capitulo 19

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... Nina berrou. — Você é a mãe dela!
— Se não aceitar o dinheiro e entregá-lo para mim, contarei como o enganou. Acho que Marc não vai aceitar bem a notícia.
Nina acreditava nisso, mas não estava preocupada consigo mesma. A questão era Geórgia. Amava a sobrinha e não suportaria separar-se dela para sempre.
Pensou em contar a verdade a Marc antes que Nadia tivesse a chance, mas sabia que seria inútil. Ele simplesmente tomaria a custódia de Geórgia e sem dúvida ficaria aliviado por não ter de se casar com ela. Não teria consideração por seus sentimentos como tia da menina, mesmo que ela implorasse para fazer parte da vida de Geórgia.
— Ainda não recebi nada — Nina disse. — O casamento é em alguns dias. Marc me disse que não terei mesada enquanto não assinarmos a certidão de casamento.
— Bem, assim que isso acontecer, quero que me mande o dinheiro. Todinho. Vou passar meus dados bancários.
Nina desligou o telefone minutos depois, enojada com os números anotados num pedaço de papel. A irmã acabara de vender a filha.


CAPÍTULO SETE

Fazia pouco tempo que Nina colocara Geórgia para dormir quando a campainha tocou. Não precisava olhar pelo olho mágico; sabia que era Marc pela maneira como sua pele ficara arrepiada.
Abriu a porta e permitiu que ele entrasse, usando um tom reprovador ao dizer:
— Devia ligar antes dizendo que viria para uma visita. Geórgia acabou de dormir. Não quero acordá-la.
— Não vim ver Geórgia — Marc disse, fechando a porta.
Nina prendeu uma mecha de cabelo atrás da orelha e enfrentou aquele olhar inabalável.
— P-porque veio aqui?
— Onde esteve hoje?
— Hã. Por que quer saber?
— Liguei durante horas e você não atendeu.
— Tenho o direito de sair, não? — Ela fechou a cara. — Ou ser prisioneira está entre suas estipulações?
— Não, mas gostaria que me mantivesse informado sobre o paradeiro de vocês no caso de precisar entrar em contato. Não tem celular?
— Sim, mas o deixo desligado para não acordar Geórgia. — Era uma meia-verdade.
—Tenho algo mais a discutir com você — ele acrescentou, tirando do bolso do casaco a revista que Elizabeth lhe mostrara pela manhã.
Nina pegou a revista com dedos trêmulos e a largou sobre a mesinha de centro sem abri-la.
— Creio que já viu.
— Sim.
— E?
Ela o encarou.
— Isso já faz mais de uma semana. Além disso, você sabe como essas revistas gostam de distorcer as coisas.
— Dormiu com esses homens?
Nina tremeu devido ao tom duro da voz, mas se obrigou a responder com uma firmeza que nem de perto sentia.
— Não.
— Sua. — Marc fechou a boca, como se estivesse enojado com a idéia de completar a frase. — Onde esteve hoje? Quero a verdade.
— Fui à biblioteca.
— Biblioteca?
Nina ergueu o queixo e cruzou os braços.
— Sim, aquele lugar enfadonho e cheio de livros onde se deve ficar em silêncio o tempo todo. Resolvi passar por lá, entende? Para aprimorar o cérebro.
— Ficou lá o dia inteiro? — Ele parecia cético.
— Boa parte do dia. É por isso que meu celular estava desligado. O que você fez o dia inteiro?
— Estive trabalhando.
— Oh, sério? — Nina lhe imitou o ar cético. — Pode provar?
Marc fechou a cara.
— Não tenho que lhe provar nada. Nina ergueu a cabeça.
— Pois digo o mesmo.
— Se eu descobrir que está mentindo, Nina, vai se arrepender.
— Não lhe devo satisfações enquanto não nos casarmos. E mesmo assim, não irei tolerar que me controle como se eu não tivesse cérebro. Agora, se já terminou de discutir o que queria discutir, é melhor ir embora.
— Vou embora quando achar que devo. — Venceu a pequena distância entre eles, uma das mãos apoiando-se na parede na altura da cabeça de Nina, os olhos fixos nos dela enquanto os corpos ficavam mais próximos.
Próximos demais.
Nina sentiu as pernas fracas e o coração errático. A fragrância do pós-barba atormentando seus sentidos.
— P-por favor, vá embora. — A voz saiu abafada.
Sentia-se afogar na insondável profundeza daqueles olhos escuros. O silêncio se prolongava. Perguntando-se se ele a beijaria, os olhos de Nina instintivamente procuraram pela boca de Marc.
Arregalou os olhos quando sentiu o corpo de Marc colado ao seu, evidenciando uma pressão potente mais abaixo. Sentia a energia do corpo dele disparando uma descarga elétrica no dela, arrepiando sua pele.
Respirou fundo, os seios arfando, o coração disparado. Os olhos dele buscaram seus lábios, demorando-se ali por incontáveis segundos, antes que Marc erguesse a mão para traçar o contorno deles com o polegar, lenta e sedutoramente.
Quando Nina imaginou que não poderia mais resistir, Marc se afastou, o rosto uma máscara.
— Até amanhã. A que horas seria mais conveniente ligar?
Vários segundos se passaram até o cérebro dela voltar a funcionar.
— Hã. Pode ser a esta hora. Ficarei fora o dia inteiro.
Marc riu ironicamente ao se dirigir à porta.
— Na biblioteca novamente?
— Sim. Pensei em ler alguns livros para Geórgia. Dizem que é bom para desenvolver a linguagem.
Ele fez menção de dizer algo, mas desistiu no último instante. Ao sair, endereçou-lhe um último olhar antes de fechar a porta.
Nina ficou olhando para a porta, esperando o coração voltar ao ritmo normal.
Elizabeth estava certa, pensou ao deixar escapar um suspiro. Estava mais do que apaixonada por Marc Marcello.
A choradeira de Geórgia foi ainda maior na manhã seguinte quando Nina tentou deixar a creche. O pranto da menina a torturava e, apesar da funcionária parecer tão tranqüila e confiante como no dia anterior, Nina sentia-se culpada ao sair do prédio, os olhos ardendo pela ameaça de lágrimas.
Não viu a figura alta apoiada ao carro diante da entrada da creche. Parou assustada quando a sombra de Marc bloqueou a luz do sol, o coração quase saindo pela garganta.
— M-Marc. O que está fazendo aqui?
— Eu ...

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