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... imo elo com meu irmão. Obrigado por tê-la. Sei que não deve ter sido fácil, mas não sou capaz de dizer o quanto significará para meu pai segurar a filha de André nos braços.
Nina exibiu um pálido sorriso enquanto pegava o copo, um nervoso no estômago ao pensar no quão complicada se tornara sua vida. Em poucos dias estaria casada com Marc Marcello, vivendo com ele para que juntos pudessem criar Geórgia como filha.
Por enquanto seu segredo estava a salvo. Mas quanto tempo se passaria até ele perceber que tinha se casado com a mulher errada?

CAPÍTULO OITO

Nina ficou contente pela ausência de Marc quando ela e Geórgia se mudaram para a casa. Já bastava ter de lidar com uma governanta carrancuda, que parecia determinada a deixar Nina o mais desconfortável possível. Com Geórgia, no entanto, a história era completamente diferente. Lúcia falava de forma amorosa e sorria para a menina com grande adoração, sempre tentando encontrar oportunidades para ficar com ela sozinha.
Nina tinha pedido uma licença no trabalho, sentindo-se surpresa pelo alívio de saber que Geórgia não sofreria mais com o medo da separação. A menina já parecia mais feliz e, embora achasse que estava imaginando coisas, Nina se perguntava se Geórgia não sabia intuitivamente que estava vivendo sob a proteção de seu amoroso tio. Tendo crescido sem pai, Nina sabia que Geórgia fora abençoada por ter alguém tão forte e seguro como Marc para criá-la. Isso tornava seu sacrifício mais suportável; sua pequena sobrinha jamais conheceria a tristeza de não poder contar com os pais.
Num impulso que nem ela compreendia, Nina sacou suas economias para comprar um vestido de noiva e um véu. Já que não teria o casamento com o qual sonhara durante toda a vida, decidiu que se vestiria como uma verdadeira noiva, mesmo que o casamento não passasse de uma fraude.
Ficou rodopiando em frente ao espelho do provador da butique, a organza flutuando ao redor dela. Geórgia ria animada no carrinho.
— O que acha, Geórgia? — perguntou, cobrindo o rosto com o véu. — Pareço uma noiva de verdade?
Geórgia começou a chupar uma das mãozinhas, os olhinhos escuros procurando a tia por trás da nuvem de tecido.
— Achou! — Nina se agachou e afastou o véu para expor o rosto à sobrinha, que começou a rir novamente.
Sentiu uma onda de ternura ao ouvir aquele som alegre e, inclinando-se, beijou a cabeça do bebê, os olhos marejados de súbita emoção.
— Só espero que um dia se case com um homem pelas razões certas, Geórgia. Com um homem que a ame de verdade, como toda mulher merece ser amada.
Levantou-se e, arrumando as saias volumosas, admirou seu reflexo no espelho. O branco do vestido realçava seus olhos cinzentos e parecia tornar sua pele aveludada. Sabia que não poderia ficar mais maravilhosa.
Pena que nada disso seria apreciado, pensou com um pequeno suspiro.
Nina estava colocando Geórgia para dormir quando ouviu o som do carro de Marc.
Em menos de 24 horas seria sua esposa. Compartilharia de seu nome e de sua vida, mas não de sua cama.
Ouviu o som de seus passos pela escada de mármore enquanto se aproximava do quarto de bebê, onde Nina esperava Geórgia cair no sono.
Marc a viu na penumbra.
— Olá.
— Oi.
Ela se afastou do berço para que ele pudesse ver a sobrinha.
Marc parecia cansado. Os olhos estavam ligeiramente vermelhos, como se não dormisse há dias, e o queixo parecia não ter visto um barbeador no dia anterior. Queria correr os dedos pelo rosto dele e lhe sentir a aspereza dos pêlos que cresciam. Queria pressionar os lábios contra a fina linha da boca, abrandá-la de desejo. Queria que ele se aproximasse dela e.
Pulou assustada com seus próprios pensamentos quando Marc se virou para ela.
— Algo errado?
— Não.
— Você parece. perturbada. Já se acostumou com a casa?
— Sim.
— Queria falar sobre a viagem à Itália — ele disse, adiantando-se e abrindo a porta do quarto para ela. — Eu a encontro no escritório em vinte minutos. Quero tomar um banho e me barbear primeiro.
Nina desceu a escada, levando consigo a babá eletrônica. Lúcia já tinha ido embora, por isso ela mesma arrumou uma bandeja com café e bolo e a levou para o escritório de Marc.
Ele logo apareceu, o cabelo escuro brilhando molhado, o rosto barbeado, o jeans e a camisa preta fazendo o coração de Nina acelerar.
— Como foi a viagem? — perguntou, concentrando-se na bandeja de café para disfarçar sua reação.
Marc aceitou a xícara que lhe era oferecida.
— Está ensaiando seu papel de esposa me servindo café e fazendo perguntas solícitas?
Nina afastou o olhar.
— Pense o que quiser. Só estava sendo educada.
— Não precisa se empenhar tentando ser educada comigo, Nina. Não combina com você. — Marc tomou um gole do café, mas quando viu a expressão magoada de Nina, imediatamente lamentou suas palavras cínicas. Largou o café e aproximou-se dela, levando uma de suas mãos aos lábios.
Ela ficou perplexa, o coração disparado.
— Por que fez isso?
— Não tenho certeza — ele respondeu em tom sério. — Para dizer a verdade, Nina, às vezes sinto que estou lidando com duas pessoas diferentes. — Ficou um instante em silêncio, os olhos fixos nos dela antes de acrescentar com certo divertimento: — Só me pergunto com qual delas estarei me casando amanhã.
Nina puxou a mão e decidiu colocar certa distância entre eles, tentando conter o pânico.
— Não sei por que diz isso. Fala como se eu sofresse de múltipla personalidade.
— Meu irmão contou muitas coisas sobre você, mas me sinto perdido porque não vejo evidência das coisas que tanto o incomodavam.
— Talvez eu tenha mudado — ela disse, evitando os olhos dele. — As pessoas mudam, sabia? Ter um filho é um evento capaz de mudar a vida de alguém.
— Sem dúvida, mas acho que há algo mais.
— O-o que quer dizer? — Ela o olhava com desconfiança, r ...

Romance Proibido Onde as histórias ganham vida. Descobre agora