capitulo 20

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... poderia perguntar a mesma coisa se já não soubesse a resposta. — Os olhos dele estavam na placa da creche. — Então é aqui que larga Geórgia? Sem dúvida para farrear o dia inteiro com seus amantes.
— Não. não! Não é nada disso!
Ele ergueu a sobrancelha com cinismo.
— Então talvez queira me explicar por que larga minha sobrinha com estranhos.
— Não são exatamente estranhos. São profissionais competentes.
Ele franziu a boca enquanto agarrava Nina pelo braço.
— Então é melhor vermos se são mesmo competentes, não?
Nina não teve escolha senão segui-lo, pois Marc a arrastava com determinação.
Não foi difícil encontrar Geórgia. Seu choro ecoava pelo pr�dio. Quando se aproximaram da sala dos bebês, Nina percebeu que Marc apertava seu pulso com mais força, como se transmitindo a ela a raiva que sentia.
— Calma, calma, Geórgia — a funcionária murmurava enquanto acariciava a menina. — Mamãe volta mais tarde. Vamos, vamos, não chore. Oh! Olá, Srta. Selbourne — disse ao ver Nina. — Acho que sua garotinha está demorando a se acalmar hoje.
Nina pegou a menina nos braços e o berreiro parou imediatamente, substituído por alguns soluços enquanto o bebê se agarrava a ela.
— Não tem problema. Acho que vou levá-la para casa.
— Podemos tentar amanhã novamente, se quiser a mulher sugeriu. — Como eu disse, no começo é difícil para a criança separar-se da mãe, mas ela logo se acostuma.
— A Srta. Selbourne não precisará mais de seus serviços — Marc anunciou.
A mulher ergueu ligeiramente as sobrancelhas, e Nina logo acrescentou:
— Este é meu. noivo, Marc Marcello.
— Ah. Sim, bem. — A mulher sorriu envergonhada.
— Vamos, cara. — Marc puxou Nina pelo braço e a conduziu até a porta.
Nina esperou chegarem lá fora para enfrentá-lo.
— Não tinha o direito de se intrometer assim! Marc a encarou enquanto abria a porta do carro.
— Você estava colocando minha sobrinha em risco. Olhe para ela. É óbvio que estava chorando histericamente; está toda vermelha. — Pegou a menina no colo, encarando Nina por cima da cabeça dela. — Não acredito que foi tão insensível a ponto de deixar uma criança completamente desconsolada ao cuidado de estranhos.
— Oh, pelo amor de Deus! — Nina bufou, frustrada. — Encare o mundo real, Marc. Mães do mundo inteiro deixam os filhos na creche. Elas precisam trabalhar.
— Mas você não trabalha, então não precisa desses serviços. — Virou-se para acomodar Geórgia no assento de bebê dentro do carro.
— Como sabia que eu estava aqui? Estava me seguindo?
— Depois daquele artigo na revista, decidi ficar de olho em você.
Nina mordeu o lábio.
— Marc. — Tentou não se deixar abalar pela expressão carrancuda de Marc. — Não fui completamente honesta com você. Eu. Eu tenho um emprego.
— Que tipo de emprego?
— Sou bibliotecária.
Viu uma rápida centelha de surpresa nos olhos dele.
— André não mencionou isso.
— André não sabia. É algo. recente. Queria melhorar minha situação. por causa de Geórgia.
— Não é preciso fazer faculdade para ser bibliotecária?
— Errr. Sim, foi o que fiz há alguns anos. antes de. bem. sair da linha.
Nina sabia estar pisando em gelo fino. Podia ver a suspeita crescendo nos olhos dele.
— Este trabalho é importante para você? — ele finalmente perguntou.
Nina olhou para a menina adormecida dentro do carro.
— Não tanto quanto Geórgia — murmurou. Marc respirou fundo e abriu a porta do carro para ela.
— Entre. Conversaremos sobre isso depois.
Nina entrou e ajustou o cinto de segurança, imaginando se tudo estava arruinado. Esperava que não, pois seria doloroso deixar de ver a sobrinha.
Ficou em silêncio durante o trajeto, perguntando-se como manteria o disfarce. Quando ergueu o rosto notou que se aproximavam de uma imponente mansão num bairro privilegiado.
— Está é sua casa?
Marc a fitou por tanto tempo que Nina imaginou ter cometido outro deslize. Sempre imaginara que ■■li tJÊjká ÉHh ^nmm^ ^,
Nadia encontrasse André em hotéis, mas talvez ela também o tivesse visitado em casa. naquela casa.
— Não se lembra de ter vindo aqui? Ela tentou disfarçar o nervosismo.
— O lugar me parece familiar. Marc apertou a boca de raiva.
— Sua memória é muito conveniente, Nina. Você simplesmente apaga as coisas que não gosta de lembrar. — Saiu do carro e deu a volta para lhe abrir a porta, ainda furioso. — Pois deixe-me lembrá-la. Você esteve aqui na noite anterior à morte de André, batendo na porta e causando seus transtornos de sempre. Só Deus sabe onde você deixou Geórgia. Meu irmão não teve escolha senão deixá-la entrar, e você logo tentou seduzi-lo. — Os olhos escuros faiscavam de raiva. — Lembra agora?
Nina não sabia o que responder.
— Posso fornecer mais detalhes se quiser — ele acrescentou. — Ou já começou a lembrar de tudo sozinha?
— Não precisa dizer o quanto minha forma de agir foi abominável — ela disse, baixando o olhar. — Eu estava. abalada e sozinha, e não sabia a quem recorrer.
Marc a observou em silêncio, imaginando se estava sendo muito duro. Muitas coisas nela o confundiam. Quando achava que tinha compreendido quem ela era, Nina fazia algo que contradizia completamente suas conclusões. Começava até a questionar as coisas que seu irmão contara, imaginando que André teria feito uma descrição pior que a real para se isentar dos erros que cometera.
Ter um bebê sem o apoio de um pai era sem dúvida uma experiência preocupante e, embora o comportamento de Nina tivesse sido insultante, parte de Marc queria encontrar uma desculpa que o poupasse de odiá-la tanto. Mal fazia quatro meses que dera à luz; podia estar sofrendo de algum desequilíbrio hormonal. Era intrigante que pudesse ser tão fútil num momento e tão devotada à filha no instante seguinte. Na verdade, ela era uma mãe maravilhos ...

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