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... iros para trás e encarou a irmã. — Tenho a chance de começar uma nova vida com Bryce Falkirk nos Estados Unidos. Ele me ama e me prometeu um papel em um de seus filmes. É minha grande chance no cinema. Só uma idiota a deixaria escapar. E se eu usar as cartas certas, talvez ele me peça em casamento.
— Falou com ele sobre Geórgia? Nadia revirou os olhos.
— Está doida? Claro que não. Ele pensa que Geórgia é sua filha.
Nina assustou-se.
— Como pode pensar em casamento sem contar a ele sobre seu passado?
Nadia lançou um olhar mordaz à irmã.
— Bryce nem pensaria em se envolver comigo se eu tivesse revelado algo assim. Ele pensa que meus olhos "inocentes como os de uma criança " são  a própria luz do sol. E continuará pensando assim, mesmo que eu precise mentir todos os dias para garantir que isso aconteça.
— Mas se ele a ama.
— Nina, não quero ter a mesma vida da nossa mãe, que trocava um homem ruim por outro pior e despachava as filhas para um lar de adoção quando as coisas ficavam difíceis. Quero ter dinheiro e estabilidade, mas não conseguirei isso com uma criança a tiracolo.
— Mas você poderia.
— Não! — Nadia a interrompeu, impaciente. — Não entende? Não quero esta criança; nunca quis.
— Largou a sacola de Geórgia perto do carrinho.
— Foi você quem me convenceu a continuar com a gravidez, então é justo que cuide dela até eu mesma encontrar quem a adote.
— Você? — Nina ficou tensa no mesmo instante. Nadia exibiu um olhar de quem sabe das coisas.
— Existem pessoas que pagariam uma fortuna por um lindo bebezinho. Quero garantir um bom negócio. Usando minha ligação com Bryce, talvez eu encontre um ator de Hollywood que queira Geórgia. Pense no quanto estariam dispostos a pagar por ela!
Os olhos de Nina brilharam de espanto, o coração bateu descompassado no peito.
— Como pode fazer isso com sua própria filha?
— Não é da sua conta o que faço. A filha é minha, não é sua.
— Deixe que eu a adote — Nina implorou. — Sou parente de sangue, o que torna as coisas mais fáceis, não é?
Nadia meneou a cabeça.
— Não. Aproveitarei esta oportunidade ao máximo. — Os olhos brilharam de cobiça. — Pensando bem, é uma tremenda sorte. É minha chance de me livrar da criança e ainda ganhar um bom dinheiro.
— Você é tão mercenária.
— Mercenária, não. realista. Podemos ser irmãs gêmeas, mas não sou como você, Nina. É hora de aceitar isso. Quero viajar, quero o conforto e os privilégios da riqueza. Pode ficar com suas longas horas numa biblioteca velha e tediosa. Eu quero uma vida.
Nina endireitou os ombros, ergueu o queixo com orgulho.
— Gosto do meu trabalho.
— Sim, pois eu gosto de fazer compras, jantar fora e freqüentar festas. E farei muito disso quando chegar à mansão de Bryce em Los Angeles. Mal posso esperar.
— Não acredito que vai simplesmente largar suas responsabilidades. Geórgia não é um brinquedo a ser descartado. É um bebê. Isso não lhe significa nada?
— Não. — Os frios olhos cinzentos de Nadia se encontraram com os dela. — Não significa absolutamente nada. Eu disse. não quero a menina. — Segurou a bolsa, vasculhando dentro dela, e entregou uma pasta de documentos à irmã. — A certidão de nascimento e o passaporte dela estão aqui; guarde-os bem até a adoção. — Pendurou a bolsa no ombro e virou-se para a porta.
— Nadia, espere! — Nina chamou, olhando desesperada para o carrinho. — Não vai nem se despedir dela?
Nadia abriu a porta e, com um olhar determinado, fechou-a com firmeza ao sair.
Nina sabia que seria inútil correr atrás dela. Na maior parte de seus 24 anos, de nada tinha adiantado implorar a Nadia que parasse para pensar nos próprios atos. Sua geniosa irmã gêmea pulava de desastre para desastre, causando prejuízos imensuráveis e demonstrando pouco remorso. Mas este certamente era o pior.
Ouviu um choramingo vindo do carrinho. Atravessando a pequena sala, Nina ergueu o pequeno pacotinho rosa.
— Ei, preciosa — disse enquanto acomodava a criança no peito, maravilhando-se novamente com a perfeição de seus traços. — Está com fome, pequenina?
O bebê se aninhou nela, e Nina sentiu um amor irresistível dentro de si. Não suportaria que sua sobrinha fosse entregue aos cuidados de outros. E se as coisas não funcionassem? E se a infância de Geórgia terminasse sendo como a dela e de Nadia? Nina lembrava bem da infância. as temporadas em lares de adoção, alguns bem piores que a negligência na qual ela e a irmã viviam em casa. Como poderia deixar que o mesmo acontecesse a Geórgia?
Nina sabia que o sistema legal de adoção funcionava, mas essa prática de adoção consentida a deixava aflita. E se alguém totalmente inadequado oferecesse uma grande quantia de dinheiro a sua irmã? A que tipo de triagem os pais em potencial eram submetidos, caso essa triagem existisse?
Percebeu a umidade na roupinha de Geórgia e, carregando-a para o quarto, deitou-a na cama e a despiu delicadamente, como fizera inúmeras vezes. Por baixo da manta, a menina vestia um macacão amarelado e puído. Nina tirou a roupinha pela cabeça da criança, falando amorosamente com a sobrinha, mas suas palavras ininteligíveis morrerem na garganta quando viu o que o macacão escondia. Seus olhos se arregalaram de horror ao se deparar com as marcas roxas ao longo do corpinho de Geórgia, marcas que tinham o tamanho perfeito de seus dedos, como se ela mesma tivesse causado aquele mal.
— Oh, Nadia! Como pôde? — ela soluçou, contendo as lágrimas por não ter sido capaz de evitar que a sobrinha sofresse a violência que fora comum em sua própria infância.
Decidiu naquele instante que faria o que fosse preciso para manter Geórgia consigo. Devia existir uma maneira de convencer Nadia a lhe entregar a menina permanentemente.
Teria de encontrar uma maneira!
Outras mães solteiras conseguiam enfrentar as dificuldades ...

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