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... stacionamento abaixo do prédio do escritório, Nina saiu do carro e começou a ajustar o carregador de bebê ao peito, os dedos tremendo ao lidar com a fivela.
Marc lhe entregou Geórgia, ajudando a colocar as perninhas da menina nos lugares devidos. Nina sentiu a mão dele roçar seu seio esquerdo e pulou como se tivesse sido tocada por ferro em brasa.
Os olhares se encontraram, o dele cheio de antipatia.
— Melhor não fazer qualquer demonstração de aversão ao meu toque enquanto estivermos na presença do advogado. Ele acha que este é um casamento normal, e prefiro que ele continue a pensar assim.
Os olhos de Nina flamejaram enquanto ela arrumava as tiras do carregador sobre os o bros.
— Não é exatamente normal forçar alguém ao casamento.
Marc ativou o alarme do carro antes de responder:
— Você será mais do que recompensada por seu empenho.
— O fato de estarmos assinando um pacto pré-nupcial não causará suspeitas?
— Pactos pré-nupciais são comuns hoje em dia. Além disso, tenho que proteger acionistas e investidores, inclusive meu pai, que começou este negócio do nada. Não deixarei que uma mulher ambiciosa pegue metade de tudo que tanto trabalhamos para conquistar caso o casamento chegue ao fim.
Embora Nina soubesse que ele estava sendo razoável, sentia-se magoada. Queria que ele pudesse enxergar a verdadeira pessoa por trás daquele tênue disfarce, uma mulher que se importava profundamente com a sobrinha, tanto que estava disposta a se casar com um completo estranho.
Ficou calada e o acompanhou para dentro do elevador. Sentia um aperto no peito. As pernas começaram a ficar moles. A mente era uma contusão de pensamentos desordenados: queria fugir, queria contar a verdade.
Tivera sorte até o momento. Marc não pedira a certidão de nascimento de Geórgia, mas isto não demoraria a acontecer, principalmente porque ele pretendia adotá-la. Ele queria que o pai conhecesse a única neta, o que significava viajar até a Itália. Seria legal levar Geórgia para fora do país? E se alguém pedisse a certidão de Geórgia e descobrisse que ela não era a mãe?
Percebendo que Marc a fitava, apressou-se em esconder sua inquietação com um sorriso vago.
— Do que está rindo? — Marc a encarava com desprezo. — Da rapidez com que gastará sua mesada?
— Isso depende de quão generoso você será. Marc revirou os olhos e apertou o botão do elevador novamente, como se isso acelerasse a subida.
— Ainda não estamos casados, então é melhor não contar com um dinheiro que ainda nem recebeu — ele resmungou.
As portas do elevador se abriram e Nina o seguiu até seus escritórios.
Saber o quanto o irritava lhe dava uma agradável sensação de poder.
A recepção do império bancário de Marc não deixava dúvidas quanto aos lucros da empresa. Nina olhou para uma pintura na parede da sala de espera, arregalando os olhos ao perceber que era um autêntico Renoir.
— Sr. Marcello — a recepcionista murmurou para o patrão. — O Sr. Highgate está esperando na ante-sala de seu escritório.
— Siga-me — Marc disse para Nina por cima do ombro.
Algo dentro dela decidiu naquele instante que não ficaria recebendo ordens na frente de funcionários, ainda mais na frente da bela recepcionista que a encarava desde o instante em que chegaram.
— Olá. — Nina estendeu a mão sobre o balcão.
— Sou Nina, noiva de Marc. E esta é Geórgia. É sobrinha de Marc, sabia? Filha de André.
A recepcionista evitou a mão de Nina, como se tocá-la fosse queimá-la.
— Eu. eu pensei que seu nome fosse Nadia — a jovem conseguiu falar enfim. — Não lembra? — Fitava Nina de maneira acusadora. — Já nos vimos antes.
Nina não tinha pensado na possibilidade de sua irmã já ter visitado o lugar.
Ficou levemente corada enquanto pensava numa desculpa que justificasse não ter reconhecido a recepcionista, mas seu cérebro não parecia funcionar.
— Foi quando Marc estava na Itália, em setembro — a recepcionista continuou, o tom reprovador.
— André estava em reunião, mas você insistiu em vê-lo.
Nina sabia que Marc prestava atenção em cada palavra, por isso precisava encontrar uma solução que não denunciasse seu disfarce.
Contou rapidamente os meses e concluiu que Nadia viera procurar André em estado avançado de gravidez, provavelmente numa última tentativa de convencê-lo a aceitar a criança.
Baixou a cabeça num gesto de arrependimento, a mão acariciando a cabecinha de Geórgia.
— Sim. Bem, eu estava fora de mim. Hormônios, você sabe.
A recepcionista olhou para o bebê, a expressão severa se suavizando imediatamente.
— Ela se parece bastante com André, não é? Nina apenas assentiu.
— Não atenderei ligações no momento, Katrina — Marc disse, a voz autoritária interrompendo aquele princípio de conversa. — Vamos, cara. Temos assuntos a tratar.
Cara? Nina disfarçou o espanto bem a tempo. Não sabia como lidaria com aquela maneira carinhosa de falar. Era como se o relacionamento estivesse passando para outro nível, um nível com o qual não tinha qualquer experiência.
Seguiu Marc pelo espaçoso saguão onde outras caríssimas obras de artes estavam expostas, cada uma delas lembrando-a da quantidade de dinheiro que Marc dispunha para tomar a custódia de Geórgia.
— Aqui. — Marc abriu a porta para ela. — Sente-se. Irei chamar Robert.
Nina puxou uma das cadeiras de veludo para sentar-se e, acomodando Geórgia numa posição mais confortável, começou a olhar ao redor.
O escritório era imenso. Havia estantes com livros ao longo de duas paredes, os grossos volumes exibindo grande variedade de assuntos. A menos que servissem apenas de decoração, o que Nina duvidava, eles indicavam que Marc era um homem que lia bastante, pois além dos esperados termos sobre finanças e direito, havia alguns bestsellers e alguns dos clássicos que ela amava.
Era estranho saber que haviam lido os mesmos livros ...

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