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... lanceou o carrinho. — Não concorda?
Ela sustentou o olhar dele o quanto pôde.
— Gosto de usar branco. Cai bem em mim. Marc estava certo de que ela ficaria deslumbrante até vestida de freira.
— Vista o que quiser; a cerimônia só dura alguns minutos mesmo. Meu advogado cuidará dos papéis. — Dirigiu-se à porta, lançando a Nina um olhar de advertência. — Lembre que se quebrar o acordo, não terei outra escolha senão tirar Geórgia permanentemente de sua custódia. Não pense que não posso fazer isso, pois garanto que posso. E o farei se necessário.
Nina gostaria de revidar a ameaça, mas era desolador pensar na perda da sobrinha. Bastaria Marc ver as marcas no peito de Geórgia para que tudo acabasse agora mesmo.
Só esperava que, com o tempo, Marc percebesse o quanto ela amava a menina. Mas o que ele faria se descobrisse a verdade?
— Não quebrarei o acordo.
— Imagino que não. — Os olhos dele exibiam cautela. — E, claro, lhe darei uma mesada enquanto durar nosso casamento.
Nina ficou tensa, não conseguia encontrar a voz.
— Pergunto-me o que fará com tanto dinheiro para gastar — ele comentou em tom de insulto.
Nina deu de ombros, como a irmã costumava fazer.
— Compras, compras e mais compras, provavelmente.
Os lábios de Marc exibiam desagrado.
— Já trabalhou alguma vez na vida?
— Trabalhar? — Ela torceu o nariz repugnada. — Por que trabalhar se posso me divertir?
— Você me enoja. Mal acredito que conseguiu afastar meu irmão de Daniela. Ela adiou o casamento por sua causa. Se não fosse você, André.
— É típico culpar a amante — Nina retrucou furiosa em favor da irmã. — Ele não era obrigado a dormir comigo; poderia ter dito não.
— Você o perseguiu por meses. André me contou como você era insistente, como foi impossível mantê-la afastada.
— Pois ele se divertiu bastante. Aposto que você se divertiria também.
— Sinto desapontá-la, mas isso não acontecerá. Conhece as regras. Se andar fora da linha, usarei todas as armas ao meu dispor.
Nina podia bem acreditar. Marc devia ter cartas na manga. Só teria duas semanas para pensar numa saída, e se esforçaria ao máximo, pois estava ficando bem claro que seu oponente tinha a vantagem.
— Seus parentes estarão presentes na cerimônia? — ela perguntou na tentativa de esconder a inquietação.
— Não, meu pai não pode viajar, e minha mãe. — Ele hesitou antes de continuar: — Ela morreu anos atrás.
Nina não deixou de sentir certa compaixão pelo pai dele, que sofrerá um golpe duplo ao perder o filho e a esposa. Marc devia estar sofrendo muito também, por isso a raiva que sentia diminuiu um pouco.
— Deve ter sido muito difícil para todos vocês — disse gentilmente.
Marc a encarou com desgosto.
— Como ousa demonstrar simpatia? Se não fosse você, meu irmão estaria vivo!
Nina ficou estarrecida. Isto estava se tornando um pesadelo. O que ele estava insinuando?
— E uma acusação muito grave — ela conseguiu dizer. — Que provas você têm?
— Você foi a última pessoa a ver André antes que ele fosse buscar Daniela no aeroporto.
Nina desconhecia este pequeno detalhe.
— E daí? — Tentou soar despreocupada, embora seu estômago estivesse se revirando de consternação.
— Era compreensível que Daniela ainda estivesse perturbada. Queria adiar o casamento, mas André garantiu que o caso de vocês tinha terminado. Ela sabia do bebê, que foi motivo de grande desentendimento entre eles. Daniela temia que isso voltasse a aproximar vocês dois. Ela não morreu na hora, ainda teve chance de me contar que André estava muito agitado, certamente por causa da sua visita na noite anterior. Ele não conseguiu dormir depois de ouvir suas exigências descabidas, estava completamente desconcentrado. Um caminhão ultrapassou o sinal vermelho, e André não conseguiu reagir a tempo de evitar a colisão.
— E a culpa é minha? — Nina perguntou. — Eu não estava dirigindo o caminhão!
— Mas é como se você estivesse. André estava profundamente envergonhado por ter se envolvido com você. Isso quase destruiu seu relacionamento com Daniela.
— Ele deveria ter pensado nas conseqüências antes de me assediar — ela retrucou.
— Não está invertendo as coisas? — Marc perguntou com um lampejo nos olhos. — Não era André quem estava nu na cama do hotel naquela primeira noite. Era você.
Nina tentou disfarçar o espanto. Desconhecia muita coisa e, quanto mais se envolvia na farsa, mais difícil se tornava manter o disfarce. Nadia não lhe contara praticamente nada, o que significava que teria de mentir para escapar daquele campo minado.
— E daí? — Ela reassumiu o tom casual. — Ele poderia ter dito não.
— Poucos homens diriam não a tão grande tentação — respondeu, o olhar vagando sobre ela novamente.
Nina inclinou a cabeça de maneira provocante.
— Então se admite tentado?
Marc se aproximou dela, a expressão cheia de ódio.
Os olhos a fulminavam, como se ele mal pudesse controlar a própria raiva.
— Pode ter o corpo de uma deusa e o rosto de um anjo, mas não a tocaria nem que minha vida dependesse disso — ele afirmou.
Tendo seu orgulho feminino insultado, Nina ergueu mais o queixo, os olhos emitindo um desafio imprudente. Como ele ousava repudiá-la com tanta presunção?
— Quer apostar, garotão? É mais fácil falar do que fazer.
Marc apertou tanto a boca que os lábios ficaram quase brancos. Nina percebia que tinha exagerado, mas era tarde demais para recuar.
— Muito bem. Aceito a aposta. Se durante o casamento eu a tocar de maneira que não seja fortuita, você ganha. Dobrarei sua mesada na hora.
Nina percebeu que Nadia teria perguntado quanto ele pretendia lhe dar.
— E. quanto pretende me pagar?
— Muito mais do que você vale, garanto.
Os olhos dela brilharam de ódio ao ouvir a ofensa. Sentia a raiva se espalhando por cada célula de seu corpo
— É o que vere ...

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