada, fez, Nina? — Lúcia perguntou, sem despregar os olhos dela.
Nina ficou apreensiva.
— O que quer dizer?
Lúcia sorriu.
— Você pode ter enganado o Signore Marcello, mas não sou boba. Você não é a mãe de Geórgia, é?
A mão de Nina apertou o corrimão.
— P-por que diz isso?
— Você não poderia ser a mulher que seduziu André.
— P-por que não?
— Porque eu a conheci.
Nina ficou chocada, a mão largando o corrimão.
— Você conheceu Nadia? Lúcia assentiu.
— Sim. Ela foi procurar André lá na casa. Nem me deu atenção; afinal sou apenas uma empregada. Por isso, quando você apareceu, fiquei confusa. Você agia como ela, se parecia com ela. Mas tive minhas suspeitas. Então atendi aquele telefonema e a voz era muito parecida com a sua. Foi quando descobri o que estava acontecendo. Eu tenho filhos gêmeos. Já estão crescidos, mas costumavam fazer traquinagens, um se passando pelo outro.
Nina engoliu em seco.
— Contou para Marc?
— Não. Pensei em deixar isso com você. Nina mordeu o lábio.
— Sabe que tem que contar para ele, não é? — Lúcia perguntou.
— Eu sei. — Nina parecia angustiada. — Mas não sei como fazer. Ele tem sofrido muito. Não quero magoá-lo ainda mais. Sinto-me muito culpada.
— Nadia é quem deve se sentir culpada. Aposto que largou Geórgia com você.
— Sim. Acredite, é a rotina de toda uma vida. — Nina suspirou. — Mamãe era assim também: impaciente, impulsiva, irresponsável, sempre se envolvendo com os homens errados.
— Marc compreenderá — Lúcia garantiu. — E um bom homem. Tudo vai se resolver quando ele souber quem você realmente é.
Nina queria se sentir assim tão confiante.
Ouviu-o conversando com um empregado enquanto descia para o hall. Nina sorriu timidamente para Lúcia.
— Deseje-me sorte.
— Seja apenas você mesma — Lúcia aconselhou. — É o que basta.
O jantar foi oferecido num elegante hotel, o salão adornado com flores e candelabros. Nina não se sentia muito sociável. Ficou ao lado de Marc, o braço apoiado no dele, sorrindo para as várias pessoas que lhe eram apresentadas, mas mal podia esperar para voltar para casa.
Ao fim da refeição, vários casais começaram a dançar ao som de uma pequena banda. Nina deixou a mesa e refugiou-se no banheiro antes que Marc a tirasse para dançar.
Trancou-se em um dos reservados e respirou fundo várias vezes, juntando coragem para revelar a verdade quando voltassem para casa.
De repente, percebeu que duas mulheres conversavam no banheiro. Falavam em italiano, mas Nina compreendia cada palavra.
— Ouvi dizer que era dançarina numa boate quando André a conheceu. Aparentemente tiveram um caso, mas André decidiu voltar para os braços da noiva.
— Ouvi dizer que teve um bebê.
— Sim, parece que foi por isso que Marc se casou com ela. Ele quer ficar com a sobrinha e teve que se casar com a mãe dela para conseguir.
— Espero que não se arrependa. Mulheres como Nadia Selbourne só causam problemas.
— Agora a chamam de Nina. — A mulher deu uma risadinha. — Sem dúvida quer se distanciar da antiga imagem. Acho que querem silenciar algum escândalo. Reparou? Ela está com um corpo ótimo para alguém que teve um bebê há pouco tempo. Será que Marc já tentou tirar uma prova?
— Estão casados, não estão?
— Todos sabem que Marc Marcello é bem seletivo com as mulheres. Só se casou por causa da criança. Mas sabe o que dizem sobre os homens: não pensam com a cabeça, mas com o que está entre as pernas.
As mulheres deixaram o banheiro. Nina colocou a cabeça entre as mãos. Será que isso poderia ficar pior?
Marc se levantou assim que Nina voltou à mesa.
— Quer dançar?
Nina queria pensar numa desculpa, mas preferia dançar a ficar numa mesa com pessoas que sabiam tantas coisas a respeito de sua irmã.
Marc franziu a testa.
— Esteve nervosa a noite inteira. Algo errado? Não queria ficar tanto tempo em Sorrento? Desculpe, mas foi inevitável. Preciso resolver alguns assuntos antes de voltarmos.
Nina meneou a cabeça.
— Não, não é isso. — Ergueu os olhos, finalmente tomando uma decisão. — Podemos ir para casa? Preciso conversar com você. a sós.
— Se é o que quer.
Após algumas despedidas, saíram.
Marc mal falou no caminho de volta. Nina não sabia se ficava preocupada ou satisfeita com o silêncio. Retorcia as mãos sobre o colo, fingindo-se interessada na paisagem noturna. Chegaram a casa minutos depois, e Nina esperou Marc dar a volta para lhe abrir a porta do carro.
— Você está muito bonita está noite — ele disse, segurando-lhe a mão para ajudá-la a sair do carro.
— Marc. Vamos entrar. Estou com frio.
Marc a seguiu até a entrada, ligeiramente apreensivo.
Lúcia apareceu no vestíbulo assim que Nina abriu a porta, Marc vinha alguns ...

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