capitulo 18

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... na ainda ouvia o choro de Geórgia ao sair do prédio, o coração apertado ao ver o desespero da sobrinha por se imaginar abandonada. Percebeu novamente o quanto era importante protegê-la, pois era óbvio que a menina a considerava sua mãe. Se Marc descobrisse a verdade agora, Geórgia sofreria muito, pois Nina tinha certeza de que ele a impediria de ver a criança.
A biblioteca ficava a poucas quadras dali, mas Nina caminhava arrastado, imaginando como as mães ao redor do mundo lidavam com o fato de deixar seus filhos aos cuidados de outros.
Amava seu trabalho, mas amava a sobrinha ainda mais. Se precisasse deixar o trabalho, engoliria o orgulho e aceitaria a mesada que Marc estabelecera no contrato pré-nupcial.
— Oi, Nina — Elizabeth Loughton, uma das outras bibliotecárias, a cumprimentou assim que a viu. — Por onde esteve esses dias? Sheila disse que você estava doente. Já se sente melhor?
Nina guardou a bolsa no armário dos funcionários para evitar o olhar indagador da amiga.
— Estou bem, só um pouco cansada. Foi uma semana daquelas.
— Não me diga que sua irmã andou lhe dando trabalho de novo. Não sei por que não a manda embora, não sei mesmo. Ela se aproveita demais de você, não é surpresa que fique doente. — Elizabeth contraiu os lábios, fechou a porta da sala e estendeu para Nina a nova edição de uma famosa revista de fofocas. — Já viu isso?
Nina engoliu em seco ao ver o artigo da revista. Havia uma fotografia da irmã em frente a um dos mais conhecidos hotéis de Sidney, num vestido que deixava pouco à imaginação, abraçada a dois famosos jogadores de futebol, ambos com reputação duvidosa quanto ao trato com as mulheres. A legenda dizia que, de acordo com fontes do hotel, Nadia e seus dois companheiros tinham feito uma barulhenta "festinha" na noite da última sexta-feira.
— Oh, Deus! — Devolveu a revista enquanto se sentava. — Era justamente o que eu não precisava.
— Sente-se bem? — Elizabeth a olhava com preocupação.
— Tenho que contar uma coisa, mas precisa prometer que não vai contar isso para ninguém.
Elizabeth fingiu passar um zíper nos lábios.
— Boca fechada.
Enquanto Nina contava o que acontecera, o rosto de Elizabeth se enchia de espanto.
— Está doida? — Elizabeth se levantou, agitada. — No que está pensando? Esse Marc Marcello vai te comer viva se descobrir! Você vai parar na cadeia!
— Que mais posso fazer? Geórgia precisa de mim. Nadia quer entregá-la à adoção, mas assim posso ficar com minha sobrinha e oferecer o amor que ela merece. É um preço pequeno a se pagar.
— Um preço pequeno? — Elizabeth estava atônita. — O que sabe deste homem?
Nina não pôde evitar um pequeno sorriso.
— Sei que adora Geórgia, e ela o adora também.
— E você? — Elizabeth lhe endereçou outro olhar indagador. — O que ele sente a seu respeito? Também te adora?
— Não. — Nina baixou a cabeça.
Houve um pequeno silêncio. Nina ergueu a cabeça e viu que a amiga a fitava contemplativamente.
— Acho que comecei a entender. Está apaixonada por ele, não é?
— Como poderia me apaixonar por ele? — Nina desviou o olhar novamente. — Mal o conheço.
— Deve sentir alguma coisa por ele porque, conhecendo-a como conheço, nunca concordaria em se casar se ao menos não o respeitasse e admirasse um pouco.
Nina refletiu por um instante. Sim, respeitava Marc. Na verdade, se as circunstâncias fossem diferentes, ele era exatamente o tipo de homem pelo qual se apaixonaria. Marc tinha qualidades que ela admirava. Era leal, protetor e tinha um forte senso de família.
— Vamos, Nina — Elizabeth continuou. — Posso ver em seus olhos. Está praticamente caída por ele.
— Está imaginando coisas.
— Talvez, mas tomaria cuidado se fosse você — Elizabeth aconselhou. — Você não é durona como sua irmã. Vai acabar se machucando se não tomar cuidado.
— Sei o que estou fazendo. De qualquer forma, não tenho escolha. Amo Geórgia e faria qualquer coisa para protegê-la.
— Parece que você e seu futuro marido têm muito em comum, não acha? — Elizabeth comentou ao abrir a porta. — Os dois querem a mesma coisa e estão dispostos a sacrifícios por isso.
Nina não respondeu. Começava a achar que fora um erro revelar o que estava acontecendo para Elizabeth. A amiga percebia coisas que a própria Nina se recusava a examinar de perto.
Pegou o telefone e discou o número da creche para saber se a sobrinha estava bem, ficando aliviada ao saber que Geórgia finalmente pegara no sono. Recolocou o fone no gancho e caminhou até o balcão, feliz por ter algo a fazer que não fosse pensar em Marc Marcello.
Nina mal entrara em casa ao fim do dia quando o telefone tocou.
— Nina? — A voz da irmã soou. — É você?
— Quem mais seria? — Nina retrucou. Nadia riu.
— Bem, por um minuto pensei que fosse eu. Nina rangeu os dentes.
— Isso é tão engraçado. Sabe que por causa de suas tolices estarei casada com o irmão de André em poucos dias, não sabe?
— Sorte sua. Será mais do que bem recompensada. Um bilionário para chamar de seu.
— O dinheiro dele não representa nada para mim.
— Ótimo. Então não se importará de enviá-lo para mim.
— O quê? — Nina ficou tensa.
— Ora, Nina. Você ficará endinheirada. Falamos disso no outro dia, lembra? Quero que compartilhe de sua sorte comigo. Afinal, somos irmãs, irmãs gêmeas.
Nina respirou fundo.
— Não aceitarei o dinheiro dele.
— Não seja estúpida; ele está oferecendo o dinheiro para conseguir o casamento. Precisa aceitar.
— Não tenho intenção nenhuma de aceitar.
— Ouça. — A voz de Nádia tornou-se firme. Se não aceitar o dinheiro, contarei quem você realmente é.
Nina engoliu em seco, os nós dos dedos ficando brancos de tanto apertar o fone.
— Não pode fazer isso. Ele tiraria Geórgia de mim.
— Acha que me importo?
— Como pode ser tão insensível? — ...

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