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... a camisa branca evidenciando a pele morena e os olhos escuros.
— Desculpe, não vou demorar. Só quis ver se Geórgia estava bem acomodada primeiro. Espero por você no meu quarto. Bata na porta quando estiver pronta para descer. Eu a acompanharei para que aprenda a andar pela casa.
— Obrigada. — Esperou que ele saísse para se despir, desejando ter tempo para um banho, mas não queria aborrecer Vito atrasando-se para o jantar. Lavou-se na pia e colocou uma leve maquiagem, prendendo o cabelo num coque. O vestido pertencera a Nadia e, mesmo justo, era elegante e simples, a gaze rosa criando contraste com sua pele clara.
Bateu de leve na porta e conteve o fôlego enquanto ouvia os passos de Marc se aproximando.
— Pronta? — ele perguntou, fitando-a com indisfarçável aprovação.
Ela deu um sorriso nervoso.
— Sim.
A sala de jantar era tão suntuosamente mobiliada quanto o resto da casa. Candelabros de cristal pendiam do teto, e as paredes estavam adornadas com caríssimas obras de arte e vários espelhos de moldura dourada, que tornavam a sala ainda mais ampla. A longa mesa de jantar estava posta para três pessoas, a louça disposta de maneira elegante, com um perfumado arranjo de rosas ao centro.
Vito Marcello, sentado à cabeceira, relanceou Nina assim que ela entrou na sala.
— Está atrasado, Marc -— ele disse em italiano, em tom reprovador. —Ainda não ensinou sua esposa a ser pontual?
Marc puxou a cadeira para Nina enquanto olhava zangado para o pai.
— Não é culpa de Nina estarmos atrasados — respondeu também em italiano. — Tive que fazer várias ligações. Fui eu quem deixou Nina esperando.
Nina esperou Marc se sentar à sua frente antes de oferecer um olhar de agradecimento. Ele a encarou brevemente, uma sombra de espanto nos olhos.
Vito resmungou alguma coisa e tomou um grande gole de vinho tinto. Nina viu os olhos de Marc ir da taça na mão do pai ao jarro quase vazio.
— Sua casa é muito bonita, Signore Marcello — ela disse para quebrar o desconfortável silêncio.
— Será de Geórgia um dia — Vito respondeu em inglês, acenando para que o criado enchesse novamente o jarro. — A não ser que Marc tenha um filho. O que me diz, Marc? — Voltara a falar em italiano, acrescentando em tom de insulto: — Pode continuar de onde André parou. Tenho certeza de que sua esposa não se importará, desde que a pague bem. Já abriu as pernas para vários outros, por que não faria o mesmo com você?
Nina respirou fundo, apertando as mãos sobre o colo, o rosto ficando vermelho de raiva.
— Gostaria que não a insultasse na minha presença, papai. Afinal, ela é a mãe de sua única neta e merece um pouco de respeito.
Os olhos de Vito chisparam de fúria.
— É por causa dela que seu irmão está morto! Ela tem que pagar!
— Como? — Marc perguntou calmamente. — Insultando-a sempre que tiver a chance? Fazendo com que se sinta culpada o tempo todo, como costuma fazer comigo?
Vito bateu o copo com tanto ímpeto sobre a mesa que até o candelabro retiniu junto com as outras taças dispostas ali. Encarou o filho, o rosto vermelho e os lábios brancos de tão apertados.
— É verdade, não é? — Marc continuou com o mesmo tom calmo. — Sempre me culpou pela morte de mamãe porque não quer admitir seu próprio papel naquilo tudo.
— Você estava atrasado! Você a matou por estar atrasado!
— Não, papai — Marc insistiu gentilmente. — Era você quem estava atrasado. Lembra o quanto tive que esperar até que aparecesse para assinar o resto daquela papelada? Você estava bebendo. Tive que esperar que ficasse sóbrio para que pudesse assinar o que era preciso.
Nina angustiou-se quando Vito engoliu o que ainda restava de vinho na taça, o queixo tremendo como se não pudesse controlar suas emoções.
— É mais fácil culpar os outros que enfrentar a dor da verdade. — Marc suspirou. — Talvez nós dois sejamos culpados. Não deveria ter acobertado sua bebedeira por tanto tempo, mas só queria proteger mamãe. As coisas seriam diferentes se eu soubesse o preço que teria de pagar pelo meu silêncio.
Vito afastou-se da mesa e gesticulou para que o criado o levasse embora.
Marc se levantou por respeito ao pai. Nina continuou sentada, a garganta embargada pelo sofrimento de Marc.
— Lamento que tenha testemunhado isso.
— Está tudo bem. — Ela fitava a mesa para não precisar encará-lo. — Eu compreendo. Não tem idéia do quanto compreendo.
Houve um longo silêncio.
Nina não conseguia pensar em nada que pudesse dizer para preencher o silêncio. Estava ciente do peso do olhar de Marc, como se ele tentasse resolver um enigma.
— Desde quando fala minha língua? — ele perguntou, fazendo com que Nina o encarasse espantada.
— Eu. eu estudei na escola e na universidade.
— E mesmo assim não achou necessário me informar disso?
— Tive meus motivos.
— Sim. — Marc parecia ressentido. — Poderia ouvir o que estava sendo dito sobre você para usar contra mim mais tarde. Há mais alguma coisa que tenha se esquecido de contar?
Nina baixou o olhar.
— Não.
Ouviu quando Marc se levantou e prendeu o fôlego quando ele ergueu seu queixo.
— Por que tenho a nítida impressão de que está mentindo para mim, Nina?
— E-eu não sei.
Marc lhe ergueu ainda mais o queixo, fazendo com que o fitasse nos olhos.
— Você é uma mulher intrigante, cara — murmurou, o polegar lhe acompanhando contorno dos lábios. — Que outros segredos estes olhos cinzentos escondem de mim?
— S-segredo nenhum. — A voz saía esganiçada. — Não tenho segredos.
O polegar continuou seu movimento até Nina não conseguir pensar direito. Marc fez com que ela se levantasse e, com as mãos na cintura dela, baixou a cabeça para beijá-la.
Nina suspirou quando as bocas se encontraram, todo o seu corpo cantando em júbilo por estar nos braços de Marc mais uma vez. Sentiu a invasão da língua e começou a derreter, as p ...

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