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... agir de forma adequada comigo.
— Quer que eu o bajule? — Ela parecia repugnada.
— Não colocaria as coisas nestes termos.
— Então como as colocaria?
— Só peço que mostre certa maturidade quando estivermos na presença de outras pessoas. Além do meu pai e da governanta, ninguém mais sabe que este não é um casamento comum.
— Vou me esforçar, mas não prometo nada.
— Está bem. Desde que cada um saiba cumprir seu papel.
Então Marc saiu da cozinha. Nina olhou para a sobrinha, que a encarava com interesse.
— Homens — disse, pegando a menina no colo. — Quem consegue entendê-los?
Geórgia exibiu um grande sorriso desdentado.
— Talvez eu devesse tentar um desses — refletiu enquanto abraçava Geórgia. — Parece funcionar. Basta uma olhada e ele se derrete todo por você.
Quando Geórgia já dormia, Nina tomou banho e vestiu um de seus confortáveis moletons. O cabelo molhado estava preso num rabo de cavalo, o rosto livre dê maquiagem e os pés descalços.
Estava descendo as escadas quando a porta da grande sala de estar se abriu e Marc apareceu, os olhos assimilando rapidamente suas roupas.
— Algo mais confortável para a noite? — comentou sarcasticamente.
— É cansativo usar alta costura o dia inteiro. — Ela fingiu um bocejo. — Além disso, arrastar todo aquele tecido caro esgotou minhas energias.
— Você parece ter 15 anos.
— Quer que eu me troque? — ela perguntou, olhando diretamente para ele.
— Não. — Ele abriu espaço para que ela entrasse. — Você está bem. Ótima, na verdade.
— Obrigada — Nina respondeu simplesmente, agarrando-se com força ao pequeno cumprimento, esperando que ele não percebesse o quanto a afetara.
— Quer beber alguma coisa? — ele perguntou.
— Algo leve.
— Sem álcool?
— Não bebo.
Ele a observava ao entregar um copo de água mineral.
— Reformou-se? — ele comentou. — Muito louvável de sua parte.
Nina queria ter a coragem de jogar a água na cara dele. Contudo, considerando o comportamento da irmã nos últimos meses, não podia desmerecer a opinião dele. Nadia costumava chegar em casa num grave estado de embriaguez que a impedia de refutar a veracidade daquele comentário.
— Mudei muitas coisas na minha vida ultimamente — respondeu.
Marc tomou um gole de sua bebida antes de responder.
— Seria presunção minha esperar que a morte de André tenha lhe causado algum impacto para que estas mudanças ocorressem?
— Só uma pessoa muito insensível não ficaria de certa forma afetada pela morte de outra.
— Sente saudades dele?
Nina olhou para o copo, imaginando como Nadia responderia.
— Tento não pensar nisso.
— Não, claro que não. Se pensasse no assunto, teria de assumir certa responsabilidade pelo acidente, não é?
Nina continuou de olhos baixos, não querendo encontrar o veneno dos dele.
— Não tenho nada a ver com a morte de seu irmão.
Ouviu o ruído do copo sendo recolocado sobre a mesa e recuou instintivamente quando notou que Marc se aproximava, os olhos faiscando de ódio.
— Acha que dizer isso basta para mudar o que fez?
Nina queria poder contar a verdade. As palavras estavam na ponta de sua língua, mas lembrou de Geórgia e mudou de idéia.
-— Você é culpada. Mal posso te olhar sem pensar no meu irmão agonizando preso ao carro, sangrando até morrer.
Nina sentiu-se enjoada.
Marc virou-se para encher o copo novamente. Nina aproveitou para respirar fundo, as mãos se contorcendo de angústia.
Sabia que ele ainda estava sofrendo e tinha o direito de sentir o que quisesse, mas isso não justificava torná-la alvo de sua raiva. Não era durona como Nadia para lidar com este tipo de crítica. Sempre que ele a censurava, era como se parte de si estivesse morrendo.
Decidiu deixar a sala.
— Onde pensa que está indo? — ele perguntou, deixando a bebida de lado.
Nina mordeu o lábio e apontou para a porta.
— Melhor deixar você pensando sozinho.
Marc se aproximou dela com apenas dois passos, agarrando-lhe os braços, os olhos brilhando de fúria.
—Acha que pode fugir fácil assim? Não deixarei que saia ilesa. Farei tudo ao meu alcance para que pague pela destruição que causou à minha família — rosnou, os dedos apertando Nina cruelmente.
Nina fingiu não se deixar abalar pela raiva dele, mas sentia as pernas tremendo.
— Não sei como nosso casamento vai lhe ajudar em alguma coisa. A não se que pretenda me prender em uma torre a pão e água — ela respondeu com uma petulância que nem de longe sentia.
Marc a puxou para si, a boca encontrando a dela pela segunda vez naquele dia.
Nina tentou usar as mãos para afastá-lo, mas era impossível. Estava aprisionada pelo abraço, o corpo dele imprimindo sua masculinidade às suaves curvas do seu.
O beijo se tornou arrogantemente íntimo, o contato da língua com seus lábios extinguindo qualquer vontade de lutar. Nina sentiu as pernas fraquejarem e as mãos, que antes o empurravam, começavam a se agarrar à camiseta para que continuasse de pé.
Marc intensificou o beijo, obtendo uma resposta que Nina não pretendia oferecer. Repreendia a si mesma, sem deixar de entrelaçar a língua à dele: ele era seu inimigo, era perigoso. mas não adiantou. Seu corpo estava em piloto automático e agia alheia ao seu bom senso.
De repente, acabou. Marc recuou tão abruptamente que Nina quase caiu, o corpo incapaz de se manter de pé sozinho.
Os olhos escuros brilhavam perigosamente enquanto Marc limpava a boca com as costas da mão, um gesto para deixá-la envergonhada.
Nina lhe negou aquela satisfação. Assumiu ar de desprezo e, pegando um lenço em sua roupa, limpou o que parecia ser sangue em seu lábio inferior.
Notou, surpresa, que Marc ficava ligeiramente corado.
— Perdoe-me — disse sério. — Não pretendia ir tão longe a ponto de machucá-la.
Ela lhe lançou um olhar mordaz.
— Até ond ...

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