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... , então ela também conseguiria. de alguma forma.
Mordiscava uma unha enquanto considerava suas opções. Não seria fácil. mal poderia pagar uma creche com seu atual salário na biblioteca.
Olhou para a menina adormecida, o peito se apertando dolorosamente ao pensar que jamais veria sua pequena sobrinha novamente.
Não. Simplesmente não podia permitir que sua irmã levasse a idéia adiante.
Ela seria a mãe de Geórgia.
Ninguém lhe tomaria a sobrinha.
Ninguém.
Marc Marcello franziu a testa quando a secretária informou que seu pai estava na linha, ligando da Villa Marcello, em Sorrento, na Itália.
Pegou o telefone e, girando em sua cadeira de couro, olhou para o vasto cenário do Porto de Sidney.— Marc! Você precisa fazer alguma coisa a respeito daquela mulher imediatamente! — Vito Marcello despejou num rápido italiano.
— Está falando daquela amante de André? — Marc respondeu pacientemente.
— Pode ter sido amante, mas é mãe da minha única neta! — Vito resmungou.
Marc enrijeceu na cadeira.
— Por que tanta certeza assim de repente? André se recusou a fazer o teste de paternidade; disse que sempre usou proteção.
— Pode ser, mas agora tenho motivos para acreditar que a tal proteção falhou.
Marc franziu a testa e virou a cadeira novamente para a escrivaninha, o súbito baque no coração deixando-o em silêncio por um instante.
— Tenho uma carta aqui na minha frente com uma foto da criança. — A voz de Vito tremia um pouco. — Ela é idêntica a André nesta idade. É filha de André, tenho certeza.
Marc apertou os lábios enquanto lutava para manter suas emoções sob certo controle. A morte do irmão o deixara devastado, mas pelo bem de seu pai, em fase terminal, conduzira os negócios da família sem um único soluço. A filial do banco de investimentos Marcello em Sidney estava em expansão, e Marc pretendia manter o extenuante ritmo de trabalho que adotara para bloquear a dor pela perda do irmão.
— Papai. — A voz soou profunda e áspera. — É difícil acreditar.
— Precisamos pegar esta criança — o pai insistiu. — Ela é tudo o que nos resta de André.
Um tremor de inquietação tomou Marc ao ouvir o tom determinado do pai.
— Como pretende fazer isso?
— Da maneira de sempre — o pai respondeu com indisfarçável cinismo. — Se oferecermos dinheiro, ela fará tudo o que quisermos.
— Quanto dinheiro pretende gastar nessa sua missão?
Vito citou uma cifra que fez Marc encostar os ombros largos novamente na cadeira.
— É bastante dinheiro.
— Eu sei — concordou o pai. — Mas não posso correr o risco de ela recusar a oferta. Depois da resposta que dei à carta anterior, ela pode querer se vingar e nos negar a menina.
Marc lembrava-se do conteúdo da carta. Seu pai tinha lhe enviado uma cópia por e-mail, e a mensagem não fora nada lisonjeira. Podia bem imaginar a tal Selboume jurando vingança, especialmente se o que ela dizia era verdade
— André era o pai da menina.
Conhecia bem a reputação de Nadia Selboume, mesmo sem conhecê-la pessoalmente. Contudo, tinha visto algumas fotos que exibiam uma bela mulher de longos cabelos loiros e olhos cinzentos. Tinha o tipo de corpo que não só fazia os homens virarem a cabeça, como também fazia certa parte da anatomia masculina se exaltar numa velocidade impressionante. O irmão ficara completamente abobalhado até a verdadeira personalidade de Nadia aparecer. Ainda recordava o sarcástico relato de André sobre a reação dela ao ser informada de que o curto e ardente relacionamento tinha chegado ao fim. Ela o perseguira por meses, atormentando-o incansavelmente.
Mas, de certa forma, pensar no sangue de seu falecido irmão correndo nas veias da filha dela mexia com Marc de maneira inesperada.
— Marc. — A voz desesperada do pai interrompeu suas reflexões. — Precisa fazer isso. É uma questão de honra familiar. André teria feito o mesmo por você.
Era difícil para Marc se imaginar envolvido nos tipos de desastre que seu irmão mais novo costumava arranjar na vida, mas não adiantaria discutir isso agora. Seu pai já tinha sofrido demais; tinha perdido o filho amado.
Não era segredo na família Marcello que André era o favorito do pai. A natureza alegre e a personalidade charmosa tinham conquistado a todos desde o dia do nascimento, deixando Marc, com seu temperamento mais sério, esquecido.
Franziu a testa ao pensar no plano do pai. Como convenceria aquela mulher a lhe entregar a criança? Ela pegaria o dinheiro e desapareceria, ou insistiria em algo mais formal? Tal como.
O estômago deu um nó ao lembrar do irmão contando da incansável busca de Nadia Selbourne por um marido rico.
Claro que o pai não esperava que ele fosse tão longe!
Até o momento, Marc conseguira ignorar a pressão do casamento, embora tivesse chegado bem perto de se casar alguns anos antes. Mas tudo acabou mal, e ele decidiu evitar qualquer envolvimento emocional mais profundo desde então. Marc concluíra que mulheres não eram confiáveis quando havia dinheiro envolvido. E na família Marcello havia muito dinheiro. Além disso, André vivia anunciando que se casaria cedo e perpetuaria a dinastia da família com seus vários herdeiros.
O coração ficou apertado ao pensar na menininha de cabelos escuros e olhos castanhos — olhos que um dia se tornariam travessos, como os do pai em seus breves trinta anos de vida.
— Fará isso? — Vito o pressionou. — Fará isso por mim e sua falecida mãe?
Marc fechou bem os olhos. Mencionar a mãe sempre o afetava profundamente. Não se esquecia daquele último dia, a maneira como a mãe sorriu e acenou para ele antes de ser atirada no caminho de um carro.
Marc ainda acreditava que a mãe talvez estivesse viva se tivesse sido honesto sobre o motivo de seu atraso. Tinha atendido às súplicas do pai, mas a culpa ainda era como uma corrente presa ao seu pé, oprimindo-o impiedosamente com seu peso.
Quando o ...

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