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... carro, mas sempre desviava o olhar quando o via, as bochechas ficando levemente rosadas.
Observou-a enquanto dirigia até o aeroporto, franzindo a testa ao ver como ela parecia inquieta.
A lembrança da intimidade partilhada na noite anterior o atormentava constantemente, a sensação do corpo dela, a boca macia, os soluços por ter agido com ímpeto demais.
Tivera tanta certeza de que seria capaz de resistir, mas no fim foi impossível. Mesmo que o irmão a tivesse descartado, Marc sabia que não seria fácil seguir o exemplo. Apesar de tudo o que sabia sobre ela, não conseguia tirar Nina de sua mente. Cada pensamento seu era voltado para ela; mesmo dormindo era assombrado por ela.
N�  o conseguia compreender Nina. Se era mesmo o tipo de mulher que o irmão descrevera, por que evitava seu olhar? Estava confuso desde a noite anterior. Nada fazia sentido. Sabia que as pessoas podiam mudar, mas a mudança de Nina desafiava todas as possibilidades.
— Pelo seu silêncio, presumo que não está animada com a viagem — ele disse depois de prolongado silêncio.
Nina vasculhou a bolsa aos seus pés e entregou a Marc o cheque que ele lhe deixara pela manhã, os olhos comunicando sua raiva. Marc olhou para o cheque por um instante. Seria um truque?
Viu o quanto ela parecia ressentida.
— Lamento pela noite passada. A viagem será ainda mais desagradável se não aceitar meu pedido de desculpas.
— Aceito as desculpas — ela retrucou. — Só não aceito seu dinheiro.
— Não sei por que está zangada. Foi uma aposta honesta. Eu perdi e paguei. Ou talvez você esteja zangada por ter concordado com um valor tão baixo? — Ele sorriu ligeiramente. — Quer que eu triplique o valor para aplacar sua ira?
Nina desviou o rosto, os olhos brilhando com lágrimas de raiva.
— Ora, Nina! Já foi paga por seus encantos antes. André me disse o quanto você adorava receber jóias por seus favores. Afinal, esta é a moeda universal das amantes. Não há motivo para se fingir afrontada; não estaria sendo você mesma.
Não, Nina pensou com pesar. Certamente não estava sendo ela mesma.
Pouco tempo depois, Nina estava parada ao lado de Marc, esperando pelo pior. Tinha "esquecido" a certidão de nascimento de Geórgia. Caso alguém pedisse outro documento, não saberia o que fazer. Felizmente ninguém pediu nada. Foram liberados como se fossem um casal comum viajando com a filhinha. O jatinho de Marc em nada se parecia com o avião no qual Nina viajara anteriormente. Sentou-se num assento luxuoso enquanto Marc acomodava Geórgia ao lado dela, a equipe oferecendo assistência e perguntando se tudo estava ao seu gosto.
Enquanto o jatinho taxiava, Nina fechou os olhos, o pânico fazendo-a suar.
Sentiu a mão de Marc segurar uma das suas, o toque quente de seus dedos incrivelmente tranqüilizador. Abriu os olhos e encontrou o olhar dele. Encabulada, preferiu olhar para as mãos.
— Sei que é tolice, mas não consigo evitar. Marc apertou de leve os dedos dela.
— Feche os olhos e tente dormir. Antes que perceba, já teremos chegado.
Ela fechou os olhos para dormir, mas, embora exausta, era impossível ignorar o fato de Marc estar sentado tão perto dela. Podia sentir a fragrância do pós-barba e, sempre que ele se mexia, sentia o leve toque do braço forte contra o dela.
Notou que Marc lhe deu algumas olhadas, com ar pensativo, o que a deixou incomodada. Será que estava suspeitando dela?
A Villa Marcello ficava a pouca distância de Sorrento, no topo de uma colina com vista para a baía de Nápoles, os arredores tomados por oliveiras e videiras que cresciam viçosas entre alamedas de limoeiros e laranjeiras. O palacete não era velho, mas fora construído no estilo clássico e era cercado por pátios pavimentados com pedra e belos jardins.
Nina segurava Geórgia enquanto Marc a guiava pelo cotovelo em direção à porta de entrada, onde uma empregada conversava animadamente com Lúcia, que seguira na frente.
Lúcia entrou e a pequena italiana com quem ela conversava curvou a cabeça respeitosamente para o patrão.
— Buon giorno, Signore Marcello. Seu pai está esperando no salon.
— Grazie, Paloma.
Paloma se voltou para Nina, mas em vez da recepção fria que Nina esperava, a mulher sorriu calorosamente.
— Seja bem-vinda, Signora Marcello. Meu inglês não é muito bom, mas tentarei ajudá-la no que puder.
— Você é muito gentil — Nina respondeu. — Grazie.
Marc a conduziu para dentro do palazzo, os passos ecoando no piso de mármore. Outro empregado esperava do lado de fora do salon e abriu a porta quando eles se aproximaram.
Os olhos de Nina logo se depararam com o homem sentado numa cadeira de rodas próxima a um grande sofá.
— Papai. — Marc se inclinou para beijar as faces do pai. — É bom vê-lo.
As mãos de Vito Marcello agarraram as laterais da cadeira de rodas quando Marc trouxe Nina para perto.
— Papai, esta é Nina. E esta é sua neta, Geórgia.
Nina estendeu a mão para Vito, mas ele a ignorou. Seu olhar estava concentrado no bebê em seu colo. Havia um brilho de lágrimas nos olhos dele, o queixo tremia ao esticar a mão nodosa para Geórgia.
Geórgia exibiu um sorriso, as mãozinhas segurando a dele.
Nina teve que lutar contra as lágrimas. Colocou a menina no colo do avô e recuou, procurando discretamente por um lenço. Notou o olhar penetrante de Marc, então fingiu-se interessada na vista da janela.
— Ela é tão parecida com André. e com sua mãe. — Vito falou em italiano, a voz embargada de emoção.
Nina viu como Marc parecia querer engolir as emoções que o comentário do pai evocavam.
— Finalmente fez uma coisa certa, Marc — o pai continuou falando na própria língua. — Sei que não queria estar casado com uma mulher dessas, mas isso logo terá fim. Já procurei aconselhamento. Quando for o momento, não será difícil tirar a criança dela.
Nina se esforçou para não revelar que o compreendia.
— Papai, pre ...

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