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... ente conseguisse tomar a sobrinha, levando em conta a carta que o pai escrevera rejeitando o bebê. Nina tinha uma arma poderosa nas mãos caso decidisse usá-la.
Isso só lhe deixava com uma alternativa.
Marc encarou Nina com determinação.
— Quero reclamar a filha de meu irmão como minha.
— Não pode fazer isso! Ela não lhe pertence. Pertence a. a mim.
— Sabe que posso fazer isso.
— Como?
Nina nunca deveria ter perguntado. Os olhos escuros procuraram os dela. Uma ponta de medo começava a atormentar Nina.
— Quero a menina e farei de tudo para consegui-la, mesmo que tenha de me prender a você.
Nina ficou atônita, imaginando se teria compreendido mal a afirmação.
�� Prender-se? O que quer dizer com prender-se? A boca dele se curvou num sorriso que não chegou exatamente aos olhos.
— Meu irmão não quis se casar com você, mas não tenho tais receios. Será minha esposa em duas semanas, ou garanto que jamais verá sua filha novamente. — Manteve-se sério, sabendo que seu blefe era convincente.
Nina demorou a recuperar a voz, a cabeça pesando com uma mistura de espanto e afronta.
— Acha mesmo que serei coagida desta maneira? — retrucou indignada.
— Estou contando com isso. André me disse que seu principal objetivo na vida era agarrar um marido rico. Então aqui estou, pronto para o papel.
Nina pensou em revelar a verdade, contar que era a irmã gêmea de Nadia, mas o ar de arrogância de Marc a fez mudar de idéia no último minuto. Não entregaria a sobrinha sem lutar, mesmo que isso lhe custasse a liberdade.
— É de se esperar que um playboy mimado como você pense que pode conseguir tudo o que quer.
— Eu a pagarei generosamente, claro — Marc disse, os olhos escuros a observá-la atentamente. — Quanto quer?
Nina sabia que Nadia pediria uma quantia exorbitante, mas algo a impediu de levar aquela farsa tão longe. Aceitar aquela espécie de suborno só lhe traria mais problemas.
Além disso, a pequena Geórgia dormia a menos de um metro de distância, o corpinho bem machucado. Tivera sorte desta vez, mas se ele olhasse por baixo do macacão.
Erguendo o queixo, Nina cruzou os braços e informou com involuntária ironia:
— Se pensa que pode me comprar, está muito enganado.
Os olhos dele relancearam os seios apertados sob os braços cruzados, demorando-se a fitar o rosto dela novamente.
Nina se enfurecia com aquela avaliação, perguntando-se como o comportamento da irmã a colocara naquela cilada. Sabia que deveria direcionar sua raiva a Nadia, mas aquele homem a irritava profundamente.
— Já disse que não quero seu dinheiro. Eu me sentiria suja aceitando qualquer coisa de você.
— Boa tentativa, Srta. Selbourne. Sei o que está fazendo. Está querendo fingir que não é a mulher ambiciosa que seduziu meu irmão, mas posso ver além de sua encenação. Não pense que pode me enganar tão fácil. Já tomei uma decisão. E você fará o que eu disser, aceitando pagamento ou não.
Nina fez o que pôde para esconder o quanto a afirmação a afetava, a mente trabalhando desesperadamente, pensando numa saída para aquela farsa. Deus, mataria Nadia por isso! Não podiam obrigá-la a casar só para ficar com a sobrinha. Mas o que mais poderia fazer? Nadia não era uma mãe adequada, e Marc parecia ter evidências suficientes para comprovar o fato.
— Preciso de algum tempo para pensar. — Sentia-se um pouco irritada por soar tão parecida com Nadia, mas persistiu. — Gostaria de analisar bem todos os ângulos antes de me comprometer.
— Não vim negociar, Srta. Selbourne — ele disse de modo intratável. — Vim para assumir o papel de pai de Geórgia e pretendo fazer isso o mais breve possível.
Nina estava ficando mais alarmada. Havia um ar intransigente na voz que sugeria que Marc estava acostumado a conseguir as coisas ao seu modo.
Conte a verdade, ela repetia mentalmente. Conte quem você realmente é. Mas as palavras estavam presas em algum lugar dentro do peito, onde o coração já se apertava só de pensar em nunca mais ver Geórgia.
Tentou raciocinar com clareza, mas era difícil com Marc observando cada nuance de emoção em seu rosto.
E se aceitasse as exigências dele por enquanto? Ele dissera duas semanas. Certamente pensaria numa solução até lá. Precisava pensar em algo. Não podia se casar com um completo estranho!
Marc interpretou o longo silêncio como aceitação.
— Darei entrada nos papéis imediatamente.
— Mas. — Nina calou-se, o coração parecia estar saltando no peito. Oh, Deus! O que fizera? Ele não podia estar falando sério, podia?
— Talvez seja melhor deixar algo bem claro desde já, Srta. Selbourne. Este casamento não existirá no real sentido da palavra.
— Quer dizer que não será legal? — Ela franziu a testa, tentando compreender.
— Será legal, claro, mas apenas no papel.
— No papel? — Nina ergueu as sobrancelhas.
— A união não será consumada — ele afirmou implacavelmente.
Nina sabia que deveria estar sentindo um imenso alívio, mas por alguma razão inexplicável sentia-se aborrecida. Sabia que no momento não parecia tão glamorosa quanto Nadia, mas tinha uma boa figura e seus traços eram bonitos. Não a agradava ser dispensada assim, como se não tivesse atrativos.
— Quer que eu acredite nisso? — Nina perguntou com uma dose de cinismo na voz.
Marc ergueu a mão e fez o sinal da cruz sobre o peito.
— Eu juro.
Algo no ar de suprema confiança de Marc fez com que Nina pensasse em usar o olhar sedutor que a irmã costumava lançar aos homens. Colocou a mão no quadril, inclinando-o de maneira provocativa, erguendo os cantos da boca num sorriso malicioso enquanto murmurava:
— Só acreditaria se fosse um homem morto, Sr. Marcello.

CAPITULO 3

Marc ria por dentro diante da exibição de autoconfiança. Ela era exatamente como André descrevera: agora uma menina amuada, uma ninfa furiosa no instante seguinte. Era uma combina ...

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